spoiler visualizarGuilherme 13/11/2024
Resenha Sociedade de Proteção dos Kaijus de John Scalzi.
John Scalzi, conhecido principalmente pela saga guerra do velho (old man’s war) lançou este ano, aqui no Brasil um dos seus trabalhos mais recentes, A sociedade de preservação dos Kaijus (The Kaiju Preservation Society), originalmente publicado no ano de 2022.
O livro é curto, possui 368 e se trata de um volume unico, sem previsão de continuações.
Diferentemente dos demais livros do autor que li, este é ambientado em nosso mundo e na nossa época, mais especificamente durante a pandemia de covid 19. A razão, é bastante óbvia, o autor estava trabalhando nele durante a pandemia, e de certa maneira carrega parte da experiência do autor durante o período de quarentena.
Isso ao meu ver é uma faca de dois gumes, por um lado traz um relato bastante atual do cenário social e econômico. Por outro, aborda uma ferida ainda muito recente em nossa memória, e pode trazer lembranças indesejadas para alguns leitores. Não sei como esse livro irá se comunicar com as futuras gerações.
A história conta com partes muito engraçadas, novamente partindo para uma visão um tanto sarcástica para produzir o humor
Infelizmente nem mesmo o humor,a ambientação e a parte de ficção cientifica em si ( Kaijus e toda a parte da terra alternativa), foram suficientes para salvar o livro para mim.
Eu poderia vir aqui e abordar os personagens, como geralmente faço, mas sendo sincero, é só ir olhar os personagens da resenha de Reshirts e você terá o panorama geral.
É chato dizer isso, mas Sociedade de Preservação dos Kaijus, para mim, mostrou como os personagens de John Scalzi são todos parecido em questão de opiniões e personalidade.
Existe sempre uma aura sarcástica em volta do protagonista,que sempre é o responsável por unir o grupo principal, e esse grupo, independente de idade,gênero,nacionalidade ou formação, sempre contará com um personagem inteligente, mas estourado, outro igualmente inteligente, mas fechado e debochado, que será o alvo das brincadeiras do grupo, e um membro que tem única função ser o conciliador dos outros dois, geralmente o mais ingênuo do grupo.
É comum o uso de estereótipos em livros, eu entendo, não é o primeiro livro que faz isso, é a coisa mais comum do mundo, mas a minha impressão geral é que são sempre os mesmos estereótipos. Não importa o contexto que estão inseridos, o personagens de Jonh Scalzi parecem se comportar sempre da mesma maneira.
Isso me desencantou um pouco. É semelhante a cozinha, se você sempre comer da mesma coisa, eventualmente irá enjoar…. E A Sociedade de Preservação do Kaiju teve esse efeito em mim.
Eu também acho que o livro demora um pouco para apresentar um conflito, durante grande parte nós apenas estamos sendo apresentados a terra alternativa, e aos 70% é que algo realmente acontece. Apesar disso, acho que muito da construção feita não é aproveitada no terço final da história.. Se existissem planos para outras obras eu talvez pudesse afirmar que toda a construção de mundo é voltada para os demais livros da franquia, mas sendo um volume único isso não se aplica .
Não estou dizendo que o livro não possui seu méritos, a leitura é cheia de referencias e o subtexto é extremamente interessante. O livro brinca, com personagens dizendo em alto e bom som que é clichê dos filmes de monstros gigantes o questionamento do verdadeiro monstro na história. Eu contudo vejo de um modo diferente. Neste livro, nós somos os kaijus, aparentemente superpoderosos e independentes, mas ao mesmo tempo, um ser infinitamente menor ( humanos/coronavírus) pode causar sua destruição.
É uma leitura magnifica se você nunca teve contato com outro livro do autor, mas eu ja li o suficiente para me cansar um pouco.