Marina 12/05/2024Escrevivências são revolucionáriasO livro é um diário da Preta Ferreira dos seus cento e poucos dias presa em 2019.
Preta é liderança do MSTC, Movimento dos Sem Teto do Centro. Parte de uma família de 7 irmãos, sua mãe levou todos da Bahia para São Paulo quando ela era criança, fugidos do seu pai. Desde então eles vivem no movimento e constroem nele.
Ao longo do livro, entendemos que sua prisão se deu com base em uma acusação injusta de extorsão dos demais moradores da ocupação em que vivia. Ela não detalha o caso, mas pelo que já li sobre, acredito que se deva à antiga divergência entre a concepção do movimento de que deve haver uma organização centralizada deste na luta por moradia, inclusive financeira x a ideia neoliberal de que cada ocupante deve decidir individualmente o que fazer na sua propriedade - enfraquecendo a luta coletiva.
A criminalização disso com a prisão de uma liderança do movimento é autoritária e marca de uma perseguição aos movimentos sociais no governo Dória.
A escrita nos apresenta alguns dos pensamentos e sentimentos de Preta e da sensação constante de angústia por estar perdendo sua vida lá fora - marcada pela resistência política.
O caso ganhou grande repercussão internacional, mas ainda assim foi lento e difícil. O comitê Preta Livre se desenvolveu paralelamente ao Lula Livre, e, ao saber dele, Preta comentou que faltavam dois ?s?s ali, deveria ser:
Pretas Livres.