Carla.Parreira 03/03/2024
Ser Humano - Manual do Usuário: as Origens, Os Desejos e o Sentido da Existência Humana (André Rabelo). Melhores trechos: "...De maneira geral, quando as pessoas estão satisfeitas com as suas relações, elas costumam se sentir mais felizes, mais saudáveis e ficam com a saúde mental mais bem protegida contra possíveis ameaças. No entanto, quando o assunto é relacionamento, é claro que nem tudo se resume a passarinhos cantando, duendes se abraçando e unicórnios vomitando arco-íris em um rio de marshmallow... Existem mesmo pessoas que podem estar vivendo em uma situação muito mais vulnerável do que o seu amigo, mas não é com base nisso que medimos ou planejamos que emoções vamos sentir, não é mesmo? Mesmo porque não há como planejar ou escolher quais emoções sentir. Sempre é legítimo vivenciar as emoções que sentimos, independentemente da nossa classe social. Todo sofrimento é ruim, incapacitante e indesejável. Todo sofrimento grave gera a motivação de nos livrarmos desse sofrimento, não importa o que esteja acontecendo à nossa volta... Comunicação empática se traduz em falas que podem instigar a pessoa a refletir sobre a resolução de seu problema, em paráfrases que a incentive a se expressar em maiores detalhes e em sínteses do ouvinte para verificar se o entendimento está correto. Tudo isso demonstra que quem ouve está atento à pessoa e que podem fazê-la se sentir compreendida por alguém, algo que costuma trazer um alívio para quem constantemente ouve dos outros que há algo de errado com ela. Uma conversa guiada pela empatia vai envolver uma troca espontânea de compreensão entre as partes, cujo objetivo principal deve ser o de oferecer apoio, não de tentar resolver o problema da pessoa por ela... É perfeitamente possível que as pessoas pensem que a realização de múltiplas tarefas seja próspera, mas, na verdade, a eficiência é bem menor em cada uma delas, se fossem feitas uma de cada vez. E de fato isso é o que exatamente costuma acontecer com a maioria das pessoas... A intuição dá conta de coisas mais simples, previsíveis, concretas e familiares, mas qualquer complicação a mais já pode pifá-la. Se quiser ver como isso é verdade agora, é simples: me diga rapidamente o primeiro número que vem na sua cabeça quando eu lhe peço para calcular quanto dá 338 × 273. Agora faça essa conta com calma e me diga: o número que a sua intuição lhe trouxe estava correto? Suspeito que não. Já se eu lhe pedir para calcular 2 × 2, a resposta correta vem quase automaticamente à sua consciência... Muitas pessoas veem a intuição como se fosse uma parte mais mística da nossa mente e dá para entender por que elas sentem isso. A nossa própria consciência a respeito da intuição é limitada e realmente parece misterioso o modo como ela chega até nós de forma muitas vezes sutil, repentina e ambígua. Quando você acaba de conhecer alguém e tem a intuição de que aquela pessoa pode não ser muito legal, de onde vem esse pensamento? Por que você está pensando isso da pessoa sem conhecê-la? A resposta para ambas as perguntas é que provavelmente a sua intuição está realizando uma predição sobre o seu ambiente, com base na sua percepção e na sua memória. Essas predições da intuição facilitam que nos adaptemos mais rapidamente às circunstâncias que nos cercam enquanto gastamos o mínimo de energia necessário... Pensar de forma positiva quando todas as probabilidades estão a seu favor desde o começo pode realmente passar a impressão de que o seu pensamento está fazendo alguma diferença, mas talvez já houvesse uma grande chance de que várias coisas positivas acontecessem independentemente do que estivesse mentalizando... Os pensamentos negativos não devem servir para a imobilizar as pessoas de agir, nem as tornar fatalistas, mas ignorá-los todas as vezes pode ser um erro também. Muitas pessoas tentam suprimir pensamentos negativos assim que eles surgem, e acabam caindo em uma cilada cognitiva. O que ocorre é que, ao tentar reprimir um pensamento, alguém pode acabar ativando mais ainda esse pensamento. Esse é o efeito irônico de uma tentativa de supressão do pensamento. Se ao tentar suprimir um pensamento, a pessoa acabar pensando mais ainda nele e ficar irritada, ela pode tentar reprimir mais e ativar mais ainda o pensamento... Desse modo, pessoas mais humildes conseguem perceber de forma mais realista as próprias limitações, têm a mente mais abertas a novas ideias, costumam tratar os outros com mais respeito e são mais capazes de buscar a conciliação depois de uma situação conflituosa. A maioria das pessoas – inclusive eu e provavelmente você – tende a gostar mais das pessoas que consideram ser humildes do que das arrogantes ou orgulhosas. Isso pode ocorrer porque, na prática, a humildade sinaliza para os outros que a pessoa é mais acessível, amigável e confiável. Quem é mais humilde, além de ser mais cobiçado no mundo das amizades, tende a ser mais saudável fisicamente, mentalmente e a se sentir mais satisfeito com a própria vida. O jeito mais leve de interagir com os outros acaba funcionando como uma proteção contra o estresse, visto que pessoas menos humildes podem ter mais dificuldades de reconhecer os erros, lidar com as críticas, ideias diferentes ou encerrar os conflitos com os outros..."