stopmakingsense 26/10/2024?O negócio é o seguinte, Jennifer Moreau? ? minha voz estava surpreendentemente alta ?: ?Eu não perdoei você.?
?Eu também não perdoei você, Saul Adler.?
Eu pensei bastante sobre o que escrever a respeito desse livro. São tantos pensamentos, tantas sensações, que não sei se serei capaz de reproduzir com fidelidade o que senti lendo o homem que viu tudo.
Gostaria de começar elogiando a criatividade e a escrita da Deborah Levy. Eu amo o tipo de livro que a gente vai lendo e não faz ideia do que vai acontecer, de quais decisões os personagens vão tomar. Adoro ser surpreendida. Eu me sentia sobressaltada a cada desdobramento não previsto. E que escrita deliciosa! Às vezes, a história ficava um pouco monótona, mas eu não conseguia parar de ler. Tinha a sensação de que a autora me pegava pela mão e me guiava pela RDA e, posteriormente, pelos corredores de um hospital na Inglaterra.
E o que falar dos personagens? Muito palpáveis, muito críveis. Foi quase como sentir que eu acompanhava Saul Adler por suas viagens e interagia com as mesmas pessoas que ele. São personagens bem humanos, cheios de defeitos e qualidades, que tomavam decisões equivocadas e feriam pessoas, mas suscitavam sentimentos de cuidado e empatia. Senti raiva de alguns e carinho por outros, mas nunca fiquei inerte.
Essa é minha segunda leitura da Deborah Levy, e acho que essa é uma característica dela: criar personagens tão fortes e presentes que o pano de fundo acaba ficando em segundo plano. São as pessoas e suas complexidades que nos levam pela mão através das páginas de seus livros. É claro que, aqui, a trama e o local são relevantes, mas os personagens brilham tanto que, às vezes, isso era tudo o que importava para mim. Senti imensas saudades do Saul e da Jennifer quando tudo acabou.
Enfim, não sei se consegui descrever nem a metade do que senti lendo esse livro. Espero, de todo coração, que mais pessoas leiam esse livro e tenham experiências tão positivas e marcantes quanto as minhas. Cada página, cada palavra, cada vírgula, vale muito a pena.
?Já não era mais um historiador menor. Talvez eu fosse a história em si, atirando para todos os lados, às vezes todos ao mesmo tempo.?