Sil 07/03/2021
Resenha de @kzmirobooks
Em 2018 eu pude ler Eu Sou Malala, a autobiografia de Malala Yousafzai, e me apaixonei pela história da jovem que lutou (e continua lutando) para a educação de meninas em locais onde somos proibidas de estudar. Com o lançamento da versão infantojuvenil eu fiquei animada para poder falar deste livro por aqui, já que na época em que eu li não fiz resenha no blog.
Malala hoje tem 23 anos e mora na Inglaterra com sua família, como exilados e com muita saudades de casa: Paquistão. Quando Malala ainda era criança seu país foi dominado pela milícia talibã que usaram as palavras do Alcorão para impor regras como a proibição de músicas e televisão. Todas as mulheres deveriam se cobrir (só deixar os olhos a mostra), os homens deveriam usar roupas especificas e não podiam mais cortar o cabelo e a barba, além de proibir todas as meninas de frequentarem a escola (a priori meninas de qualquer idade e posteriormente meninas com mais de dez anos). O uso de palavras religiosas para impor regras não acontece somente com o islamismo, nós vemos isso acontecendo a todo momento no Brasil que é um país que tem 50% de seus habitantes declarados como católicos e 31% declarados evangélicos. O preconceito com os islamismo foi o primeiro preconceito que Malala quebrou em mim, pois o que mais ouvi (principalmente depois de 2001) foi que muçulmanos são todos terroristas, que eles são todos machistas, e tantas outras coisas que eu tenho certeza que você também já ouviu. Malala conta sobre sua religião com tanto amor e devoção que me senti triste ao pensar que alguns radicais conseguiram estragar todas as percepções que os ocidentais poderiam ter sobre ela.
Uma das coisas mais lindas é sobre a admiração que ela sente por seu pai que desde pequena a incentivou a estudar e erguer sua voz, enquanto alguns de seus conterrâneos tinham visões ultrapassadas sobre o papel da mulher na sociedade. Ela soube e entendeu desde muito cedo o quanto é privilegiada por ter um pai que não a reprimia por ser mulher. Então quando o talibã passou a ditar as regras no Paquistão, apesar do medo, ele sempre ajudou Malala e falar em nome da educação feminina sendo um exemplo para todas as suas amigas de escola e algum tempo depois sendo exemplo para seu país, já que seus discursos ficaram conhecidos e seu blog para a BBC tomou proporções que eles não imaginavam. Todos os detalhes sobre a história da família dela são contados em Eu Sou Malala, já em Malala ela conta só um pouco sobre o incentivo que seu pai a deu e sua importância para quem ela viria se tornar.
Considero essa uma leitura importante para todas as idades (cada livro com seu público alvo), pois nos ensina valores que parecem diferentes dos nossos, pela cultura e religião, mas que na verdade são tão semelhantes em sua essência. Malala ainda luta pela educação feminina em lugares que são dominados por valores arcaicos onde mulheres não podem estudar e nasceram unicamente para o dever de cuidar da casa e dos filhos desde jovem e hoje é formada em Filosofia, Ciência e Economia pela Universidade de Oxford e quando quando foi atacada por covardes, voltando da escola, nunca poderia imaginar que chegaria em uma das melhores universidades do mundo.
Essa edição é super especial, pois tem como público-alvo crianças de 8 a 12 anos e possui ilustrações importantes de uma momento da vida de Malala. A história dela é triste, mas linda e essa edição ensina algo as crianças que terão a oportunidade de ler e eu garanto que em nenhum momento terá detalhes do que houve com ela no ataque (da mesma forma que não há em Eu Sou Malala, pois a própria Malala pouco se lembra do que aconteceu). Esse livro é o presente perfeito para qualquer época do ano e, na minha opinião, deveria ser leitura escolar já que tantas coisas podemos aprender com essa biografia.
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