jota 12/12/2022BOM: cinco narrativas de Jack London bastante variadas, algumas até mesmo exageradas Lido entre 06 e 11 de dezembro de 2022. Avaliação da leitura: 3,8/5,0
História de Um Soldado é uma coletânea de cinco contos de Jack London (1876-1916), uma pequena amostra das mais de duzentas narrativas curtas que publicou. Essa edição da Hemus, meio descuidada e sem data, que parecia destinada ao público juvenil, traz diversas ilustrações em branco e preto, mas a capa não parece ter tanto assim a ver com o conteúdo. Além disso, não traz nenhuma informação sobre os contos, apenas os títulos originais publicados nos EUA.
De todo modo, como a editora ressalta na capa traseira, temos aqui narrativas “no estilo vívido e direto próprio do autor”, o que é verdade: uma história de guerra, que dá título ao volume, outra sobre o encontro entre uma bondosa menininha e um vagabundo, uma terceira sobre três mendigos manetas, uma quarta sobre os truques de um asiático endividado para escapar da prisão e, por último, o retorno de um pai pródigo para ver seu filho. Vamos a elas:
História de um soldado (War – 1911) mostra as descobertas e os sentimentos de um jovem militar da cavalaria (provavelmente durante a Guerra Civil Americana), em missão de reconhecimento numa zona cheia de combatentes inimigos (provavelmente sulistas). Ele tem a chance de matar um dos soldados, mas não o faz. Isso vai lhe custar muito, muito caro. Bela história, a melhor, porém com final triste.
O vagabundo e a fada (The hobo and the fairy – 1911): uma garotinha encontra um vagabundo dormindo ao sol, perto de sua casa. Ela é bondosa como uma fada (daí o título); protege o rosto dele com sua sombrinha durante bastante tempo. Quando ele acorda conversam; ela tem uma conversa envolvente e fica sabendo que ele é um ex-presidiário sem esperança, que diz ter sido injustiçado, daí sua prisão. O conto termina de modo edificante; mesmo que essa história pareça meio piegas é muito prazeroso lê-la.
Os três manetas (The princess – 1916): três desconhecidos se encontram num mesmo ponto de uma estrada de ferro; eles têm em comum, curiosamente, apenas um braço, são três manetas. Dividem comida e bebida e cada um conta sua história de um passado glorioso (e muito fantasioso) e como perderam o outro braço: um, para um tubarão, outro porque prendeu o membro numa máquina, o terceiro numa explosão. Todos estavam a trabalho, em diferentes ocasiões, curiosamente novamente, para uma mesma princesa (a do título original) dos mares do sul, que desposaria o aventureiro que realizasse o desejo dela. Muita imaginação nesse que é o conto mais longo do volume, o mais fantasioso.
Um nariz para o rei (A nose for the king – 1906): esta me pareceu a história mais fraca de todas, que não combina tanto assim com as demais. É sobre um político coreano corrupto que se não devolver ao reino o dinheiro público desviado acabará na prisão. Acompanhamos então suas peripécias para enganar outras pessoas e obter o dinheiro de que precisa. Tem certo humor, mas não muito.
A volta do pai pródigo (The prodigal father – 1912): um comerciante bem sucedido na Califórnia, Josiah Childs, tempos atrás deixara esposa e filho no leste. Partira para melhorar de vida e acabou ficando no oeste, ficando rico também. Depois de vários anos pensa em voltar para casa e convencer a mulher, com quem não se dava muito bem, a acompanhá-lo de volta para Oakland com o menino, que agora tem doze anos. Viaja e percebe que a mulher continua a megera de sempre, mas o garoto lhe parece bastante amigável. Nem a mulher nem o menino sabem que esse homem, tão diferente agora, é o marido e pai, o pródigo que retornou. Conseguirá ele seu objetivo? Boa história com bom final.