Hannabianca0 25/12/2023
Uma obra prima
Avisando de início que esse livro é extremamente cotidiano, sem grandes acontecimentos ou plots muito bem elaborados,a sinopse te engana um pouco, ela pontua as questões com a tia Mary Maria (que se resolvem depois de um terço do livro) e a insegurança da Anne com relação ao amor que o Gilbert sente por ela ( dura dois capítulos). É claro que é difícil colocar uma sinopse certeira para um livro como esse, já que como eu disse no início, ele não tem uma grande trama.
Mas para mim, esse livro foi simplesmente um dos melhores da série. Ele é meio bobinho, segue o mesmo caminho em quase todas as aventuras, mas é tão genuinamente bom. Os personagens são apaixonantes e dão um quentinho no coração.
A Lucy Montgomery foi muito esperta, ela te prende no primeiro capítulo mostrando uma Anne nostálgica em um passeio com a Diana, lembrando o sentimento de quando eu li o primeiro livro. A questão é que esses pequenos acontecimentos focados na Anne são usados para fisgar o leitor, e te atrair para os verdadeiros protagonistas desse livro, que são as crianças de Ingleside. Os filhos da Anne são apresentados de um por um, de forma gradual para despertar a simpatia do leitor e nos preparar para o próximo livro ?o vale do arco íris? (que eu acredito que seja todo o completamente focado nas crianças) E diferente de algumas pessoas eu não achei esse livro maçante e entediante, ele me lembrou um pouco Anne de windy poplars (ainda sim é melhor que Anne de windy poplars) meio lento, sem grandes acontecimentos mirabolantes, mas que deixa o coração quentinho e te acalma em um dia agitado.
A melhor coisa desse livro são as crianças e como a sua inocência guia as aventuras. Sempre achei que a Lucy Montgomery tinha um jeito muito legal e uma sensibilidade para escrever sobre as pequenas histórias do mundo infantil. Eu sempre amei as crianças de seus livros, Davi e Dora, Paul Irving, e a pequena Elizabeth, etc. Aqui ela reutiliza os traços de personalidade que já funcionaram em outros personagens e aplica às crianças de Ingleside. Os meus favoritos foram a Diana e o Walter, mas cada um deles ?tinha o seu próprio mundo de sonhos e fantasias?. Claro que eu notei o padrão que se seguiu nas aventuras vividas pelas crianças, muitas coisas eram escondidas dos olhos deles pelos adultos, ou eram enganados por crianças da mesma idade, entendiam as coisas de um modo errado e simplesmente tomavam as atitudes mais malucas justificadas pela sua mente inocente. E é exatamente isso que te encanta, eles lembram a pequena Anne,uma extensão de tudo que a Anne é e já foi. Os conflitos internos vividos pela Anne também são intrigante. Aqui é mostrada uma Anne mais madura, e também, como ela lida com os pequenos problemas e decepções vívidos por seus filhos. Isso pode parecer entediante, mas para mim, esses livros são sobre isso. Sobre a vida calma, quieta, e o modo como a Anne a torna especial. Foi muito bonito ver o amor dela e do Gilbert, o capítulo focado no aniversário de casamento deles foi um dos meus favoritos sem dúvidas, eu queria que tivessem mais desses.
Eu amo como mesmo a escrita sendo em terceira pessoa, a autora consegue te colocar extremamente próxima dos personagens que são o foco, e te faz enxergar as coisas exatamente como eles enxergam.
Esse livro é tudo tão puramente bom e tranquilo, aconchegante e o final dele é tão reconfortante. Ele não é revolucionário, e no final tudo acaba bem. É simplesmente isso, tudo que um fã de Anne poderia pedir