spoiler visualizarturtleGraciosa 11/07/2023
Diretamente de Bagdá
Eu já terminei o livro, mas as palavras sempre me fugiam quando eu buscava transcrever minhas impressões sobre esse fantástico romance. Nada que eu escrevia me parecia realmente muito bom, ora eu falava demais ora eu falava de menos e é bem provável que isso também não esteja como eu idealizava. Entretanto esses são os meus dois dedinhos de proza sobre a fantástica história de "O Homem que Calculava".
Para começar, o mal que me atormenta definitivamente não é o mesmo mal que atordoam os nossos protagonistas. Todos são exímios contadores de história e, mais do que isso, são excelentes ouvintes (mas eu comentarei isso mais afundo depois). O Bagdali, o nosso narrador, que na verdade se chama Hank Tade-Maiá, prende-te na história mesmo quando não aparece nenhum quebra cabeça mirabolante. Mais do que só observar a mente inquietante de Beremiz Samir, ele observa a sua terra, sua cultura e nos fala de suas maravilhas, seus belos jardins, sua arquitetura e suas cafeterias cheias de mentes igualmente geniais. Bagdá *era* uma cidade espetacular, um berço cultural, como nosso narrador a refere, e você como receptor quase se sente pertencente aquela gente, quase chora no último capítulo quando a introdução nos revela que em 1258 a cidade foi cruelmente saqueada e que os livros foram atirados aos tigres e os manuscritos pisoteados na lama.
Apenas quase...
Mas eu estou me adiantando de novo rs. Eu ainda pretendo falar de algumas coisas interessantes que eu vi por fora e como Beremiz Samir é um maestro coordenando a nossa imaginação com as suas histórias. Foi incrível quando ele começou a dar aula para a jovem Temessim, alí você vê a sutileza da linguagem de Malba Tahan, porque uma coisa que me preocupava quando escolhi esse livro era que o ritmo dele fosse pedante, já que, apesar de se tratar de um livro infantojuvenil, ainda era um livro sobre matemática e esse não é um tema do qual estou acostumada.
Mas Beremiz Samir não nós aborrece. Por mais genial que ele seja, ele tem uma simplicidade incrível em nós explicar o que antes parecia impossível de se entender. Literalmente, parece que ele pega na sua mão (e na mão de todos os personagens) e fala "calma, meu filho, deixa eu te explicar" como um verdadeiro professor e você como um aluno escuta. Aliás, esse é um outro ponto que eu gostaria de falar: Escutar.
Escutar, ouvir, observar e todas as palavras possíveis para simplesmente dizer que os personagens de O Homem que Calculava, e você como leitor também adquiri esse hábito, absorvem todo o conhecimento que o Beremiz Samir tem para oferecer. Por isso digo que ele é um maestro, ele não se apoia em livros ou fórmulas complicadas para explicar a beleza da matemática e a sua sutileza. Não, ele conta sua história! E a aplica no dia a dia com uma linha de raciocínio impressionante, conta pequenas curiosidades que para alguns (e isso é mostrado 3 vezes no livro) parecem inúteis, mas você deixa a ignorância de lado e escuta o que Beremiz Samir tem para dizer, você também passa a ter a curiosidade e toma a ação de resolver, ou tentar resolver, os quebra cabeças que vão aparecendo. E acredite, são muitos! Um dos motivos pelos quais não conseguia largar o livro era isso.