Salvatierra

Salvatierra Pedro Mairal




Resenhas - Salvatierra


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Tuka Queiroz 11/05/2024

Pedro Mairal tem uma escrita fluída, fácil entendimento e a forma como ele descreveu a história de SALVATIERRA, me cativou.
Juan Salvatierra, artista que ficou mudo após um acidente com um cavalo, adquiri o amor pelas telas e relata sua vida, as pessoas e o lugar onde mora em rolos de tela gigantescos.
Após sua morte, seus filhos vão a seu galpão e acham essa preciosa obra. Como cada rolo retrata um ano, há um buraco na linha do tempo. De 1960 pulou para 1962, onde estaria o rolo que retrata o ano de 1961?
Aí começa a saga do filho Miguel, em busca da parte da história que faltava e nessa busca, ele descobre muita coisa sobre a vida de seu pai.
Um livro curto, que descreve relações e até um descaso e falta de valorização pelas artes e cultura.
Gostei muito, achei bonita e recomendo.
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Rafael Mussolini 26/04/2024

Salvatierra
"Salvatierra" do Pedro Mairal (Editora Todavia, 2021) é um romance arrebatador. Com uma escrita envolvente e bastante confessional, o autor conta a história de Salvatierra, um artista que dedicou sessenta anos de sua vida a uma pintura que na decorrência de sua morte já contava com 4 quilômetros de extensão. Sua pintura segue o curso de um rio, e partindo dessa continuidade que o curso das águas representa, o pintor foi eternizando por toda a tela vários episódios importantes de sua vida, como se aquela arte fosse também sua biografia.

O processo de criação da tela de Salvatierra é singular, como também sua própria história de vida. Quando ainda muito pequeno sofreu um acidente de cavalo que danificou suas cordas vocais. Ele cresceu sem carregar as mesmas expectativas que eram colocadas sobre os ombros de seu irmão e demais homens da família. Salvatierra teve a oportunidade de crescer acompanhando as mulheres da família e logo se aproximou de um artista da região que o apresentou à pintura.

"Segundo contavam, enquanto ele ainda se recuperava, punham sua cama debaixo do caramanchão e ele desenhava pássaros, cachorros, insetos, e fazia retratos furtivos das primas adolescentes e das tias cinquentonas tomando limonada fresca à sombra do fim da tarde".

Toda a comunicação perdida através da fala se projetou no olhar atento de Salvatierra para seu próprio mundo. Ele agora era visto pela família como um inválido, “passou a ser o mudinho, o bobo da família”. Mas foi com um episódio de quase morte que nasceu aquele que seria a própria memória da família.

Miguel, o filho mais novo de Salvatierra é o narrador do livro. Quando o pai morre e os filhos se veem com a missão de dar um destino para a grande obra do pai, a história passa a nos levar para questões especiais que versam sobre arte e fazer artístico, memória, afeto e família. É emocionante acompanhar a narração de Miguel e ver como ele vai descobrindo a essência do pai ao analisar cada um dos rolos de pintura. Em certa ocasião ele chega a dizer: “Às vezes, sentia que estava conhecendo meu pai pela primeira vez”. Assim, vai conhecendo também a si mesmo e a história de sua família. A ideia de quem realmente era Salvatierra vai se desnudando e por vezes se anuviando ainda mais à medida que cada tela é desenrolada.

Durante a leitura e olhando detidamente para a forma como Miguel analisa o próprio pai, acabamos fazendo alguma relação com o conto “A terceira margem do rio” de Guimarães Rosa, uma vez que estão ali presentes o rio enquanto rio e o rio enquanto metáfora. Tanto o romance como o conto versam sobre essa maneira de registrar as mudanças, os deslocamentos e as descobertas que ocorrem em toda uma trajetória de vida, e que também podemos relacionar com a história da arte, da literatura e do pensamento.

As grandes proporções da tela pintada por Salvatierra se difere do alcance que ele desejava em termos de reconhecimento artístico e também de seu estiloso de vida discreto. Durante os anos ele pintou quase que de forma clandestina, em segredo. Suas obras não eram expostas e viviam guardadas em um galpão pertencente a família. Salvatierra era um funcionário dos correios exemplar e nas horas vagas o pintor de sua própria vida.

Essa aversão do artista à exposição e sua própria reclusão que tem relação com a vida que precisou levar após o incidente que sofrera, abre algumas brechas na narrativa, que Pedro Mairal preenche com uma audaciosa reflexão sobre a importância da arte e outras questões que perpassam a produção artística.

"Se eu fosse desmentir os erros de tudo o que está sendo dito e escrito sobre meu pai, não teria tempo para mais nada. Preciso me acostumar à ideia de que a obra de Salvatierra já não é mais nossa (refiro-me à minha família) e que agora ela é vista pelos outros, contemplada pelos outros, interpretada, mal interpretada, criticada e de algum modo apropriada pelos outros. É assim que deve ser".

Viajamos pela vida dessa família através das descrições e das imagens pintadas por Salvatierra, que soam tão nítidas mesmo pela leitura, como também somos levados a pensar sobre as diversas formas de consumir arte e como nasce uma persona artística que será exaltada, admirada por críticos e leigos.

Já nas primeiras páginas ficamos sabendo que Salvatierra se tornou um artista cultuado e analisado por especialistas e o narrador também nos mostra o quanto seu caráter misterioso e sua aversão à exposição serviram como incremento para saciar essa nossa sede de criação de mitos.

"Esse mito que está sendo criado em torno da figura de Salvatierra nasce em virtude de seu silêncio. Quer dizer, da sua mudez, da sua vida anônima, da longa existência secreta de sua obra e do quase total desaparecimento dela. O fato de que apenas uma tela tenha sobrevivido faz essa peça única valer muito mais. O fato de ele não ter dado entrevistas, não ter deixado nada escrito sobre sua pintura nem ter participado da vida cultural, nem nunca ter exposto, faz com que curadores e críticos possam preencher esse silêncio com as opiniões e teorias mais diversas".

Os filhos de Salvatierra herdaram a grande obra do pai e não imaginavam os lugares que aquela tela os levariam. Especialmente para Miguel, a possibilidade de encontrar um apoio para expor e conservar a obra do pai, se torna uma obsessão. Esse desejo se torna ainda mais latente quando ele descobre que um dos rolos da pintura do pai foi roubado há quase 40 anos.

"Em relação à totalidade da obra, o fragmento que faltava era mínimo, mas eu queria encontrá-lo porque me incomodava aquela brecha, aquele salto numa obra tão contínua. Se estivessem faltando quatro ou cinco rolos eu não teria me dado ao trabalho de procurá-los, mas, sendo um só, a pintura estava muito perto de alcançar aquela fluidez absoluta buscada por Salvatierra para que eu não fizesse um esforço. O quadro não tinha nenhum corte vertical. Era uma única continuidade, um único rio".

Enquanto segue as pistas para encontrar o fragmento roubado da obra, Miguel esbarra com episódios que o farão se aproximar ainda mais da figura de seu pai. Alguns fatos ocupam um lugar de certeza, enquanto outros não passam de meras suposições, como quem observa uma tela e tenta adivinhar as circunstâncias ou motivações que levaram o artista a pintar aquela imagem. Miguel perceberá que uma vida pode ser pintada apenas com as cores que quem a vivencia deseja mostrar, que a vida é fluida como um rio que nos levará para outros lugares ainda que se escolha ficar parado em um mesmo lugar.




site: https://rafamussolini.blogspot.com/2023/04/salvatierra-do-pedro-mairal.html
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Mimi 10/04/2024

Juan Salvatierra, um pintor mudo, humilde e autodidata, deixa aos filhos uma misteriosa obra de arte como herança: um imenso mural que ocupa quase quatro quilômetros de rolos de tecido, produzido em segredo até o dia de sua morte. Miguel, o filho mais novo, é o principal encarregado de tomar algumas providências em relação à inusitada obra: resgatá-la do armazém onde estava guardada (ou abandonada) e providenciar sua transferência para um museu holandês. Começa então o trabalho de decifrar a obra. Ele se vê retratado em um dos pergaminhos quando pequeno, circunstância que lhe traz uma pequena ? porém marcante ? surpresa emocional, por não esperar tanta atenção do pai. E percebe que falta uma parte da obra, cuidadosamente datada. Decide assim ir em busca do que falta e, junto com o irmão Luis, descobre cenas reveladoras de um homem diferente daquele que os mais próximos julgavam conhecer. Publicado originalmente em 2008, Salvatierra é um dos romances mais admirados do argentino Pedro Mairal. Com precisão, sobriedade e lirismo, o autor de A uruguaia explora sutilmente as ligações entre o passado e o presente, entre pais e filhos e entre vida e arte. Uma narrativa evocativa, e cheia de ressonâncias, sobre a verdadeira aventura que envolve o acesso ao mais íntimo daqueles que nos são próximos.

Editora ?Todavia
?112 páginas

?Primeira obra que leio do autor e fiquei apaixonada pela escrita, pela fluidez da leitura.Pretendo ler mais livros dele.
Talvez você possa ter conhecido o autor pelas obras: "A Uraguaia e Uma noite com Sabrina Love .

?É um dos autores latino americano mais promissor.

? A história é muito boa escrita e percebemos no final como moral da história que não conhecemos ninguém.


Alguns trechos:

?Acho que ele concebia sua tela como algo demasiado pessoal, como um diário íntimo, uma autobiografia ilustrada. Talvez devido à sua mudez, Salvatierra precisava narrar a si mesmo. Contar sua própria experiência num mural contínuo. Estava satisfeito por pintar sua vida, não precisava mostrá-la. Viver sua vida, para ele, era pintá-la.?

?Se não gostava de algo que havia pintado, tornava a pintá-lo mais adiante com alguma variação, mas não corrigia por cima. As coisas pintadas eram inalteráveis, como o passado?

?Fiquei impressionado por me ver através dos olhos dele, pois dava para notar o quanto sofreu com minha partida. Senti que ele me falava com seu quadro e vencia o silêncio enorme que existira entre nós dois. Agora ele me falava com o amor da sua pintura e me dizia coisas que nunca havia conseguido dizer.?

?Livro recebido pelo clube de literatura @literatour.
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Jéssica Amorim 12/01/2024

Primeiro livro que leio desse autor e amei. Li em um dia. Sua escrita é fluida, simples, cativante, o texto te leva sem você perceber. Amei a história da descoberta do seu pai e das relações familiares por meio da tela.
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Bianca.Drewnowski 06/11/2023

10/10
Livro incrível! É curto, bem escrito, e a história é espetacular. Gostei demais. O fim é excelente também. Com certeza vou ler as demais obras do Pedro. Vale muito a pena! Leiam!!!
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Sara 16/10/2023

Arte
A busca pelo autoconhecimento e a tentativa de cortar o cordão umbilical paterno são os temas centrais dessa história.

Revirar o passado pode não ser tão confortável como tantos imaginam mas também pode "desutopificar" as suas mais belas imaginações e vivências da infância te levando a mudar não só o passado como também seu futuro.

Pedro Mairal consegue "pintar no papel" imagens tão vivas quanto os quadros de Salvatierra.

Acredito que não pude aproveitar por completo a obra devido minha rasa experiência com obras de arte mas esse livro despertou em mim o querer aprender e acredito que essa seja uma das coisas mais importantes que um livro pode fazer.
Vanessa Bicelli 16/10/2023minha estante
Oie! Tudo bem? Estou participando de uma rifa solidária de 2 kindles + vouchers de R$ 50,00 na editora The Gift Box, existe algum grupo ou comunidade que possa me ajudar a divulgar? Todo valor arrecadado será pra uma ong de combate ao câncer de mama. Obrigada!




Raquel S. Ramos 18/07/2023

Pra você que quer um livro de aventura que: 1. Não tenha elementos fantásticos e 2. Com personagens adultos. Aqui temos histórias de família, mas sem excesso de drama. Todas as reviravoltas da história seriam possíveis numa história de vida real, e, ainda assim são surpreendentes e tocantes.
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DaniM 02/03/2023

Salvatierra
Uma melancólica história de família. A morte do pai leva os filhos a descobrirem quem foi o verdadeiro Salvatierra, não só através da obra a qual ele dedicou sua vida, mas através dos relacionamentos que ali foram retratados.
A percepção dos pais como pessoas – para além da paternidade/maternidade – é sempre um choque pros filhos, não importa com que idade eles comecem a ter essa visão.
Uma história delicada, sensível e muito bem contada. Pra ler numa sentada.
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Jean Bernard 26/01/2023

A vida em uma obra
Salvatierra pintou sua vida em mais de 60 rolos de tela. Seus filhos tem agora a missão de encontrar o que fazer com essas telas. Se deparam com a vida do pai pintada e refletem sobre o tempo, sobre a relação que tiveram com o pai, com o presente e o passado. Mas uma das telas está faltando? Onde estará?
Já tinha lido A Uruguaia de Pedro Mairal e gostado muito. Mas esse livro me sugou por inteiro. Li em 2 dias com vontade de quero mais.
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izabelaborges 12/01/2023

Bom
O livro narra a busca de um filho pela parte que falta de um quadro pintado por seu pai (sim! É um quadro enorme composto por vários rolos!)
O autor tenta manter um suspense quanto ao que será descoberto caso essa parte seja encontrada, mas esse mistério não me prendeu.
Li rápido porque o livro é pequeno e a narrativa é fluida, mas para mim não passou de um livro para ?passar o tempo??
Adriano.Mota 14/01/2023minha estante
O tema parece muito interessante, uma pena que o suspense não tenha sido bem conduzido, mas vou anotar.




Dessa 02/01/2023

"Ocupamos os lugares que nossos pais deixam em branco."

Mergulho em um diário pessoal através de longas telas. Uma tentativa de conhecer nossos pais e como isso reflete em nós. Assim como a arte a vida também é frágil.

Livro gostosinho de ler.??
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Flor.Brito 28/12/2022

Sem palavras
Esse livro me envolveu de uma forma que não consigo nem colocar em palavras. A descrição das telas junto com a história de vida da família Salvatierra, simplesmente uma obra de arte. As páginas se passam tão rápido e eu me sinto vendo a tela quilométrica sendo descrita como um rio.
Apaixonada nesse livro, da muita vontade de ver um filme dele, mas penso que as telas foram feitas para serem imaginadas perfeitamente com as imperfeições do Salvatierra.
Simplesmente perfeito.
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Ricardo256 16/10/2022

Salvatierra
Escrita maravilhosa, trama envolvente e final muito lindo. Muita chance desse livro estar no meu top 3 das melhores leituras da atualidade desse ano. O livro vai contar a história de dois irmãos que buscam encontrar o último quadro da obra de Salvatierra. Esse pintor, que leva o nome do título do livro, pintou mais de 60 obras durante a sua vida, mas falta uma para completar a coleção. E aí, aguentem os corações para as fortes emoções. Muito bom! Quero ler outros livros do Pedro Mairal.
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