soso.taylors 20/10/2024
"Para ela, na verdade, era como se os seus olhos fossem a tela e as pessoas, a pintura; as mais belas e caras artes em um museu, e estavam ali para serem admiradas, suas belezas tão estonteantes e delicadas que era como se um simples toque fosse retirar todo seu valor. E Caroline estava mais do que feliz em poder passar o resto de sua vida admirando de longe e, como sempre, elogiando para quem quisesse ouvir. Não mentiria para si mesma, no fundo, ainda desejava ter uma obra de arte para si, mas não sentia a necessidade de tocá-la."
Eu sou uma bebezinha na comunidade assexual, me descobri ace há pouco mais de dois meses atrás, após sair com um garoto e notar que eu não sentia nada por ele além de atração física. Aquele dia mudou a minha vida pra sempre, mudou a maneira que eu me enxergo perante as outras pessoas, e acredito que a parte mais insana é observar que eu sempre me senti desse jeito, só não sabia como nomear. Sempre me senti meio errada, meio fora da curva. Sempre tive essa curiosidade de saber como era fazer sexo, mas nunca tinha me sentido pronta pra fazer isso com alguém, e nas raras vezes que senti, não fui em frente. Sempre me achei meio anormal por ser assim, ao mesmo tempo que achava que só não tinha conhecido a pessoa certa, só que essa pessoa certa nunca apareceu, então eu comecei a achar que o problema era em mim. E quando eu saí com esse garoto, observei que ele era praticamente perfeito: era bonito, gostoso, legal, interessante, engraçado... Tudo o que eu gosto em um cara, mas não havia nada além a atração física, e no primeiro momento eu achei que tudo bem. Eu não me apaixono com facilidade, mas eu sempre esperei que pudesse sentir atração sexual mais facilmente, mas nunca senti. E mesmo as poucas pessoas que me apaixonei, só consegui sentir atração sexual por uma delas. E quando percebi o completo nada que sentia por esse garoto, voltei pra casa chorando, crendo que tinha algo de errado comigo. Foi aí que pensei na assexualidade, e no dia seguinte li o manifesto. Passei uma semana matutando sobre isso, e conversando com um amigo meu que é assexual, e cheguei a essa descoberta assustadora. Por isso, resolvi imediatamente procurar livros que abordam esse tema, pra conseguir me encontrar e me acalmar e não me sentir tão sozinha. Porque essa estrada é solitária e assustadora, e eu só tenho dois amigos assexuais, com algumas experiências semelhantes e distintas das minhas. E eu fiquei muito feliz em me encontrar nesses contos, fiquei muito feliz de me enxergar nessa antologia maravilhosa, fiquei feliz de perceber que não tem nada de errado comigo, eu só sou diferente. E provavelmente vai levar mais algum tempo até eu aceitar a minha assexualidade do mesmo jeito que aceito minha bissexualidade, mas acho que isso é parte do processo.