André Figueiredo (quadrinhos) 24/05/2021
Leve, divertido e lindo
Para quem quer uma leitura descompromissada, com ação, ótimos desenhos e uma colorização de cair o queixo, "Thor, A deusa do trovão" é uma boa pedida.
Este é um encadernado que compila Thor (2014) 1-8 e Thor annual (2015) 1) , onde no quesito roteiro vale ressaltar a boa condução do mistério envolvendo a personagem principal até a revelação de sua identidade ao final. Esta e a esposa de Odin são duas personagens retratadas de forma bem bacana.
Destaque para a protagonista: internamente titubeante com sua nova condição, mas externamente portando-se e falando como se espera de Thor, num amálgama de essências (do poder mágico de deusa do trovão portadora do martelo e daquela que o empunha) que em vez de serem conflitantes, complementam-se de forma curiosa, mas que funciona muito bem, dando à entidade mágica resultante (Thor) um caráter duplo bem interessante.
O visual da personagem também é digno de elogio. Bonito, com ela sendo retratada como uma figura esguia, porém musculosa, para dar ideia de alguém forte, o que auxilia a dar credibilidade a todo enorme poder que ela exibe.
Aliás, toda a arte do Russell Dauterman é muito boa e funciona maravilhosamente bem com a colorização do Matthew Willson, que é um espetáculo.
Ressalva necessária entretanto quanto ao Thor nº 5 e Thor Anual 1, cujo desenho vai do "passável" ao horrível e que me fez nem conseguir me animar a ler a história, pulando direto para o nº 6.
Retornando a falar do roteiro, como diversão descompromissada a história cumpre seu papel, mas não passa disso. Lances simplistas que exigem que o leitor não pense muito pipocam aqui e ali e Odin e Thor são retratados as vezes de forma descaracterizada. Um como um velho grosseirão e Thor como um bronco emocionalmente desequilibrado. O intuito no caso deste último pode ter sido mostrar como ele estava abalado pela revelação que o fez não ser mais merecedor de erguer o martelo, mas se foi este o caso, a execução da ideia foi pobre.
Por fim, creio que em se tratando de revista de super heróis, um dos elementos mais necessários é um protagonista interessante, com o qual o leitor se identifique, se importe, torça por ele, se comova com suas dificuldades e dramas e queira saber o que vai acontecer adiante e esta Thor cumpre bem este papel.
Conclusão: um gibi despretensioso, muito bonito, cheio de ação, que tem lá seus defeitos, mas que diverte e vale a pena ser lido.