Flâneuse

Flâneuse Lauren Elkin




Resenhas - Flâneuse


9 encontrados | exibindo 1 a 9


Brenda 04/02/2023

Pega o Guanabara e vem
Gostei muito do livro, apesar se ser algo diferente do que esperava. Pensei ser um livro de ensaios, voltado a pesquisa de trajetórias de artistas mulheres, sua relação com as cidades e discussão sobre questões de gênero. Apesar do primeiro e último capítulo se propor a isso, o livro é quase todo autobiográfico, relatos de viagens da autora, intercalados com breves fatos biográficos de artistas ou obras que se relacionam com a sua própria história. Achei bem interessante, gosto desse tipo de leitura, capaz de me transportar para outras cidades e épocas. Me incomodou o capítulo que retrata Tóquio, e pela outra resenha que vi desse livro, parece que não sou a única akkakaka então é bom lembrar que a visão eurocêntrica desse livro pesa a mão da pena em muitos momentos.

Ah, importante pontuar: esquema de pirâmide detectado! Esse livro vai te dar uma lista de outros livros que vão te fazer encher o carrinho de compras da Amazon. ??
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júlia.virgilino 28/09/2024

Flâneuse, mini síntese
Lauren Elkin, escritora, crítica, e tradutora, reúne em Flâneuse - termo interpretado como a figura feminina que vaga pelas ruas da cidade - um compilado de percursos vivenciados pela própria autora que durante a narrativa, estabele relações com outras escritoras, artistas, fotógrafas, cineastas que colocaram, em algum momento de sua trajetória, o caminhar como uma forma de emancipação feminina.
O livro se divide em 11 partes que, com exceção da primeira, da décima e do epílogo, carregam em seus títulos nomes de algumas capitais. De início, Elkin nos situa às suas flâneuseries ("caminhadas")  e nas suas buscas por outras caminhantes. Afirma que a flâneuse sempre esteve presente na história, porém, em uma situação diferente da do flâneur - que se mescla a multidão com o privilégio e o ócio de seu corpo masculino. Apesar das diferenças sociais entre as mulheres que caminhavam em serviço e as que caminhavam por lazer ("bater pernas"), ambas são invisibilizadas pelas questões morais da Europa no século XIX. Foi para "trazer a tona" essas figuras, que a pesquisa da autora se insere. Apresentando retratos que atestam sua existência, não como um flanêur feminino, mas como uma figura de direitos próprios que se compromete com as possibilidades libertadoras de uma caminhada e vai em busca de seus territórios. (Elkin, 2022, p.34)
De Nova York, Paris, Londres, Paris novamente, Veneza, Tóquio, Paris outra vez, para toda parte, em retorno a Nova York e o direito à cidadania francesa, Elkin constrói uma espécie de mapa de viagens onde relata os motivos que a levaram a deixar um lugar, mudar-se, viajar, retornar, sentir não pertencer, mudar denovo e principalmente, suas observações percebidas a flâneuserie. Do lar, dos cafés nas ruas, dos bairros, das pessoas, das multidões, dos protestos, das fugas, e em cada lugar, outra mulher havia passado por ali, em outro momento, e declarado sua experiência: Jean Rhys, George Sand, Virginia Woolf, Sophie Calle, Martha Gellhorn, Joan Didion, Varda Sans, etc.
Desses intercâmbios e cruzamentos, o espaço se refaz.
"[...] podemos nos integrar ao mundo da cidade ao dar atenção às mudanças na paisagem afetiva. Somente tomando consciência das fronteiras invisíveis da cidade é que podemos desafiá-las. Uma flânerie feminina- uma flâneuserie - não se limita a mudar o modo de nos mover no espaço, mas intervém na organização do próprio espaço. Reivindicamos nosso direito de perturbar a paz, de observar (ou não observar), de ocupar (ou nao ocupar) e de organizar (ou desorganizar) o espaço conforme nossos termos." (Elkin, 2022, p.320).
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Michelly 14/11/2022

Colagens biográficas e autobiográficos
Preciso justificar toda e qualquer forma de consideração quanto a obras que começo amando, e termino detestando.

Antes de tudo, o que me chama a atenção nesse livro é esta proposta: o relato, histórico, de mulheres (artistas), que circularam nos grandes centros urbanos. E fizeram do espaço urbano o objeto de sua obra. O que a autora faz é trazer a cena essas figuras, nesses grandes centros, em momentos de grandes destaques para a história mundial. De exemplo, cito a vida de George Sand, em meio aos conflitos travados durante a revolução francesa, ou Virgínia Woolf ao compor Mrs Dalloway, ao circular, ela mesma, pelas ruas de Londres.

Justifico, que adentrar estas figuras que a autora chama de "flaunese" tem chamado a minha atenção, de certa forma, não tanto pelo viés de identidade que a coisa se configura, mas muito mais pela relação entre sujeito e a cidade. Não serei injusta de afirmar que a proposta não foi feita, mas me pareceu abandonada. E, isto sim, foi decepcionante.

Reforço que da decepção, a coisa degringolou a tal ponto que passei a achar o livro meio bobinho.

E, novamente me justifico, uma vez que os dois primeiros capítulos são de uma profundidade interessante, mas a qualidade vem numa queda triste. Imagino que a forma como a autora tem se posicionado, dando pitacos, vez ou outra, de ordem autobiográfica de sua relação com a cidade, só me faz crer no quão difícil é abarcar o horizonte do que temos a frente. Afinal, o que move o nosso espírito quando estamos diante do estranho? O que move o espírito de grandes artistas, quando transferem para seus respectivos objetos, um sentido de realidade que aparentemente se firmava intransponível? Isto moveu um movimento, afinal. Surgiu a figura do demoníaco, do grotesco. Surgiu um estilo!

Na sua passagem por Tóquio, além de chamar a cidade de feia, crítica absolutamente TUDO. Mas, incrível, tenta corrigir isso e manter uma imparcialidade fingida ou desajustada, quando adere a ideia de "manter a mente aberta". Ela consegue, só para citar de exemplo, fazer considerações tão triviais, que se torna importante a aparição da MARCA de um caderno, assim como considerações sobre a mala "de rodinhas" que não é feita para circular em alguns espaços urbanos. E, eu juro, a coisa não para por aí. Reclama até mesmo dos turistas, sendo que ela também é. Nunca entendo o paradoxo do turista que reclama do turista.

Tudo soa pra mim como a clássica posição de classe: "Eu isso, eu aquilo, eu faço isso quando viajo, lá estava eu viajando, porque eu quero, porque eu sou, porque eu faço, porque eu odeio". A impressão que me deixa é que a posição de "flaneuse" que a autora tenta tomar pra si, é, de "subversiva" (exemplo: ?Em Veneza, não queremos ser obedientes demais"), mas o relato me deu a impressão de ser só consumista mesmo, daquele perfil "caçador de novidade".

Enfim, esta leitura me deixou de mau humor, mas não só. E nem vou usar do infortúnio pra justificar que o problema foi meu, porque nem expectativa criei. De qualquer forma, por fazer parte do time que defende a tese de que a crítica parte somente do que conhecemos, concluí a leitura e concluo reforçando que o único posicionamento histórico que ela traz, são as grandes artistas que compõe a história da arte. No fim deveria ter só ficado nisso. O livro teria reduzido umas 150 páginas, mas seria o suficiente pra causar conforto e admiração.

Até curto uma boa leitura de relatos de viagem, mas o ego inflamado nem sempre contribui para a construção desse tipo de narrativa.

E o final foi atropelado.
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david andriotto 14/10/2024

Strava!
Essa foi uma indicação da Clara, que ganhou o livro de presente: setinhas, vetores, trajetórias, combinações. A editora Fósforo, por sua vez, é sempre muito simpática, tornando-se um signo feliz na indústria nacional. Flâneuse, de Lauren Elkin, começa muitíssimo bem: uma revisão teórica (literária) a respeito da criação e utilização do termo masculino flâneur e a apresentação de sua revisão da ideia, de modo a acrescentar a já presente figura feminina. As mulheres caminham por Paris, Nova York, Tóquio, Veneza e Londres, e Elkin está lá para segui-las, passar por onde elas passaram, aprender e superar suas histórias.
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Rosi Elisa 28/07/2024

A autora busca nas biografias de personagens femininas , como Virgínia Woolf e George Sand e muitas outras, a relação destas com a cidade, com as ruas e com o ato de "flanar" , de tomar o espaço público e exercer sua liberdade. Lauren mescla tudo com sua própria história, narrando e refletindo sobre suas próprias andanças por Nova York, Paris, Londres e Tóquio. O livro é recheado de referências a obras literárias, pintura, cinema, fotografia. Uma leitura rica e instigante.
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mimperatriz 30/08/2023

Flâneuse
Terminei a leitura no começo de julho e vira e mexe penso nas histórias das mulheres incríveis que conheci ou relembrei lendo Flâneuse.

Laura Elkin ressalta a figura da flâneuse - e só por isso já merece ser lida. Logo no início ela comenta: ?Os retratos que apresento aqui atestam que a flâneuse não é simplesmente um flâneur feminino, mas a figura de direito próprio, a ser considerada em si e a servir de inspiração. Ela viaja e vai aonde não deveria ir; nos força a encarar as várias formas com que palavras vomo ?lar? e ?pertença? são usadas contra as mulheres. (?)
A flâneuse existe, sim, existe sempre que nos desviamos dos caminhos que nos foram estabelecidos e vamos em busca de nossos próprios territórios.?

Lauren Elkin mistura a sua própria experiência com a de mulheres incríveis da nossa história. Ela divide os textos (capítulos) de acordo com as cidades que viveu - Paris, Tóquio, Londres, Nova York e outras grandes cidades - e em cada um dos textos ela faz essa mistura das suas histórias com as de Jean Rhys, Virginia Woolf, George Sand (Amandine Dupin), Sophie Calle, Agnès Varda e mais.

Claro que alguns textos são mais interessantes que outros, que uns são mais corridos e rasos e outros mais densos, que nos identificamos mais com algumas das mulheres incríveis do que com outras, e que em alguns momentos temos a impressão de que estamos lendo histórias apenas do lado mais privilegiado (vamos dizer assim) da sociedade, mas a ideia do livro é muito boa e o resultado, no geral, é realmente surpreendente!!
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Cláudia 19/02/2024

Que livro chato de ler!!!!
Que perda de tempo...
A autora enrola, enrola e não me diz nada.
Mostra que conhece um monte de literatura inglesa, mas para por aí.
Sobre o olhar feminino pelas cidades passa longe. Vez ou outra tem uma sacada boa, mas para por aí e volta a girar em círculos novamente.
Não me diz nada, é só uma aula de literatura americana e inglesa. Um resumão de livros e autoras que ela admira. Só isso!!!
Que desperdício de tempo e dinheiro!
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Julia.Martins 23/04/2024

Livro maravilhoso
Esse livro é maravilhoso. Ainda estou processando tudo o que ele oferece, porque acabo de terminar a leitura, mas já posso dizer que ele vale muito a pena. É um livro ensaístico que mistura as memórias da autora com a história de outras mulheres que flanam, que caminham, que vagam pelas cidades. O livro traz muitas referências de literatura, cinema e fotografia produzidos por mulheres. Gostei particularmente da história de vida da Martha Gellhorn, correspondente de guerra, ex-esposa do Hemingway e a vontade dela de flanar, de explorar e de viver além daquilo que esperavam de uma mulher. Leitura riquíssima. Recomendo demais.
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sarahddantas 25/04/2024

(escrevi uma resenha bem empenhada aqui nesse site horroroso ontem e não ficou salva [emoji do palhaço])

Esse foi um livro de leitura morosa, comecei a ler ano passado na verdade, um pouco antes de ir à França pela primeira vez, sentia que estava no momento de lê-lo. Mas não foi bem assim, depois da viagem, muita coisa aconteceu, ler não pôde ser minha prioridade por um tempo... Retomei a leitura assim que pude e não me decepcionei ao terminar.

Flâneuse é um desses livros que ajudam a expandir um pouco o nosso mundo e gostei de como a autora relatou suas memórias e ainda nos falou de outras obras, outras artistas, até mesmo (com menos foco, claro), de outros autores homens. Para mim o texto desse livro é um ensaio sobre como as mulheres se relacionam as grandes cidades e ainda consigo mesmas nesses ambientes que sabemos ser territórios tão masculinos.

O que me incomodou no livro foi a falta de um olho menos voltado ao norte do globo, Elkin chega a falar de como viver em uma metrópole a ajudou a conhecer pessoas de todo o mundo, inclusive brasileiras, mas quando fala das artistas foca nas europeias e estadunidenses, até mesmo quando fala de Tóquio.

Eu, que saí de onde nasci e vivo há quase dez anos na maior cidade do país, sei que vou revisitar este livro, como um guia de viagem, como um aconchego de me deparar com a experiência de migrante se estende também a outras mulheres.
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