carlosmrocha 26/07/2012
Um bom começo para uma série
O livro conta a jornada do mago Ged, nascido na ilha de Gont da terra fantástica conhecida como Earthsea. É profetizado por outro mago, que Ged viveria para tornar-se o maior mago nascido em Gont. Ele vive num arquipélago cujas ilhas possuem poucos magos e estes são desejados e honrados por seus habitantes. Estes contam com a ajuda dos magos para lidar com questões cotidianas e até com problemas mais sérios, como ameaças trazidas por criaturas fantásticas como dragões, etc.
Não é um livro de muitos personagens, de trama intrincada ou épica, no sentido em que o que está em jogo não é o destino do mundo, mas sim o destino do protagonista. O leitor acompanha algumas fases da vida do jovem mago numa jornada cada vez mais pessoal e psicológica. Na medida em que avança a narrativa, este enfrenta uma série de desafios de autoconhecimento até cumprir seu destino como Arquimago da ilha de Roke, local onde há uma escola de magos na qual o próprio Ged estuda.
Uma das coisas interessantes no livro está relacionada à forma que a autora constrói o “sistema de magia”, ou seja, a lógica por trás do funcionamento da magia e o papel que os magos cumprem naquela sociedade. A magia, neste universo, está relacionada ao conhecimento do nome verdadeiro das coisas. Apenas após conhecer o nome verdadeiro de algo o mago consegue poder sobre tal objeto, seja ele um animal, coisa, dragão ou mago. Sendo assim, o nome verdadeiro dos magos, também é algo precioso e guardado muito bem por estes.
A narrativa é lenta e de certo modo contemplativa. Num certo momento, ainda no início do livro, chega a despertar uma pontada de tédio. Mas se o leitor persistir chegará finalmente ao conflito central da história, que demora um pouco a surgir. E depois disso, o clima e ritmo do livro mudam bastante. A história muda do acompanhamento da evolução de Ged como mago, sem muitos conflitos, para uma perseguição implacável que Ged sofre. O clima fica mais tenso na medida em que agora Ged luta por sua sobrevivência e precisa fazer uma jornada difícil e praticamente sem ajuda para confrontar não apenas uma criatura das trevas, mas também as próprias trevas que residem dentro de si. Para vencer as trevas, ele precisa mudar a si mesmo, superar suas falhas morais e encontrar a luz que lhe possibilitará confrontar as sombras.
É o primeiro de uma série (há também alguns contos do universo de Earthsea). Os livros são: A Wizard of Earthsea (1968), The Tombs of Atuan (1971), The Farthest Shore (1972), Tehanu: The Last Book of Earthsea (1990) e The Other Wind ( 2001). Também foram produzidos uma mini-série de TV (http://www.imdb.com/title/tt0407384/) e um anime, Tales from Earthsea, do Studio Gibli, dirigido por Goro Miyazaki (filho de Hayao Miyazaki diretor de A viagem de Chihiro, Castelo Animado, entre outros).
Leia mais sobre Earthsea em: http://en.wikipedia.org/wiki/Earthsea
Veja um mapa de Earthsea: http://www.ursulakleguin.com/EarthseaMaps/
Mais sobre a autora em: http://www.ursulakleguin.com/UKL_info.html