Fernanda631 31/07/2023
Morte na Mesopotâmia
Morte na Mesopotâmia foi escrito por Agatha Christie.
Morte na Mesopotâmia é mais um dos livros que trazem casos do famoso detetive belga Hercule Poirot e que acontecem no "estrangeiro", tendo em vista que a narrativa se passa em uma cidade árabe.
O mais interessante nesse volume é que, na ficção, ele é o resultado dos relatos feitos pela enfermeira Leatheran que a convite do dr. Reilly escreveu as narrativas do que foi um acontecimento trágico em uma expedição arqueológica, em uma escavação na região desértica de Hassanieh, na Mesopotâmia, a qual ela "participou". E o que a princípio parecia apenas surtos sucessivos, acabaram revelando uma outra história depois de um crime brutal.
No caso a enfermeira foi fazer parte dessa expedição arqueológica em decorrência de ir acompanhar a sra. Leidner, que é esposa do "chefe" da expedição, o famoso dr. Eric Leidner, porém, a mulher está angustiada, apresenta crise de nervos e todos que estão na expedição acabam ficando assustados.
Louise Leidner é uma senhora dona de uma beleza arrebatadora e que guarda um segredo do seu passado, segredo esse que passa a atormentá-la nos últimos tempos e começa a fazer com que ela tenha crises de pavor. Seu comportamento paranóico começa a afetar os membros da escavação, provocando um clima de tensão entre eles, portanto, a vinda de Amy Letheran serviria para apaziguar as coisas.
Com a presença da enfermeira, ficamos a par não só dos acontecimentos reais, mas também de fofocas sobre a expedição, por exemplo, sobre o quanto as pessoas mudaram a partir do momento em que o dr. Leidner casou e levou a esposa para acompanhá-lo no trabalho.
A enfermeira Leatheran percebe a atmosfera bastante tensa e, de certo modo, falsa entre os integrantes da expedição, mas jamais esperou que logo sua paciente seria encontrada morta, o que se torna um verdadeiro choque para todos.
É depois desse assassinato que Poirot é introduzido na narrativa, pois como estava ali passeando na região acaba sendo convidado para ajudar na resolução do crime. Nem preciso dizer que nosso detetive belga dá um show em sua investigação e o quanto ele joga verde para colher maduro, além de perturbar todos os integrantes da expedição que acreditam que o homem não será capaz de resolver esse caso.
Como é de se esperar em um livro de romance policial, todos os empregados e integrantes da equipe de escavação (incluindo a enfermeira Amy Letheran) são suspeitos de terem cometido o crime. A forma como os personagens foram apresentados é magnífica, tem uma riqueza de detalhes impressionante, os motivos pelos quais cada um deles poderia ter sido o autor do crime também são mostrados, assim como a mudança de comportamento de cada um, o que nos faz ficar pensando constantemente em quem de fato cometeu o assassinato
Durante toda a leitura de Morte na Mesopotâmia fiquei tentando juntar as peças do quebra cabeça e ver quem tinha reais motivos para matar a sra. Leidner. Fiquei em dúvida de duas pessoas, porém, depois de alguns acontecimentos tive que descartar minha primeira suspeita, de modo que fui para a segunda suspeita e incrivelmente acertei.
Acredito que a cena que descreve uma das mortes foi a mais imagética (que se exprime por imagens/que revela imaginação) e cruel que li nos livros da Agatha até agora. Dá pra sentir na pele a angústia e o sofrimento dos suspiros finais. Achei essa passagem super impactante.
“Morte na Mesopotâmia” é narrado por Amy Letheran a pedido do Dr. Reilly, embora ela mesma acredite não ter talento para escrever e declarar que só está fazendo por ter sido um pedido do doutor, portanto apresenta características um pouco diferentes do estilo da autora, o que foi uma sacada sensacional! Digno da rainha do crime.
A Agatha escreveu, analisou e reescreveu minuciosamente a trama dessa história. Além de tudo se encaixar perfeitamente, ela fez questão de mostrar todo seu conhecimento sobre a cultura iraquiana.
A obra tem um cenário interessante, personagens bem construídos e um método de elucidação do crime extremamente engenhoso, além de tudo, uma personagem imparcial ter sido a narradora do caso foi uma sacada genial em minha opinião.