Ludmilla Silva 13/03/2022"The darkest secrets are the hardest to bring to light"Out of the Shadows é o sexto livro de The High Republic e os acontecimentos se passam logo após o ataque dos Nihils na Feira da República em Valo. Eu diria que até o momento esse é o livro mais calmo e tranquilo dessa era, sem aquele ritmo frenético dos anteriores. E com certeza isso foi para mim um ponto forte, pois eu já estava um pouco cansada daquela estrutura tradicional e ao invés disso Out of the Shadows utilizou esse tempo para desenvolver fortemente seus personagens. Eu descreveria esse livro como aquela parte do filme de terror com a música tensa, quando sabemos que algo está prestes a acontecer, ele basicamente molda o caminho para um acontecimento de extrema gravidade que provavelmente irá acontecer em The Fallen Star.
As protagonistas deste livro são Vernestra Rwoh e Sylvestri Yarrow, Vernestra já havia aparecido anteriormente em A Test of Courage, mas aqui ela tem muito mais espaço para crescimento e evolução, em contraponto é a primeira aparição de Sylvestri e confesso que a personagem já me cativou de primeira. Uma coisa que venho ressaltando dessa nova era de star wars é o quanto eu amo o fato de haver uma mistura entre personagens jedi e personagens não-jedi e eu gosto bastante desse contraste, justamente porque temos de um lado os jedis com aquele ar de superioridade e heroísmo e do outro lado os cidadãos que acreditam que os jedis não ajudam tanto quanto deveriam. E eu não vou entrar no mérito de quem está certo ou não, mas é uma discussão que vem crescendo na saga – como nos episódios das gêmeas e da Ashoka na sétima temporada de the clone wars – e que eu gosto bastante, principalmente porque leva em consideração esse declínio da ordem jedi que já começa nessa era.
A Vernestra é uma personagem muito interessante que sempre me intrigou justamente por ter apenas 17 anos e já ser uma cavaleira jedi com seu próprio padawan. Aqui nesse livro conseguimos perceber um pouco mais das suas inseguranças, mesmo ela sendo tão nova e tão sabia ela se sente bastante insegura perante a algumas decisões e posicionamentos e também se questiona se é o suficiente para seu padawan Imri. Além do mais, vemos que Vernestra é bem mais talentosa do que parece, ela possui visões – algo que seu antigo mestre Stellan Gios acredita estar fortemente ligado a habilidade de antigos jedis de se conectarem com o hiperespaço - e depois entendemos que essas visões estavam ligadas a Mary San Tekka e que está última acabou passando alguns de seus dons para Vernestra. Eu admito que a personagem me intriga muito, mas penso que ela é basicamente o futuro da Ordem Jedi e tenho certeza que essa conexão emocional com Mary San Tekka vai ser de extrema importância nos próximos capítulos.
Junto a Vernestra, temos Imri, Reath e Mestre Cohmac, que obviamente tiveram papéis secundários, mas ainda muito significativos. Eu gostei muito da conexão que o Imri tem com a Vernestra, mesmo ela tendo dúvidas de como ser a melhor mestre para ele, este sempre esteve ao lado dela e sempre pareceu feliz e honrado de ser ensinado por ela, achei interessante também que o livro trabalhou a enorme sensibilidade que Imri tem perante aos seres ao seu redor, algo que pode ser tanto um presente quanto uma maldição. Em relação ao Reath, gostei que o livro enfatizou o quão difícil está sendo para ele ser padawan do Mestre Cohmac, não porque este último é incapaz, mas, porque ele sempre desafia Reath a sair de sua zona de conforto algo que ele nem sempre está disposto a fazer, amei saber que ele também tem uma espécie de crush em Vernestra e que ainda se sente em conflito no que tange aos seus sentimentos em relação a Nan, a Nihil que o enganou em Into the Dark.
Para mim o ponto alto da história foi sem dúvidas Sylvestri Yarrow. Ela é uma personagem bastante humana, e acho que essa é a melhor forma de a descrever, pois ela está sempre em conflito consigo mesmo, no sentido de tentar entender o que é melhor para ela e para aqueles ao seu redor. Ela tem um passado muito triste e solitário após a perda da sua mãe, o termino com a sua namorada e também a perda da sua nave e de todos os seus pertences, pelo último motivo ela acaba sendo “influenciada” e faz escolhas um pouco questionáveis na tentativa de conseguir uma nave e tentar retomar a vida dela. Ao longo da história, vamos acompanhando os dilemas da personagem, principalmente em relação a sua mãe, aos Nihils e aos Jedi e isso é algo que me agrada bastante.
E é claro que eu não iria esquecer do romance entre Sylvestri e Jordana, acho que é o primeiro ou um dos primeiros relacionamentos abertamente LGBTQIA+ de star wars, um romance lindo e que dá tudo certo no final, sério que felicidade. A química delas é incrível, e eu adorei que elas não ficaram juntas logo de cara e sim resolveram seus problemas – que por sinal eram muitos – para depois tentarem engajar em um relacionamento saudável. Foi lindo e eu surtava com qualquer interação das duas. Eu estou muito feliz com essa era de The High Republic, pois a questão da representatividade está aparecendo mais e mais aqui, de um modo natural e bem construído, diferente de outras eras e mídias da saga. E quando isso acontece, obviamente temos que celebrar.
Em relação a narrativa em si eu não tenho muito o que eu falar, como eu disse tudo aconteceu de forma bem gradativa, eu gostei muito de algumas dicas e cliffhangers que ficaram para as histórias futuras. Eu ouvi o audiobook e isso foi ótimo para mim, pois eu ouvia de pouquinho em pouquinho combinando com o ritmo do livro. Devo ressaltar que teve vários elementos ou easter eggs aqui presentes que eu amei muito, como: 1) A aparição de Yaddle. Eu amo essa personagem e em muitos momentos ela simplesmente parece ser esquecida na saga, então amei a ver aqui e amei que ela já era mestre e estava dando conselhos para a Vernestra. 2) O treinamento com os sabres de luz. Aqui no livro tem um momento que Vernestra e Reath estão duelando e para isso eles usam roupas e sabres especiais para treinamento e eu achei esse detalhe muito interessante, pois sempre me questionei como eles treinavam sem se machucar.
3) Sylvestri se apaixonando por literalmente qualquer menina bonita que ela via. Essa parte para mim, foi muito cômica e eu achei o máximo, pois Sylvestri tinha crush em qualquer menina e por vezes ela estava revoltada com o mundo, mas não poderia deixar de ressaltar a beleza da mulher ali na sua frente. 4) Matar ou não matar Nihils. Aqui também tem aquele questionamento se matar ou não Nihils é ético, ou não, e isso acontece quando Jordana mata vários como uma forma de se defender. E para ser sincera eu não achei nada demais essa atitude dela, esse discurso muito preto no banco, de herói e de jedi, eu acho um pouco problemático às vezes e já presumo que vai ser muito perigoso de agora para frente, pois se eles não matarem os Nihils, os Nihils vão os matar e não tem como escapar disso.
Por fim, a história e a narrativa principal como um todo foi interessante e ok para mim, nada demais, porém o que mais me agradou mesmo foram os personagens e os pequenos detalhes aqui presentes. Eu me diverti muito, descobri alguns segredos e detalhes da saga e me senti cada vez mais próxima desses personagens, que se tornaram muito queridos para mim. Espero ver eles (bem e vivos) nos próximos livros e eu recomendo demais Out of the Shadows para aqueles fãs que já estão nessa investigação e paixão pelos livros de The High Republic.