Resenhas - Me llaman Artemio Furia

Adri Ramalho 08/05/2011

Chamem de Meu Artemio Fúria.
Então...

com saudades eu digo que acabei de ler Me Chamam Artemio Fúria!

O livro me prendeu desde o início, seja com sofrimento e a superação do menino Sebastian de Lacy, ou o homem viril, valente, forte, briguento, corajoso, ardente, apaixonado, possessivo em que Artemio Fúria se tornou.

O amor de Artemio se chama Rafaela. Moça rica de família de renome e preconceituosa. Rafaela não se prende aos costumes da época, ela fabrica perfumes, remédios e os vende e com esse dinheiro ajuda a sustentar a família, ela tem um amor imenso em Mimita que é uma menina especial, as famílias costumavam a esconder essas crianças, era feio e vergonhoso. Rafaela não leva nada disso em conta. Ela passeia com a menina pelas ruas cantando canções infantis incentivando Mimita a falar. Mimita foi a principal razão de Artemio ter olhado Rafaela, ele se afeiçoou a menina na primeira vez em que a viu e ver Rafaela passeando ou com a menina no colo o encheu de ternura. Todos pensam que Mimita é filha de Rafaela.

Rafaela sofre com as determinações de seu pai, obcecado por ter uma família de linhagem pura sem as sujeiras de ter correndo em suas veias sangue de negro, judeu ou índio, helloooowwww, Rafaela tem os olhos de índios, boca de índio e pele de índio – homem sem noção esse pai.

Rafaela conta sempre com o apoio e carinho de Ñuque, uma índia amorosa e muito velhinha, que lá pelas tantas a gente descobre que essa senhora é a avó da Rafaela, ohhhhhhhhhh, tem sangue índio correndo nas veias do lazarentoooooo.

Sabe que de boa gente essa família do pai de Rafaela não tem é nada. O pai e mais duas tias de Rafaela são filhas de Ñuque com o avô espanhol. Mimita é fruto da relação incestuosa entre o pai de Rafaela e sua prima Cristiana. Cristiana tem um irmão que não é filho do mesmo pai, a mãe deles deu prá eu militar e ela ainda era casada. Esse primo é o cão chupando manga, ele – lááááá na frente da estória – se torna o chefinho da polícia, ahhhh, ele se esbalda. Ele se torna dono de bordéis, rapta índias e mulheres pobres e sozinhas e as obriga a “trabalhar” nos bordéis, ele tortura as pessoas, ele tem sífilis e é obcecado pela prima Rafaela e odeiaaaa o Fúria. Tá! Ele morre como se deve morrer alguém muito ruim e que tenha sífilis.

A descrição do amor entre Rafaela e Fúria é forte, carnal, maravilhosa, forte, carnal, maravilhosa!

Ele a chama de “Minha Rafaela das Flores”.

Ela o chama de “Senhor Fúria”.

Gente, tem tanto sofrimento nessa relação. Ela perde o primeiro filho deles ao se jogar do lombo de um cavalo – ela estava sendo raptado a mando do primo lazarento – com a hemorragia ela quase morre. Fúria no desespero vai a igreja reza à Deus pedindo pela vida de sua mulher e em troca ele abre mão da vingança contra os que mataram seus pais. Deus aceita o acordo e Rafaela vive. Paaara tudo! Contei para vocês que o pai dela estava envolvido na morte dos pais dele? Viram? Que angu de caroço!

Quando tudo estava até indo bonitinho, ela engravida novamente e os dois resolvem se casar, mas ela tem menos de 23 anos e precisa pedir da permissão do pai de Rafaela. Lá vão eles atrás disso. Pronto, deu outro sufoco. Quando Artemio está visitando o sogro para pedir a permissão para o casamento o primo lazarento aparece dá um tiro no olho esquerdo de Artemio e no peito do pai de Rafaela.

Rafaela precisa fugir porque Artemio é dado como desaparecido e culpado pela morte do pai dela. Ela foge e meses após é noticiado que índios violentos mataram Mimica e Rafaela.

Tarãrãrã, acontece que o Artemio não morreu, ele foi socorrido e levado escondido à Irlanda pelo seu avô paterno. Eu não contei como o avô encontrou o Artemio e nem vou contar.

Artemio enlouquece com a notícia da morte de Rafaela. Nove anos de passam e Artemio como conde de-não-sei-o-quê ,volta à Argentina com sua noiva Elizabete.

....

E são tantas emoções!!!!

Tarãrãrã, quando Artemio chega e ele reencontra Rafaela, fraca, pobre e magérrima. Ela conseguiu ter o filho deles, um menino louro e lindo como o pai, o menino se chama Sebastián. Não vou contar como ela escapou dos índios fodões.

O reencontro é emocionante. Artemio se encanta com o filho, logo o ensina a montar. Dá de presente um cavalão para o filho. Numa emboscada para matar Artemio (crime encomendado por gentinha da Irlanda, gentinha invejosa que por acaso seria o tio do Artemio, aff), o cavalo de Sebastián se assusta e derruba o menino que morre desnucado. Uma tristeza atrás de outra.

No desespero Rafaela culpa Artemio pela morte do filho e isso o deixa a beira do abismo, ele só não se mata porque pensa em vingar a morte do filho. Elizabete intercede a favor de Artemio com Rafaela e como o desespero dela já tinha acalmado, ela vai ajudar Fúria se conformar, foi uma das partes mais triste. Eles não comentam a ninguém da Irlanda sobre Sebastián, ninguém sabe que ele existiu, a dor é muito grande, eles não falam dele.

Eles viajam para Irlanda e Rafaela está grávida novamente. Artemio se vinga. Rafaela tem uma filhinha linda e seu nome é Esmeralda o mesmo nome da mãe de Artemio, logo depois eles tem mais um filhinho.

Na Irlanda o frio é de lascar. Os lagos congelam. Artemio leva sua filhinha de cinco anos e Mimita para patinar no gelo. Mimita é medrosa e não larga da mão dele, já sua filhinha patina longe e cai num buraco no gelo nas águas hiper geladas. Artemio se desespera, corre até o buraco e tenta por vários minutos alcançar sua filhinha e a todo momento ele reza: “Me devolva, me devolva”. De repente sua filha é JOGADA para fora do buraco, roxa de frio e sem respirar. Ele consegue fazê-la tornar e junto com Rafaela eles a esquentam e a menina abre os olhos. Quando Esmeralda consegue falar, ela conta que quem a empurrou para fora do lago foi seu irmão Sebastián.

Choro foi geralllllllllllll.

Sebastián pede para a irmãzinha dizer ao seu pai que ele o ama.

Choro foi geralllllllllllll.

Lizzy 16/03/2011

Uma história intensa do início ao fim, com reviravoltas e muita carga dramática!
A história começa no ano de 1790, na região do Rio da Prata, Argentina, quando o menino de dez anos, Sebastian de Lacy, assiste impotente a morte de seus pais e o sequestro de sua irmã mais velha. Ele é salvo e acolhido pelo padre Ciríaco, seu mentor e protetor, ao mesmo tempo em que passa a viver entre os índios ranqueles, deles extraindo sua postura selvagem e habilidosa nos arreios de um cavalo e o manejo das coisas do campo, ao lado de seu irmão índio, Calvú. Logo se torna um gaúcho respeitado e temido, se tornando uma figura de liderança muito importante na Revolução de Maio de 1810, que conduziu a região à liberdade da coroa espanhola.

Sebastian torna-se Artemio Fúria, mas nunca esqueceu o lema de sua família irlandesa: "Não esqueça quem você é". A vingança se torna o objetivo de sua vida.
Rafaela Palafox é uma jovem da alta sociedade que passa restrições financeiras quando o seu pai é exilado por causa de seus posicionamentos políticos. É conhecida como 'Rafaela das Flores', devido a sua habilidade para a produção de perfumes, remédios e produtos cosméticos, cujo dinheiro servia para sustentar a si e a sua família, diga-se, uma ingrata é hipócrita família.

Quando a fazenda La Larga fica abandonada, Rafaela precisa reerguer os negócios e por ações do destino, Artemio Fúria surge em sua vida. Ele a ajuda a recuperar La Larga, mas acima de tudo lhe desperta uma atração intensa. Rafaela fica fascinada pela beleza nórdica do gaúcho, que exala imponência e virilidade, e eles vivem uma tórrida paixão. A autora corta a respiração do leitor com cenas sensuais quentíssimas. Um amor intenso, vibrante, possessivo, que não conhece limites.

A narrativa é dividida em três partes. A infância de Artemio, o encontro com Rafaela, e sua vida como herdeiro na Irlanda. Passado e presente se mesclam, contanto micro histórias e flashbacks imprescindíveis à compreensão do enredo. Nenhum detalhe é banal. Também somos premiados com a aparição do casal Roger Blackraven e Melody, vários anos depois de sua união, coisa que adorei.

Devo dizer que me emocionei e sofri ao mesmo tempo com esse livro surpreendente. E faço logo uma advertência: Não é para os corações frágeis, pois alegrias e tristezas se fundem causando um rebuliço no interior do leitor mais aficcionado, o que é o meu caso.

Quem já conhece o estilo da escritora argentina Florencia Bonelli sabe que ela aprecia um bom drama, onde nada é o que parece ser. Me Llaman Artemio Furia está à altura da qualidade narrativa de O Quarto Arcano - que amo, mas o supera sob o ângulo da carga dramática e intensidade.

É um livro de superlativos, onde o sofrimento dos protagonistas só é suplantado por um único elemento: O amor. Lindo. Amei.