Vinicius.Dias 07/03/2021
Belo material, porém um pouco superficial
Se tem uma coisa que eu sei, é que Amy Winehouse dispensa apresentações. Seja pela sua voz e musicalidade única, seja pelo seu estilo vintage ou pelos excessos de drogas e álcool que deram várias matérias em tabloides sensacionalistas, Amy foi uma pessoa que marcou o seu tempo e infelizmente entrou para o seleto grupo dos grandes artistas que se foram com apenas 27 anos.
Nasceu no seio de uma família de judeus do leste Europeu que imigraram no século 19 para a Inglaterra, atraídos pelas oportunidades geradas com a revolução industrial e para fugirem de perseguições religiosas. Apesar da tentativa, não conseguiram encontrar a riqueza e viveram sempre de forma bastante humilde. Foi nesse lar que acabou sendo bombardeada de influências musicais distintas que ajudaram a fortalecer os alicerces ecléticos do seu gosto musical. Por parte do pai, o Jazz. Por parte da mãe, o Soul. Por parte do irmão, o Rock?n?Roll. Por seu próprio interesse, o Pop e o Hip-Hop. Pronto, a base de uma das principais musicistas contemporâneas estava formada.
Amy nunca teve muito interesse pela educação tradicional, mas bastava falar sobre artes que ela se encontrava. Tentou o teatro, mas foi na música que seu brilhantismo aflorou. Infelizmente sua passagem meteórica nos brindou com apenas dois álbuns de inéditas, e um álbum póstumo que foi considerado um verdadeiro caça níquel. Sua música era complexa costumava escancarar a sua vida e frustrações amorosas com letras profundas e intimistas, além disso, pincelava virtuoses do jazz, o suingue do Soul e da Motown, batidas do Hip-Hop e o linguajar das ruas. Uma compositora única que conseguiu popularizar um som muitas vezes tido como sofisticado e afastado da grande massa de forma brilhante e natural.
Apesar de viver o sonho que sempre teve de ser famosa, não estava preparada para o sucesso e por conta disso se afundou em drogas e álcool. Seus relacionamentos também não foram os melhores nesse quesito e a sugavam cada vez mais para o fundo do poço. De forma muito desumana, sua doença e vulnerabilidade foram exploradas e exibidas diariamente pelas mídias sensacionalistas. Outro problema foi a ganância de pessoas que a viam como uma máquina de gerar cifras, a empurrando cada vez mais para o precipício. Era pressionada para lançar um novo álbum e para sair em turnê, mesmo não estando com a sua saúde mental em dia. Não era de se esperar um fim menos trágico. No dia 22 de Junho de 2011, Amy faleceu de uma intoxicação alcoólica aguda potencializada por um enfisema pulmonar e vários anos de bulimia.
Falando mais precisamente sobre o livro, ele é bem rapidinho e infelizmente não aprofunda muito como eu gostaria. Uma visão bem superficial sobre a vida e obra de uma pessoa tão complexa e única. O bacana aqui é que ele foge um pouco daquela biografia tradicional e mescla sua história com capítulos voltados para curiosidades sobre ela, como exemplo: Influência musicais, explicação de como a sua voz funcionava, a Londres que ela tanto amava e o seu estilo vintage de garota pin- up. Outro fator que acrescenta em muito nessa obra, são as ilustrações espalhadas por todas as páginas, tornando esse material uma rica aquisição para fãs da cantora.
Para quem já viu o premiado documentário sobre a sua vida, vai sentir um pouco de falta de algumas polêmicas, principalmente quanto ao seu pai. No documentário ele é colocado como um dos responsáveis pelo caos que foi a sua vida, já no livro, nem tanto? Confesso que achei isso um pouco estranho.
Foi lançado aqui no Brasil pela Editora Belas Letras em capa dura e vem acompanhado de um pôster, um marcador de páginas próprio e uma paper toy da Amy. Mantém aquela qualidade já conhecida dos lançamentos da editora e, apesar de achar que faltou um pouco, é um bom livro para quem quer conhecer um pouco mais sobre essa artista tão brilhante. Sendo assim, mergulhem sem parcimônia nesse universo da Amy e conheçam um pouco mais dessa potente voz que foi silenciada tão repentinamente e que até hoje faz muita falta no universo da música.
?Nunca amarre minhas asas. Deixe-me voar.?