Fabio Shiva 19/08/2023
Ou o futuro será ancestral... ou não haverá futuro algum!
Fui profundamente impactado pela leitura desses “contos dos povos indígenas do Brasil”, selecionados e recontados por Leonardo Boff. Na verdade, esse impacto foi tão grande que fez nascer um novo livro em mim, além de mil e uma reflexões sobre esse momento tão único na história da humanidade que atualmente estamos vivendo.
Por um lado, nunca antes estivemos tão conscientes da necessidade e da urgência de salvaguardar as culturas e os povos indígenas, assim como nunca antes estivemos tão atentos para os desastres provocados pela poluição e pela sistemática devastação da natureza. Por outro lado, nunca estivemos tão próximos de um “ponto sem retorno”, tanto nessa inconsequente destruição dos recursos naturais quanto no implacável genocídio das nações indígenas no Brasil e no mundo. E a leitura desse livro lindo e comovente só veio confirmar uma insistente intuição, a de que esses dois temas estão inextricavelmente interligados, a preservação da natureza e a sobrevivência dos povos indígenas, a ponto de uma não ser possível sem a outra.
Sinto que estamos no limiar de dois caminhos possíveis: ou seguimos apáticos diante da “morte anunciada” dos povos indígenas e, logo em seguida testemunharemos “o fim da aventura humana na Terra”, ou despertamos para a sabedoria ancestral dos indígenas a tempo de preservar “o que ainda resta” e evitar a extinção da humanidade. Parece exagero? Veremos...
O que é preciso é justamente resgatar esse conceito do “casamento entre o céu e a terra”, que é trazer para o campo da ação a dimensão espiritual da vida. O homem não existe como um ser isolado no tempo e no espaço. A vida é coletiva, e cada vida individual depende de suas relações com o todo. A humanidade deveria exercer seu honroso papel de guardiã e protetora da Mãe Gaia, mas ainda permanece na ilusão de se ver como dona do mundo, que pode usar e abusar dos recursos da Terra a seu bel prazer...
Sinto que a única forma de não sucumbirmos a uma dolorosa morte por asfixia, fome e sede é resgatar o quanto antes a visão indígena de profundo respeito pela natureza. Isso precisa ser ensinado nas escolas, propagado nos filmes e novelas, celebrado em canções de sucesso, até se tornar um renovado e auspicioso paradigma planetário. Ou o futuro será ancestral, ou não haverá futuro algum.
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