r u the 09/12/2020
Os Delírios de Fântaso.
"Eu deveria brincar de trazer a alegria, como sempre. Mas o espelho me olha cansado e me denuncia. Minha maquiagem está um estrago. Olhe bem para mim. Não sou o mesmo daqueles dias. O tempo realmente passa. A gente morre de tanto se entristecer, não morre? O que nos mata é outra coisa. Algo inesperado, de improviso. Mas morrer, só vivendo, dia após dia, fingindo que não. Em um desses momentos de manuscritos me vi em caracteres felizes. Mas eu estava em tristezas, porque as perdi para a alegria, e a perda sempre me entristece, em mais um sorriso de mentira. Talvez devesse me calar e dominar a decadência de cair. Cair devagar, vagarosamente, sem pressa ou palavra, apenas cair, em silêncio, decair, aos poucos, completamente, em silêncio."