Aísha 31/07/2022
Um erro infeliz; irritantemente decepcionante.
(Antes de tudo, eu gostaria de dizer que avaliar o livro em estrelas foi definitivamente mais difícil do que escrever a resenha. E eu ainda não tenho completa certeza se deveria estar em 3 ou 3,5 estrelas; na verdade, seria um 3,25. Porém, irei avaliar em 3,5 apenas pela minha consideração ao primeiro volume e a certos personagens).
Bom, como começar a resenha de O Filho Rebelde, quando tenho tanto a falar de um livro que destruiu todas as minhas expectativas? Que eram muito boas, aliás.
Bem, começando com a minha experiência anterior, (apesar de ter admitido ser um livro simplório) eu havia me apaixonado completamente por Basil, e me divertido horrores com toda aquela saga de romance clichê em meio às aventuras mágicas. E apesar de ter sido alertada sobre os volumes seguintes serem um completo erro, eu decidi continuar pois não estava pronta para me despedir, e decidi pagar para ver, pois com gostos e visões diferentes, não dá pra julgar a história apenas pela opinião alheia.
Justo, e coerente. Porém o que eu não sabia, é que apesar do intuito ter sido um dos melhores, a história me traria uma dor de cabeça terrível por atrasar todas as minhas leituras do mês devido a dificuldade que tive de prosseguir com ele.
Analisando de forma racional, digo que inicialmente eu tinha achado a ideia interessantíssima; mostrar um pouco mais sobre o que acontece depois do "felizes para sempre". Como vivem de fato os heróis depois de salvar o mundo? Principalmente na perspectiva de um garoto; apenas um jovem que foi forçado a colocar esse fardo gigantesco nas costas.
Contar o lado de Simon Snow, de uma forma extremamente realística enquanto interage com sua nova realidade junto de seus amigos era uma ideia e tanta. No começo do livro fiquei espantada pelos comentários negativos pois eles não faziam sentido; a proposta era ótima! Simon parecia estar em depressão, e seus amigos estavam vivendo aquele clássico desespero de não saber o que fazer para ajudá-lo. Os problemas que envolviam o relacionamento de ambos os protagonistas eram palpáveis, e me senti em um livro belamente arquitetado e realista. Estava empolgadíssima com essa proposta, e até podia compreender que muitos não haviam gostado do tema pois diferencia muito do primeiro livro.
Porém de repente, em certo ponto a história começa a desandar; e a verdade sobre o livro em si, é que a autora se perdeu completamente no conceito dele, e o mesmo rapidamente se tornou um bolo de acontecimentos, emoções e diálogos sem sentido. A essência de muitos personagem se perderam no meio do caminho, e algumas coisas ficaram desconexas, como se o sentido do livro tivesse se perdido.
A autora diz em seus agradecimentos que muitos ali tiveram uma paciência enorme, pois houve períodos onde ela não conseguiu escrever nada, e por experiência própria, fez muito sentido quando finalmente li esse texto final, dando apenas um embasamento para o que andei pensando desde o meio do livro. A provável verdade é que, em alguma de suas pausas, a própria se perdeu; o que é simplesmente normal. O problema aqui, é que ela não conseguiu lidar bem com isso, e a história ficou toda embaralhada. E pra mim, o que dói é saber que ela agradeceu algumas pessoas da editora por ajudarem ela a organizar as ideias e desenrolar alguns pontos; pois isso meio que prova a ineficiência da equipe que deveria dar suporte justamente à esses problemas.
Então, em resumo, é possível ver que a história tinha o intuito de lidar com diversos problemas pessoais e profundos dos personagens, abordando seus sentimentos, medos e inseguranças enquanto partiam para mais uma clássica aventura. Porém, acredito que esse objetivo acabou se perdendo no meio do caminho, e a história ficou, especificamente, mal estruturada. A ideia é ótima, e quem gostou do primeiro livro, ficaria automaticamente feliz por reencontrar personagens já amados e conhecidos; porém, a autora conseguiu formatar de forma errônea os acontecimentos, as situações, e muitas vezes fez uma confusão tremenda com as emoções dos personagens, talvez muitas vezes por não considerá-los como pessoas reais, e sim bonecos manipuláveis. As coisas não ficaram totalmente interligadas e coerentes, o que torna a história muitas vezes sem sentido, fazendo o leitor se questionar "Porque estou lendo isso?".
Por alguns momentos, esses sentimentos que deveriam ser desenvolvidos, ficam em segundo plano para dar páginas e mais páginas para situações sem sentido. Problemas que foram iniciados com grande importância, foram completamente ofuscados, e pior, resolvidos em segundos nos últimos capítulos, como se tivessem sido esquecidos, e agora com páginas apertadas, tiveram que ser resumidos para caber.
Personagens perderam sua essência apenas para que se tornasse conveniente a criação de uma trama completamente sem noção, além de ter sido óbvio essa manipulação simplesmente para que existisse o cenário que a autora queria.
Em certos momentos o objetivo foi visto de novo, e acredito que a melhor parte do livro seja um pouco depois da mulher da água (uma das poucas cenas interessantes depois de tanto aborrecimento), quando finalmente chegam ao Hotel Katherine. Ver Baz aprendendo mais sobre si mesmo, e até fazendo-me questionar se não seria melhor que ficasse entre os seus, aprendesse mais sobre si, e conhecesse seus próprios segredos, foi sim o ápice da história. Ali as coisas pareciam se encaixar novamente, e eu fui instigada a analisar a situação do nosso Basilton, sendo tanto feiticeiro, quanto vampiro. E de fato, fiz grandes reflexões sobre sua situação, o que rendeu textos enormes nas notas do kindle. Conhecer Lamb, que apesar de ter enganado os protagonistas, não era de todo mal, e sim um personagem complexo que estava mesmo disposto a proteger Baz, e criá-lo como parte dos seus, foi uma experiência agradável; personagens assim são interessantes de acompanhar e analisar seus verdadeiros interesses.
No entanto, logo em cima, quando a "grande batalha" se encerrou, as coisas foram resumidas novamente. O que deveria ser a grande reflexão, que eram os sentimentos do Simon, como ele se sentia sobre a vida no geral, como se sentia em relação ao Baz, todas as suas inseguranças (que detalhe, até então pareciam terem sido completamente esquecidas)... Puf! Ele resolveu que Baz deveria ficar, Pitch finalmente diz que não viveria sem ele, e advinha? A autora, depois de toda a confusão que deixou dentro deste livro, decidiu que seria super "instigante" e "legal" se ela colocasse a Penny vindo correndo e dizendo que de repente apareceu um perigo em Watford, e que eles (claro, os únicos heróis de Londres), deveriam voltar para resolver, mesmo que isso custasse a conversa importante; pois claro, para ela é uma ótima deixa pra um TERCEIRO LIVRO, quando ela mal consegue organizar um segundo.
Sei que surpreendentemente pareço mais ofensiva nesta resenha, e enquanto escrevo penso que não sei o porque disso, já que costumo ser tão centrada e analítica, apesar de sempre contar minhas experiências.
De qualquer forma, e perdão a todos pelo desabafo, acredito que ela pensou ser um final bem clássico de fantasia, digno de Harry Potter onde todos ficam: "mais um problema? De novo?"; porém não, depois de ter feito tamanha burrada durante o volume, quando você chega nesse momento você apenas se questiona o porque de ter gastado seu tempo lendo, o que me deixa muito triste pois ainda sou apaixonada no primeiro livro. Parece que ela mal conseguiu se manter na linha na hora de escrever, e ainda colocou esse final ridículo de clichê, quando nem ao menos desenvolve direito a trama que criou anteriormente.
Bem, desculpando-me de todas as ofensas, tais quais nunca havia feito antes em uma resenha, quero fazer meus agradecimentos antes de encerrar essa resenha completamente conturbada; acho que a história estava tão atrapalhada que me deixou tão desnorteada quanto, e isso é novidade.
Bom, primeiro, por incrível que pareça, gostaria de agradecer ao Shepard. Sim, o normal, o fluente, o sangrador. Enquanto a autora forçou enlouquecidamente um ódio, principalmente da Bunce, pelo normal intrometido, eu agradecia a ele a cada linha que me fazia ter o mínimo de diversão possível naquele meio de história, que agora pra ser sincera, mal me lembro do que aconteceu de tão tedioso que foi. Agradeço por ser exatamente aquele tipo de pessoa tão rara, mas tão preciosa, que às vezes tratamos mal por acharmos que é falso, que é pura mentira; muitas vezes porque não acreditamos que seja possível existir alguém tão gentil. Obrigada por me tirar umas risadas, e me fazer morrer de amores por seu jeitinho. Obrigada por ser paciente, e aguentar sem vacilar, todo o ódio que foi jogado em você. Você brilhou, Shepard, sem dúvidas o melhor personagem desse volume.
Depois, meu agradecimento vai novamente para o meu vampiro mágico, o mais lindo desse mundo, Tyrannus Basilton Grimm-Pitch! Apesar da autora ter roubado um pouco da sua personalidade, ainda continua sendo meu preferido nessa trama, meu bem. Acompanhar você em suas descobertas, certamente foi o ponto alto da história, e eu desejei por milhares de vezes que você pudesse se entender mais e mais, que pudesse viver mais em paz consigo mesmo. Você é um vampiro, Baz. Também é um feiticeiro, mas não vai deixar de ser vampiro, isso não vai mudar. Então vou repetir as mesmas palavras da resenha do primeiro volume: Não tenha vergonha de quem é. Você é surreal, é especial, é incrível do jeitinho que é. Nunca duvide disso, promete pra mim? E apesar de achar desde o início que você deveria mesmo passar um tempo com Lamb, pois seria importante para o seu desenvolvimento, quero que fique onde estiver feliz, mesmo que seja ao lado do ruivo de 10 anos.
É com essa deixa, que aqui vem algumas das minhas reclamações. Simon Snow, no primeiro volume eu lembro de pedir para que crescesse e amadurecesse, pois não podia mais suportar seus chiliques infantis, não foi? Pois bem, eu continuo não suportando, já que você parece não ter mudado em nada. Um homem deste tamanho, e ainda age como criança em muitas situações; isso vai além da estupidez. Eu espero mesmo que isso não seja uma característica permanente, apesar de que mal sei se irei ler o próximo volume um dia. De qualquer forma, a única coisa que te peço, e dessa vez espero que cumpra com a palavra, é que cuide do Baz. Não o faça se sentir péssimo de novo, não deixe que ele duvide da importância dele, está bem? É meu único pedido. Não deixe que ele passe por isso de novo, ele merece tudo e um pouco mais.
E Penelope Bunce, você apenas reafirmou o pensamento dos fluentes e das criaturas mágicas de que magos são esnobes. Eu compreendo que em sua cultura, não se deve jamais falar ou deixar que os normais se envolvam com magia, mas pelo amor de Deus, tenha santa paciência! Diversas situações foram horríveis, desagradáveis e constrangedoras, pois eram apenas questões de EDUCAÇÃO. O mínimo de respeito e modos que eu esperava de você, ou sua mãe lhe educou mal? Acredito que não. Eu admirava demais a Bunce racional, a inteligente e poderosa feiticeira de Watford, e apesar de saber que nem todo mundo é perfeito, eu ainda acredito que foi muita forçação de barra da autora de ter te colocado nessa situação deprimente. Eu realmente quero acreditar que não faria isso se ela não houvesse enfiado essa sua energia tóxica goela a baixo.
Bem, e por último, apesar da traição, terei que agradecer verdadeiramente à Lamb. Fora bem feio o que fez com a família de Baz, e foi nesse momento que você o perdeu. Porém, fico agradecida por ter melhorado em 200% a história, por ter acolhido o meu pequeno vampirinho, por ter ensinado algumas coisas pacientemente, e por ter desejado cuidar e proteger como seu. Apesar de não ser a escolha dele, deixaria que ficasse com você, para que o guiasse da melhor forma possível, e espero mesmo que eu não tenha me enganado sobre isso.
Enfim, essa foi a resenha mais conturbada de toda a minha vida. Nunca fiquei agressiva e tão imparcial dentro de uma, e isso me surpreendeu bastante. Apesar de ter falado muito, sinto que não consegui dizer tudo que tinha em mente, todos os pontos que eu analisei, e que me incomodaram (já que acabei levando muito pro pessoal), ainda que como fora demorado e difícil de ler, muitas partes da história foram esquecidas, ou parecem meio nubladas em minha cabeça.
De qualquer forma, tendo sido boa ou ruim, preciso finalizar. É com muita dor que digo que esse livro foi uma grande decepção, pois eu esperava mesmo uma boa história dele.
Não tenho mesmo ideia se tentaria a sorte de novo. De tentar ler o próximo pra ver se melhora, quando esse aqui já me causou tanta dor de cabeça. Fico triste em pensar que existe outros volumes, que posso ver Basil, Shepard e até o Lamb outra vez, e que ainda assim não tenho coragem de fazê-lo.
Bom, é com meu incerto até logo, talvez sendo um demorado nos vemos de novo, que eu digo possivelmente, adeus.