Luka e o Fogo da Vida

Luka e o Fogo da Vida Salman Rushdie




Resenhas - Luka e o Fogo da Vida


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Biblioteca Álvaro Guerra 17/02/2023

Luka Khalifa precisa salvar a vida de seu pai, um contador de histórias famoso por toda a Índia. Um feitiço pôs o velho Rashid para dormir e o único jeito de quebrá-lo é aventurar-se pelo mundo mágico e trazer de lá o Fogo da Vida.
Neste romance cheio de ação, para jovens de todas as idades, o indiano Salman Rushdie mistura humor e inteligência para declarar novamente sua paixão pela capacidade humana de se entregar à fantasia.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535917161
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Watari 19/02/2022

Como um game
Luka viveu uma saga que, creio, quase todo menin@ gostaria de experimentar. Ele passa por várias fases de uma aventura para tentar conseguir manter o bem mais precioso que tem. Rushdie é um excelente escritor, suas histórias fantásticas cativam porque, muito bem escritas, tem algo a dizer que subjaz ao enredo - em outras palavras: uma história para jovens que nos (mesmo adultos) oferece algo em que refletir.
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Lílian 22/09/2012

DL 2012 - Setembro
A proposta de leitura para o mês de setembro no DL contempla " mitologia universal". Sem dúvida, é o gênero que tenho menos familiaridade e assim, inevitalmente, dei uma espiada nas listas dos participantes. Li várias sinopses da obra de Rick Riordan e não fiquei nem um pouco interessada. Por fim, encontrei a lista da Gabriela, do Quinas e Cantos, e a menção à esse " Luka e o fogo da vida" do Salman Rushdie e resolvi investir. Foi uma ótima escolha. Uma história singela de um garoto de 12 anos, Luka Khalifa, que se aventura no mundo da Magia em busca do fogo da vida, na esperança de salvar seu pai, Rashid, um famoso contador de histórias. A obra é repleta de referências às mitologias gregas, egipcías, entre outras, e consegue equilibrar boas e inteligentes doses de humor com passagens tristes e bucólicas. Uma leitura que, sem dúvida, tem tudo para agradar adultos e crianças!.
Viquinha 29/09/2012minha estante
Parece-me uma dica bacana. Eu gosto da temática e espero gostar desse livro também.


Raquel 25/11/2016minha estante
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Helder 31/08/2012

Livro para crianças eruditas
Gostei bastante deste livro por acha-lo extremamente inteligente, bem bolado e moderno, mas são tantas citações que me pergunto se este livro tinha um publico alvo.
O livro conta a estória de Luka, um menino de 12 anos que fica deslumbrado com o circo que chega na cidade, porém seu pai não permite que ele vá ao circo, pois este tem animais vivos. Lukas tb fica inconformado com isso e roga uma praga ao circo. Esta praga faz com que os animais se revoltem e fujam do circo. Inconformado com isso, o dono do circo joga uma praga no pai de Lukas que vai morrendo aos poucos. Começa ai a aventura de Luka, que descobre que precisa ir ao mundo da magia criado pela cabeça de seu pai para buscar o Fogo da Vida, que é protegido pelos Tempos Presente, Passado e Futuro e por Deuses de diversas mitologias.
Esta aventura é dividida em niveis, com direito a ganho de créditos e perdas de vidas.
A estória é extremamente infantil, e eu acho que eu teria curtido muito le-lo quando tinha meus 12 anos, pois descreve mundos fantásticos iguais aos filmes que vi qdo tinha essa idade (História sem fim, A Lenda, Labirinto).
Mas por outro lado, ele mistura tantas informações que acho que só hj beirando os 40 é que consigo captar. E nem sei se todas são verdadeira, mas me parece que Rushdie fez um apanhado de todo o folclore mundial, e misturou tudo com video games, entao temos tapetes magicos que nós levam aos contos das mil e uma noites, dragões que nos remetem a literatura fantastica tão em moda nos ultimos anos e até pó de mico que caiam tão bem na literatura de Monteiro Lobato. Isso sem contar aos contadores de vidas e aos botoes de salvar fases.
No fim não consegui concluir se vale a pena começar a ler a estória para meu filho dormir quando ele tiver uns 6 anos, se deixo para ele ler com 12, ou se indico para ele quando ele já tiver mais cultura e idade.
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thaisbohn 26/09/2011


Odiei.

Aquela brisa doida que faz lembrar um pouco os filmes do Tim Burton.

Iac.
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Anica 22/05/2011

Luka e o Fogo da Vida (Salman Rushdie)
Vinte anos após a publicação de Haroun e o Mar de Histórias, Salman Rushdie publica o que seria uma continuação desse primeiro livro, Luka e o Fogo da Vida. De fato, personagens do primeiro livro reaparecem, mas como o foco desta vez é o caçula do contador de histórias Rashid Khalifa, o que temos é uma obra que pode ser lida de forma independente sem apresentar qualquer dificuldade de compreensão.

Luka e o Fogo da Vida foi escrito para o filho mais novo de Rushdie, e assim voltado para o público infantojuvenil. Mas é o típico caso de livro escrito para um público mas que pode agradar todo tipo de leitor, porque resgata não só a magia de histórias já conhecidas (sejam de mitologias milenares, seja do imaginário da cultura pop), mas também a estrutura básica dos contos populares, dando aquela sensação de familiaridade com o texto que permite para quem o lê simplesmente se deixar levar pela história, seduzido página após página pelo mundo encantado criado por Rushdie.

O enredo é bastante simples: como vingança por uma maldição de Luka, um dono de circo amaldiçoa seu pai, fazendo com que ele passe a dormir profundamente e vá morrendo aos poucos. Luka então tem a oportunidade de entrar no Mundo Mágico, onde com a ajuda de diversas personagens buscará o Fogo da Vida, que permitirá que seu pai acorde. O livro todo tem uma forte ligação com os video games, incluindo save points e o conceito de fases, que Luka passa pouco a pouco, sempre encontrando novas personagens e ganhando o auxílio de outras tantas.

Mas o interessante é observar que buscando um artifício que encante as gerações modernas de crianças (no caso, o video game), Rushdie volta assim ao mais tradicional meio divertir e chamar a atenção de jovens, que é o conto popular. Se formos tomar as funções do conto popular como propostas por Vladimir Propp, conseguimos encontrar quase todas elas em Luka e o Fogo da Vida. Isso fica bem claro se observarmos um resumo dessas funções de acordo com Nelly Novaes Coelho1 :

1. Uma situação de crise ou mudança: é o desequilíbrio da normalidade que criará o desafio para o herói, ou ainda, como sugere Propp, o nó da intriga do conto.

2. Aspiração, desígnio ou obediência: quando o desafio que surge com a situação de crise ou mudança é aceita pelo herói.

3. Viagem: marcando a movimentação do herói para um ambiente que não lhe é familiar.

4. Desafio ou obstáculo: para que volte à normalidade realizando o desafio que o faz iniciar a viagem, o herói deve enfrentar dificuldades.

5. Mediação: trata-se do surgimento de um auxiliar mágico, natural ou sobrenatural, que ajudará o herói a vencer.

6. Conquista: quando o herói finalmente vence o desafio original.

Esta estrutura se repete em diversos de contos através dos séculos, e Rushdie sabiamente empresta esta estrutura, mesclando assim aos conceitos modernos envolvendo video games, mitologia antiga e referências da cultura pop, de modo a criar uma divertidíssima história que é simplesmente impossível de largar, independente de qual for a idade do leitor. Com uma narração deliciosa marcada por jogos de palavras bem sacados (o nome da cópia do pai de Luka em inglês, por exemplo, é Nobodaddy, mistura de papai com ninguém) e diálogos muito inteligentes, o autor utiliza um verdadeiro caldeirão de informações para preparar ali sua história.

Luka e o Fogo da Vida é encantador porque resgata o prazer da leitura da fantasia da mais alta qualidade, de se deixar levar por um rio de histórias e personagens incríveis que só conheceremos em um gênero fantástico. Ele nos alerta também para como dia após dia estamos deixando tudo isso de lado, e como a Magia está se apagando do universo, como é dito por uma das personagens:

“We aren’t needed any more, or that’s what you all think, with your High Definitions and low expectations. One of these days you’ll wake up and we’ll be gone, and then you’ll find out what it’s like to live without even the idea of Magic.”

Por isso entre tantos livros que representam a realidade, é bom de vez em quando se perder no Mundo Mágico como o criado pelo escritor, para lembrar que precisamos sim de uma dose de magia em nossos dias, para torná-lo mais doce e divertido como a prosa de Salman Rushdie neste imperdível Luka e o Fogo da Vida.
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Núbia Esther 23/04/2011

Não há como não comparar a aventura de Luka com a de seu antecessor Haroun, tanto pelo fato dos dois serem irmãos quanto pelo fato de ambas as histórias envolverem de certa forma o pai deles, Rashid. Se você já leu Haroun e o Mar de Histórias vai entender meu comentário. Dezoito anos se passaram desde a aventura de Haroun, a família Khalifa vivia feliz, mas mais uma vez a conexão com o mundo mágico será estabelecida e o aventureiro desta vez será Luka. As histórias de Rushdie continuam cheias de cor e som, mas na de Luka um acréscimo é feito; como bom aficionado por jogos de videogame, Luka vê sua aventura se transformar em um. Se com Haroun nós desbravamos o Mar dos Fios de Histórias, com Luka nos enveredamos pelo mundo mágico tecido por Rashid com os fios provenientes desse mar.


Luka como já lhes disse é o irmão mais novo de Haroun, o garoto tem dois animais de estimação, o urso chamado Cão e o cão chamado Urso. E a história começa com a forma como Urso e Cão foram parar na casa dos Khalifa. Certo dia, o circo GRIF do Capitão Aag chegou à cidade de Luka. Acontece que os animais eram maltratados neste circo e Luka, revoltado, rogou uma praga ao capitão durante o desfile do circo pela cidade. Acontece que a maldição de Luka funcionou… Urso e Cão fugiram e foram parar na casa dos Khalifa, foi assim que Luka os “ganhou” e foi assim que Luka “adentrou” o mundo mágico:

“Você chegou a uma idade em que as pessoas desta família atravessam uma fronteira e entram no mundo mágico. É a sua vez de ter uma aventura é sim, chegou a hora afinal! – e parece que você já começou alguma coisa…”

E começou mesmo! O Capitão Aag com raiva do garoto decide vingar-se e fez Rashid cair em um sono profundo, um sono que deixa Rashid cada vez mais fraco e que culminará em sua morte. Para salvar seu pai Luka precisa ir atrás do Fogo da Vida que brilha no alto da Montanha do Conhecimento. Como num jogo de videogame Luka vai ganhando e perdendo vidas pelo caminho, enquanto enfrenta e conta com a ajuda de seres mágicos criados e mantidos vivos pela imaginação do seu pai.

A aventura de Luka é rica em elementos atuais e conta com muitas referências à filmes, livros e videogames. Mario, Sonic, Star Wars, De volta para o futuro, Nárnia, Senhor dos Anéis, Alice e o Exterminador do Futuro são algumas dessas referências. Além delas, Rushdie utilizou-se de recursos narrativos para transmitir ao leitor as sensações que Luka está vivendo. Um bom exemplo é a parte que ele descreve o Redemoinho Inescapável e o traiçoeiro El Tiempo, a repetição dos acontecimentos te deixa angustiado, preso no tempo exatamente como Luka estava quando atravessava esta fase. O autor também dá uma verdadeira aula de mitologia, estão presentes no mundo mágico deuses gregos, romanos, egípcios, sumérios, japoneses, polinésios, americanos, além de várias criaturas mitológicas como ciclopes, esfinges, basiliscos, grifos, valquírias…

Uma aventura rica em cor, aroma e magia narrada com primazia por Rushdie. Para os aventureiros de plantão e amantes da fantasia é uma história imperdível. Se Haroun me conquistou pela simplicidade, enganosa, de sua aventura. Luka me cativou com a mistura cultural e a riqueza dos elementos intertextuais nas suas viagens.

[Blablabla Aleatório]-http://feanari.wordpress.com/2011/01/30/luka-e-o-fogo-da-vida-salman-rushdie/
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Andreia Santana 28/08/2010

O fogo da vida que queima no mar das ideias
Haroun e o mar de histórias é uma metáfora escrita por Salman Rushdie em 1990, como forma de explicar ao seu filho o que significou para ele a Fatwa (sentença em que o aiatolá Khomeini pedia a morte do autor por blasfemar contra o Islã em seu livro mais famoso, Os versos satânicos, e que resultou em censura da obra e uma imposição de silêncio a Rushdie). Vinte anos depois de não apenas dar uma aula sobre liberdade de expressão ao filho, mas revolucionar a própria forma de escrever para crianças, o escritor está de volta com a continuação da história, Luka e o fogo da vida, lançado recentemente no Brasil pela Companhia das Letras e divulgado em primeira mão no país, pelo próprio autor, na FLIP 2010 (Festa Literária Internacional de Paraty).

Ambientado em um intervalo de tempo de 18 anos após a primeira história, Luka e o fogo da vida resgata o tema da liberdade de expressão, mas desta vez, com o autor livre da Fatwa (embora extremistas islâmicos ainda ameacem o escritor), o foco é o politicamente correto dos tempos pós-contemporâneos. Luka, o personagem-título da continuação, é o irmão mais novo e temporão de Haroun, agora um homem de 30 anos, e personagem principal da obra anterior. Ler uma sem ler a outra é perder o contexto sobre o qual Salman Rushdie tece a sua teoria sobre a origem do hábito humano de contar histórias e criar mitos para explicar o inexplicável: de onde viemos e quem somos nós?

Reconhecido internacionalmente pela mistura de ficção - bebe com frequência em antigos mitos hindus -, com a realidade e o conflito de ideias e modos de vida entre Oriente e Ocidente (Rushdie é um britânico de origem indiana, criado em Mumbai), o autor não é dos mais fáceis de ser lido nos seus livros para adultos, pois subverte a lógica linear da narrativa a que muitos leitores estão habituados e constroi tramas tão intrincadas que é fácil se perder no labirinto do presente, passado e futuro, realidade ou fantasia. Mas a complexidade do escritor, quando transposta para o universo infanto-juvenil, faz todo o sentido aos apreciadores da literatura, em qualquer idade.

Mesmo quem nunca leu uma das obras adultas de Rushdie, como a tríade magistral formada por,Os versos satânicos, O chão que ela pisa e O último suspiro do mouro, encontrará facilidade em embarcar nas aventuras de Haroun ou na de seu irmão Luka.

Embora filosofe sobre o mesmo tema e mantenha o tom de declaração de amor aos mitos criados pela humanidade ao longo dos milênios para se autoexplicar, Salman Rushdie mostra em Luka que continua sendo um intelectual conectado ao presente e que está mais do que plugado aos novos tempos e à exigência dos leitores de vinte anos depois do primeiro livro. Se Haroun traz uma certa nostalgia de fogueiras e rodas de contação de histórias ao luar, fazendo os pais suspirarem pelas suas infâncias deixadas para trás, no limbo da memória, Luka é um fôlego novo, ágil e totalmente em ritmo de videogame. Aliás, a aventura do garoto em busca do fogo da vida que pode salvar o mundo real e o da fantasia de uma destruição iminente, é toda narrada em níveis e fases, como os jogos que a turma de agora costuma encarar no computador. Luka, inclusive, precisa lembrar-se de salvar cada conquista ao pular de um nível ao outro, além de perder ou ganhar vidas conforme avança nas jogadas, como num grande game.

A influência da cultura pop na obra de Rushdie não é novidade, mas a forma como ele encaixa essas referências em suas obras, fazendo um casamento perfeito entre a modernidade e a tradição, é característica do estilo de sua narrativa, que oscila entre a pura poesia e a capacidade de dizer verdades inconvenientes e amargas com a força de um soco no estômago e a doçura de uma canção. Em Luka, essa verdade incômoda é a morte que ronda o pai do personagem, o grande Mar das Ideias, ou Xá do Blá Blá Blá, Rashid Khalifa, o maior contador de histórias do imaginário país de Alefbay, onde se desenvolve a trama.

Enfeitiçado pelos Aalins (os senhores que controlam o tempo), Rashid precisa comer um pouco do fogo da vida para recuperar-se. Caso Luka fracasse na sua aventura, será o fim do mundo de fantasia criado por seu pai e as consequências chegarão até a realidade fora dos livros, com o comprometimento de todas as histórias conhecidas pela humanidade. E aqui, Rushdie nos brinda com a teoria de que não somos nada mais, nada menos do que palavras, “um oceano de conceitos” traduzido e tornado real a partir do ato de recebermos um nome ao nascer ou de nomearmos cada coisa no ambiente que nos cerca.

Qualquer semelhança com “e o verbo se fez carne” bíblico, não é mera coincidência. Até porque, boa parte do que está na bíblia cristã (no novo testamento, principalmente) já se encontrava nos Vedas indianos séculos antes de Cristo.

Na sua jornada, Luka tem como companhia um urso e um cachorro falantes e o fantasma da morte que absorve a vida de Rashid e a quem o menino chama de Ninguémpai. Seu conhecimento do mundo mágico do Xá do Blá Blá Blá é todo teórico, baseado nos relatos de Rashid e na aventura vivida por seu irmão Haroun 18 anos antes. Uma vez que atravessa a fronteira, sai da realidade e entra no mundo da ficção, Luka se depara com uma jornada típica do reino de Oz, onde não faltam cidades e personagens exóticos e uma espécie de retiro para deuses aposentados (aqueles que deixaram de ser cultuados pela humanidade), onde convivem às turras divindades do Egito, Pérsia, Grécia, Roma, das Américas, países nórdicos e orixás africanos.

O interessante a observar é que o personagem é canhoto e, sentindo-se inadequado em um mundo planejado para quem vive à direita (ou seja, os destros), sonha com um país ao contrário, uma espécie de eldorado dos canhotos, onde o esquerdo é que assume o status de correto. Uma advertência de seu irmão Haroun, “cuidado ao pegar a senda da esquerda”, é figura de linguagem perfeita para criticar o radicalismo de certos movimentos políticos e sociais.

Usando os Aalins como a grande metáfora para a censura que tenta impedir o fluxo do mar de histórias de jorrar, Salman Rushdie analisa o mundo atual e chega á conclusão de que a patrulha ideológica do politicamente correto e as imposições de regimes políticos totalitários (de esquerda e direita) que readquiriram força neste começo de século XXI (principalmente no Oriente), são os grandes responsáveis por automatizar ações e sentimentos, desumanizando as pessoas e tornando-as espectros, como o Ninguémpai. O contraponto aos rígidos senhores do tempo é a Insultana de Ontt, personagem feminina de destaque na trama e no desfecho da jornada de Luka. Rainha de uma terra de livre expressão, a Insultana lança mão do humor e do deboche como armas contra qualquer forma de tirania.

Com este pequeno libelo à liberdade, são 208 páginas, o autor quer ainda ensinar aos mais novos e relembrar aos mais velhos que o humor também é um santo remédio para os males do tempo. Parece um conselho pueril, mas quem tenta rir de si mesmo até nas situações mais críticas, vai entender...

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P.S.: A reportagem acima foi originalmente escrita e publicada em 28/08/2010, no Caderno 2+, suplemento cultural do jornal A TARDE, em Salvador, onde sou colaboradora.
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