Isabela354 09/05/2024
"Uma promessa de vida e morte feita com os nossos amados, de pegar nas suas mãos e envelhecer com eles... era isso. Pensei em você, você veio e foi isso."
Cheguei em Qi Ye unicamente por causa de Word Of Honor (drama inspirado em Faraway Wanderers, spin off dessa obra), porque antes nunca tinha ouvido uma alma viva falando sobre.
Resumidamente: o protagonista, Jing Beiyuan (Jing Qi) é um burguês mimado que em sua primeira vida era apaixonado pelo príncipe herdeiro Helian Yi, um paranóico que acabou desvivendo o pobre do Beiyuan por causa das vozes da cabeça dele. Porém, seis vidas depois ele acaba renascendo no seu eu de 10 aninhos e com essa segunda chance ele percebe que talvez devesse deixar seus sentimentos não correspondidos (será?) de lado e focar em sobreviver à vida na corte. Mas mesmo tento superado seu amor pelo Helian Yi, o Beiyuan sempre demonstra seu apoio a ele nas questões políticas, utilizando seu conhecimento do “futuro” como vantagem, mostrando-se um grande estrategista e manipulador. Tanto que quem viu aquele Beiyuan de Word Of Hornor nem imagina as atrocidades das quais esse cara é capaz, um fato que me fez gostar bastante dele. Acho até que poderia ser descrito como um personagem moralmente cinza.
Nesse momento ele também conhece Wu Xi, o jovem feiticeiro do país vizinho, Nanjiang, levando à capital como refém após uma guerra. Ele é inserido na corte sem ter nenhum conhecido de suas intrigas e costumes, mas felizmente acaba se aproximando de Beiyuan ao se tornar vizinho do mesmo. Ele é visto pelos outros como alguém misterioso, frio e até selvagem devido a sua origem e costumes que divergem muito do estilo de vida frívolo da capital. Porem ao longo da leitura percebe-se que ele é uma pessoa muito sincera e clara de ser entendida, fazendo com que o próprio Beiyuan, o qual se mostra muito desconfiado, se sinta muito confortável perto do Wu xi justamente por vê-lo como uma pessoa extremamente verdadeira, chegando a achar graça da sua imaturidade e forma de pensar simples.
É uma obra de pura intriga política. É irmão armando pra cima de irmão, formação de alianças por debaixo dos panos, assassinato, corrupção trambicagem... As vezes é até complicado entender as maquinações do Beiyuan, mas pra quem gosta desse estilo de livro eu recomendo dar uma chance. Já se você procura algo mais puxado pra fantasia (xianxia ou wuxia) e com bastante cenas de ação, essa talvez não seja a melhor opção. Tanto que até na parte em que eles colocam amaduras e vão pra guerra mesmo é mostrado pouquíssimo da batalha em si
Mas também não podemos esquecer das partes de romance que, por mais que sejam algumas migalhas que surgem da metade pro final do livro, ainda me agradaram muito. A relação dos protagonistas é basicamente um friends to lovers, na qual é muito interessante ver se desenvolvendo a medida que eles crescem (no caso do Wu Xi né, porque o outro é só uma alma antiga que não aguenta mais viver preso no corpo de um adolescente). Por um lado, temos um que sofreu séculos com um amor meio unilateral complicado que lhe rendeu certos traumas, enquanto temos outro descobrindo um mundo novo, tanto no sentido figurado como literal, e que não consegue expressar da forma como gostaria esse amor e fascínio que sente pelo outro.
No geral, achei uma obra legal, bem fluida e curtinha se comparada à grande maioria das novels. Sei que provavelmente não vai agradar a maioria, mas para aqueles que se interessaram acho que vale a pena. Honestamente, não achei uma lá uma grande obra prima nem é a melhor novel que eu já li. No entanto, não me arrependo nem um pouco. Os XiYuan conquistaram um espaço no eu coração.
(Pra que já leu Sha Po Lang, também da Priest: tiveram alguns momentos em que tanto o Beiyuan quando o Wu Xi me lembraram bastante do Chang Geng. Pra mim, mesmo sendo nítido que são todos personagens bem diferentes, ele tem um pouco dos dois e acho que isso fez com que eu me apegasse a eles já que eu tenho o CG como um filho kkkkk)