O Processo Maurizius

O Processo Maurizius Jakob Wassermann




Resenhas - O Processo Maurizius


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Gabrielli 23/09/2023

Livraço!
Sem dúvida, um autor que merece ser mais conhecido. Um livro incrível e profundo sobre a justiça e o ser humano, com personagens complexos e bem construídos. A degradação moral da sociedade da época é nitidamente descrita por Wassermann na obra. Mesmo com alguns parágrafos imensos e narrativa mais lenta em alguns pontos, o livro fica impossível de largar e não perde o brilhantismo!
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Paulo 26/09/2022

A justiça é uma palavra que parece um peixe: escapa-nos quando a seguramos
Um excelente romance. Em alguns momentos, pareceu-me estar lendo uma obra de Dostoievski, mas ainda melhor.
A trama central é a história de Etzel, um jovem de 16 anos que percebe que seu pai, o Barão de Andergast, procurador-geral, pode ter construído sua carreira a partir de um erro judiciário: Leonardo Maurizius teria sido condenado injustamente pelo homicídio de Eli, sua própria mulher.
O jovem, que não conhecia sua mãe, revolta-se contra o pai e decide fugir do lar paterno para investigar a principal testemunha do crime, Gregório Warreme, e descobrir quem foi o real assassino. Paralelamente, o Barão revisa o processo Maurizius e começa a perceber, em entrevistas com o próprio condenado, que a sentença judicial havia de fato incorrido em erro.
Outras tramas são desenvolvidas com maestria pelo autor: a separação do Barão de Sofia, mãe de Etzel; a vida de Maurizius, de sua mulher Eli, sua cunhada Ana e seu amigo Warreme; as angústias experimentadas pelo Barão ao perceber que sua carreira havia sido construída a partir de um erro; o relacionamento frio entre um pai controlador e seu jovem filho.
Publicado em 1928, o livro aborda criticamente o anti-semitismo e o racismo americano, bem como preludia que o racionalismo obsessivo do protagonista Etizel desembocaria na juventude nazista alemã.
O autor consegue amarrar uma trama que nos leva a questionar até que ponto o sistema judicial pode ser questionado: o erro é inerente ao próprio sistema. Etzel, no fundo, não procurava fazer justiça, mas sim provar que tinha razão e satisfazer seu próprio ego, confrontando o pai. Só conseguiu, contudo, provar o gosto amargo da vingança.
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Léo Araújo 16/02/2024

Castigo do tamanho de um braço para uma falta do tamanho de um dedo
ANTES DE FALAR DO LIVRO
É importante falar sobre o autor, Jakob Wassermann: romancista conhecido no Brasil apenas pela trilogia Wasserman e Kaspar Hauser, pois sua obra principal ainda não foi traduzida para o português. O estilo literário é repleto de bela capacidade descritiva, com parágrafos longos, cheios de diálogos internos e fluxos de consciências "siderais" misturados com os diálogos do personagem, sem a possibilidade de respiros e arejamentos. Se aprofunda nos dilemas éticos e morais da sociedade, criando romances psicológicos densos, o que lhe rendeu uma equiparação a Dostoievski.

O LIVRO
Esse foi o último trabalho de Wassermann, a trilogia "O Processo Maurizius", "Etzel Andergast" e "A terceira existência de Joseph Kerkoven". E nesse primeiro volume, ele aborda a questão da justiça e a busca pela verdade. Seus personagens são apresentados aos poucos, como pratos a serem degustados. No decorrer do texto vai clareando do que são feitos e o que os sustentam ética e moralmente. É um romance de dupla cronologia, passado e presente, em que inicia-se no presente e logo em seguida o passado vem à tona. A partir daí, uma constância entre essas cronologias se alternam, até se encontrarem na narrativa.

Etzel Andergast é o filho do Barão Andersgast, procurador-geral, que esteve evolvido em um processo polêmico que o alçou a tal posição, O Processo Maurizius. E tudo começa com Etzel, ao ter contato com o tal nome Maurizius, que como um comichão, o conduz a uma busca quase visceral pela verdade em torno do nome e do pai. O processo torna-se o baluarte do romance e do destino de todos os personagens.

CONCLUSÃO
Wassermann, de modo muito profundo e esclarecido, deixa-nos em estado constante de reflexão, em que:

- A ambição, futuramente, cobrará o seu preço;
- A liberdade é um conceito abstrato;
- Os relacionamentos pessoais existem baseado na construção da convivência e não em laços de sangue;
- A justiça é multifacetada;
- A ética e a moral (ou a falta delas) dirigem a vida das pessoas;
- O amor (ou a falta dele) determinará o ruma da vida de cada um;
- As perspectivas determinam o conceito de certo e errado;
- A consciência lhe submeterá a um castigo de culpa, não importa quanto tempo passe.

O livro não é um passatempo; é um estatuto da vida em sociedade, apresentando as consequências de cada escolha feita.

E o título dessa resenha é a eloquente frase do livro: "Castigo do tamanho de um braço para uma falta do tamanho de um dedo".
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