Julio.Argibay 08/11/2024
Hanoi
O romance Ru de Kim Thúy é um relato de sua vida, pelo menos na interpretação. Ela nos conta como foi a fuga desesperada de sua família num barco clandestino com mais de 200 refugiados do Vietnã para a Malásia. A travessia do mar era um perigo, além do clima havia piratas dispostos a matá-los por dinheiro. Assim, com o tempo eles conseguiram seguir para Granby no Canadá. Ela teve dois filhos e um deles era autista. Quando criança a mãe dela a ensinou a partilhar com seus irmãos as refeições. Assim, ela lidou, desde cedo, com as frustrações da vida e, com este método, ela criou laços emocionais com seus filhos. A protagonista tinha uma prima chamada Sao Mai e, quando criação e até adulta, ela era a protegida dessa menina. Segundo a senhora conta, ela era como se fosse uma sombra da garota, pois ela falava pouco e a prima era muito talentosa, além de muitos outros dotes que ela tinha. Este fato provocou, quando já adulta, um certo rancor da mãe. Ela tinha um desejo de que a mãe dela poderia ter feito o mesmo que seu tio dois, tratando a prima e a ela como uma princesa. Só que a mãe tinha outros interesses, ela queria e era a autoridade da casa. Ela informa que, antes dos franceses deixassem o Vietnã e antes que os americanos ali chegassem, os campos vietnamitas eram aterrorizados por diferentes facções de criminosos infiltrados pelas autoridades francesas para dividir o país. Este fato contado é interessante pois, de certa forma, contradiz ao ambiente anticomunista da autora. Haja vista, que foram eles que combateram os invasores franceses e americanos. Pois, sim, a política rola solta aqui e ela, é claro, toma partido. Em seguida, a autora nos leva a muitos devaneios, bem poéticos de como eles viviam no país, antes e depois das invasões e da tomada do poder pelo regime comunista. Ela conta também, que os parentes dela se reúniam em cerca de 30 pessoas, num pequeno apartamento para relembrarem o passado já distante. Eu não consegui relacionar as características da escrita da autora com os romances japoneses, chineses ou coreanos. Apesar de já ter lido um autor japonês comentar esta tal mancha mongólica das crianças que caracterizam os asiáticos, segundo eles.