becka 15/09/2020
É
ok, isso foi uma jornada. Levei três dias nesse livro ? ainda achando que levaria mais ?, mas valeu a pena e obrigada gabriel pela insistência ok? Eu reconheço que enrolei demais. Vou dividir a resenha em duas partes, primeiro o lado positivo, mas o ponto mais importante: >eu< me conectei com esse livro e o que funcionou pra mim pode não funcionar pra você e tudo bem.
Os personagens, faz tempo que isso não me encanta em um livro pois sou uma pessoa que geralmente ou não liga ou não gosta dos mesmos, mas... me apaixonei. De primeira gostei muito do Kaladin, aos poucos ele foi me irritando mas mesmo assim gostei dele. A Shallan é o destaque pois mesmo não sendo o foco do livro, simplesmente a adorei ? ironicamente no começo fiquei ?nossa nada demais? e depois a amei. Mas a melhor é a Jasnah, tenho uma mania de gostar de personagens secundários e ela foi a minha favorita. A construção deles pode aparentar não ser nada demais, mas no final você parece enxergar cada um por quem é, com suas falhas; qualidades e seu jeitinho. E eu me apaixonei por cada um ? menos pela Syl, eu a detesto.
O mundo, ok isso já era um tanto suspeito de se falar a respeito porque é o cosmere + brandon sanderson e eu sou apaixonada por mistborn em níveis diferenciados mas não esperava amar tanto quanto amei. Leio fantasia por mundos, religiões e culturas diferentes. E isso é algo que não sei como descrever, foram mil páginas de introdução a um mundo e senti que poderia ler mais mil sem me preocupar. Tudo é grandioso quando tem que ser, sem a prepotência que costuma me incomodar em alguns livros de fantasia e simples quando tem de ser também, mas até o simples é incrível. A alguns poréns na abordagem, mas nada que incomode.
Os diálogos são simplesmente sensacionais, minhas partes favoritas foram os diálogos da Jasnah e da Shallan, eu gosto como o Brandon sanderson tomou cuidado pra não apressar o desenvolvimento dela e ainda assim entregou diálogos interessantes sobre o conflito do que é ser bom, se existe alguém 100% bom ou 100% mal e se existem justificativas para certos atos e no que faz você pensar como pensa. A Shallan como uma personagem que entra em conflito com suas próprias crenças ao começar o aprendizado é muito interessante, é um dos meus assuntos favoritos e acho legal quando os conflitos da personagem se inserem na trama e contribuem tanto pra mesma quanto pro mundo que ela está inserida.
e novamente: eu amei os diálogos. E o final? EU ADOREI O FINAL, principalmente porque eu acho que o autor escreve tão bem que esse mesmo final teria ficado uma merda nas mãos de quase qualquer outro autor. Mas nele eu gostei, apesar de achar que foi um tanto forçado em alguns pontos e tem muito do que não gosto em finais. Nesse livro também tem uma das coisas que mais gosto em livros de fantasia, a religião em perspectiva social só que de forma diferente que é feita em mistborn, dessa vez você vê isso tanto na sociedade quanto em questionamentos e conflitos da própria personagem e isso simplesmente me fascina. Sem ser a inclusão de uma personagem que não segue tais coisas e a construção de questionamentos a respeito, isso cria um quentinho no meu coração pois é uma das coisas que mais aprecio ler. Gosto também, apesar de não tanto quanto, dos conflitos do Kaladin EM ALGUNS momentos.
Eu acho válida e necessária a abordagem de como a dor; as batalhas e o treinamento mexem com a cabeça de alguém, como da pra chegar num ponto em que você se sente que o mundo está te fodendo ? mesmo que particularmente eu acredite que eventualmente todos chegamos a conclusão de que não somos lá tão especiais assim. E aprecio o personagem. Consideração: também gosto do Rock, na real gosto de quase todos. E o que a culpa faz com as pessoas é algo a se pensar enquanto se lê esse livro, enfim eu amo muitas coisas sobre ele mas o mais importante: eu me conectei com ele, me vi e senti e é tudo que importa pra mim.
e a escrita, devo dizer que eu leria qualquer coisa que o Brandon sanderson escreveu e vai escrever. Mesmo quando eu não gosto do livro(olá skyward sua coisa horrível), a escrita sempre é um ponto positivo pois ele é... incrível.
Agora a parte negativa, é um 5 estrelas então obviamente não são grandes coisas na minha opinião. Mas qualquer pessoa que vá ler esse livro tem de saber que ele tem um nicho e se você não fizer parte dele, provavelmente não é um livro pro seu gosto. É um livro que apesar da grande construção de mundo, você sempre sente que nada está acontecendo até mesmo quando está acontecendo. Isso me fez questionar se eu daria ou não 5 estrelas, mas percebi que mesmo com essa impressão eu adorei cada segundo e não me importei, mas percebo que isso pode ser algo incômodo pra outras pessoas e tudo bem. A escravidão, a abordagem não foi tão ampla então não digo que é um ponto negativo ainda mas é algo a se ficar atento porque nos próximos se não for retratada com cuidado pode ser algo que me incomode ? por enquanto não é.
O Kaladin e seu egocentrismo, se eu gosto dele? sim. Se me identifico com ele? Provavelmente, mas eu as vezes me odeio então isso não é necessariamente um ponto positivo. Mas me irritou um tanto sentir que ele fazia as mortes dos outros serem sobre ele, todos os acontecimentos serem por e para o mesmo. E a forma como ele pensava demais as vezes também me irritou um pouco, as vezes dava vontade de gritar ?garoto só se move e para de ficar pensando tanto?. Mas ironicamente é outra coisa que apesar de ter me irritado um pouco, entendo e acho que faz dele mais humano e real até. E eu provavelmente seria essa pessoa irritante que fica pensando demais. E a Syl... sinto que a única função dela é servir ao Kaladin de alguma forma, seja com conversinhas chatas ou fazendo algo para e por ele, não acho que de realmente pra conhecer ela ou dizer algo a respeito, não gosto dela e a acho um saco ? sério fiquei mandando mensagens pedindo pra ela morrer pois não aguentava mais.
o romance é tão pequeno que não diria que é um ponto negativo, mas foi tão... enfim não sou uma pessoa muito romântica. Navani e Dalinar são... peculiares.