Natalia Faria 26/05/2023
Experiência nas entrelinhas
O gênero distopia é marcado por personagens cativantes e ativos na luta contra o sistema que os oprime, sendo assim, The Memory Police vai na contramão e entrega um local em que as pessoas simplesmente se conformam com o que as acomete. A protagonista, não nomeada durante toda a narrativa, convive com a realidade de que em períodos aleatórios lembranças específicas são esquecidas/eliminadas e o que elas se referem adquirem um teor de inutilidade. Por exemplo, se “copo” é a lembrança esquecida, logo não há memórias conectadas ao objeto e ele perde sua utilidade, por tanto é descartado e eles utilizam outras coisas para tomar líquidos.
Entretanto, existem pessoas que se recordam da utilidade do que foi esquecido e é por isso que existe a Polícia da Memória - uma organização misteriosa que se encarrega de retirar do convívio social tanto aqueles que se lembram de tudo, quanto daqueles que os ajudam ou que mantém objetos esquecidos.
Apesar de uma premissa promissora, a experiência de leitura fica totalmente à cargo das interpretações do próprio leitor, não dando nenhuma resposta para as estranhezas que o cotidiano da ilha oferece à narrativa. Embora tenha me esforçado e até consegui fazer analogias (com a memória propriamente dita, e também com o conformismo e a falta de opções durante os períodos de guerra), isso não foi suficiente para que eu gostasse da leitura. Senti apatia em relação aos personagens principais em especial a protagonista; não me conectei com a história que a mesma escreve; o ritmo foi arrastado e percebi que torcia para que algo ruim acontecesse para dar um gás na história.
Então, recomendo apenas para aqueles que gostam de filosofar perante as histórias e que principalmente não se incomodam em não saber nem uma pista do que a autora quis transmitir em sua escrita.