Morgana Gomes 24/01/2022
Cada pessoa tem uma bolsa amarela
Eu pensei que "A bolsa amarela" fosse um livro infanto-juvenil, mas talvez seja o tipo de leitura que pode abrir espaço a várias interpretações a depender da época da vida que você escolhe fazê-la. Penso que se tivesse lido na infância, eu ficaria ali no mundo imaginário, quem sabe até achando engraçado a bolsa amarela ter tanta coisa diferente (desde a lista de nomes para as histórias inventadas até um galo atrás de uma ideia).
Agora que li na fase adulta, percebo temáticas mais fortes e consigo até me reconhecer nelas. Para além do mundo imaginário dentro da bolsa, Lygia Bojunga nos faz refletir sobre o quanto reprimimos nossas vontades desde cedo. Às vezes, criamos vontades que nem precisavam ser criadas e assim como a personagem, Raquel, acabamos escondendo tudo isso em algum lugar. No caso dela, tudo ficou na bolsa.
A bolsa amarela pesava, ficava leve e uma vez quase explodiu. Parecia uma bolsa, mas carregava muito sentimento. Ela representa tudo aquilo que a Raquel preferia esconder para não ter de lidar com as pessoas que não a compreendiam e a faziam se sentir menos pelo fato de ser criança. [E quantas vezes passamos por isso na vida, não é mesmo?]
É através da bolsa e das coisas que acontecem ao seu redor que a Raquel vai se reconhecendo como pessoa, com suas próprias vontades, escolhas e aprendizados. Ela também passa a compreender as perdas, o deixar partir e o recomeçar. Um dos pontos mais lindos é quando ela resolve soltar pipa em plena praia com um céu cinzento se preparando para chover. [Essa parte aqui foi emocionante para mim].
E você? O que você carrega na sua bolsa amarela (que também pode ser de outra cor)? Ela está pesada ou você já aprendeu a tirar algumas coisas dela para diminuir o peso? Fica a reflexão.