Marcelinho :) 10/05/2022
A Clássica Distopia
1984 caiu em minhas mãos de repente, uma leitura não planejada, mas a experiência foi inesquecível.
Muito ouvi falar desse livro, por ser um clássico, sem saber muito a respeito, só comecei a ler quando tive chance.
A narrativa, datada época da década de 1940, é meio complicada de início, mas dá pra acostumar, a trama é uma destopia, em uma parte do mundo tomada por um regime completamente totalitário, mas completamente mesmo, em um nível assustador. O protagonista, Winston Smith, pode ser considerado a personificação do leitor, pelo menos no início do livro, já que assim como ele, estamos descobrindo sobre esse mundo sombrio onde tudo é controlado, as pessoas apoiam um regime absurdo e aos nossos olhos e aos olhos do protagonista, isso é inacreditável, e deve ser parado.
O primeiro ato em si, é cansativo às vezes, assim como quase todo livro, levemente parado, pois ainda estamos aprendendo sobre o universo criado na obra, aprendendo suas regras, limites e história, portanto, os primeiros capítulos podem ser entediantes, dependendo do leitor e a situação permanece assim praticamente o fim da parte.
Winston é um homem de quase quarenta anos, um cidadão comum, vivendo nesse "caos", e tentando lembrar como o mundo chegou em tal situação.
O segundo ato, Julia é apresentada na história, uma mulher também contra ao regime do Partido, que se apaixona por Winston e eles fazem o possível para ficar juntos, sem serem descobertos, já que nesse país onde vivem, até o amor foi desmanchado, se tornando uma coisa programada e sem vida. Os capítulos são mais emocionantes, pois você fica aflito pelos riscos que os dois correm, lutando para sobreviver.
E o terceiro ato, é uma explosão de reflexões, uma experiência, quase tortura mental se você permitir a ideia entrar, muito do mundo que vivemos, das coisas que acreditamos é questionada nessa parte, acho que é a parte onde a obra mais brilha, são linhas fortes demais, pensamentos surpreendente avançados para a época que foi publicado.
O final também tem seus questionamentos, já que deixa a dúvida na mente sobre o que acontece, podendo deixar alguns leitores confusos. Porém, o que eu pelo menos peguei desse livro, é que a história não é o foco, mas o ambiente, o mundo criado pelo autor, a ideologia imposta nesse mundo, as críticas ao mundo aqui fora, é uma experiência chocante pra quem gosta de obras assim, eu mesmo me vi surpreso, no início você acha tudo um absurdo, uma coisa inadmissível, mas no terceiro ato, as coisas mudam, tudo é explicado e justificado de uma jeito tão detalhado que chega a ser assustador, é como se o Partido entrasse na sua mente. E isso é o foco aqui, o jeito que esse mundo foi trabalhado, as páginas e mais páginas detalhando tudo que acontece e por que acontece, é surpreendente.
Nunca li algo com esse nível tão alto de riqueza em detalhes pra uma realidade fictícia, e fico feliz que tenha lido isso.