Booleticia 20/01/2023
Porque assim é a vida, uma roda contínua de incertezas
"...de idas e vindas. De ganhos e perdas."
Esse livro verdadeiramente traz todo o charme, clichê e chavão do típico romance de época. E eu adoro isso. Eu amo um romance de época que parece que estou assistindo a uma novela mexicana com reviravoltas previsíveis e enredos um tanto questionáveis. Também gosto desse cenário da aristocracia e de como a R. Maya trabalha bem com os múltiplos casais, algo que, para mim, já é a marca registrada dela.
A escrita é tão gostosa, eu lia e parecia que estava numa cama de plumas de tão extasiada que fiquei. A trama e construção dos personagens são importantes, mas saber como escrever faz toda a diferença. Percebo uma evolução grandiosa na autora, que já escrevia muito bem e agora alcançou um novo patamar. Foi um perfeito equilíbrio entre o rebuscamento necessário para a época e a clareza de uma escrita natural.
Encontrei-me bastante envolvida com esses personagens. Inicialmente, senti de forma bastante intensa um grande antagonismo em relação ao Darian. Conforme o enredo foi progredindo eu possuía mais e mais sentimentos agridoces.
Foi com esse trecho que eu tive meu primeiro insight: "Talvez o olhar de Darian ainda não estivesse apto para ver todas as coisas."
E foi quando eu percebi que o coração humano é complicado e difícil de entender, se nos acostumamos com algo é extremamente árduo sair disto. Se escolhemos percorrer um caminho é impossível voltar atrás, tal como, é impossível voltar no tempo, não podemos retirar as palavras ditas, mas podemos escolher outro caminho. Para ser bom para os outros devemos primeiro estar bem com nós mesmos. E o Darian, nunca havia se sentido bem consigo mesmo. Ele fazia do vício, da bebida, do sexo, das futilidades e preconceitos o seu refúgio. Depois que percebi isso fiquei pensando por um longo tempo em como tudo é mais complicado e mais simples do que parecem ser à primeira vista. Às vezes as coisas mais óbvias, são as que mais deixamos de perceber.
Quanto ao Egon, eu gostei muito dele. De como ele ia se permitindo ser frágil na frente do Darian e de como ele também era forte para apoiar a sua família e seu condado. Um homem bondoso que fazia o possível para que todos sob sua tutela vivessem com dignidade. Me irritou muito quando ele estava a todo momento querendo se afastar dos seus sentimentos pelo Darian. Claro que havia uma explicação para isso, mas eu ainda achei um pouco simplória demais para a grande rejeição que ele fazia.
A Ella foi um ponto muito positivo, amo quando há crianças envolvidas, é um dos meus pontos fracos. Todavia, acredito que a autora pecou um pouco na participação dela na história. Ela praticamente só dormia e tinha aulas com os tutores, eu gostaria de ter visto um pouco mais de interação entre eles. Naquela parte do piquenique que ela só brinca um pouquinho e depois simplesmente dorme no colo do pai foi um pouco irreal, baseada na minha experiência com meus priminhos de 5 anos são todos muito mais enérgicos. Entendo que foi pela conveniência da autora, no entanto, eu realmente senti falta de um maior envolvimento dela com o Darian e com o Egon também.
De forma muito sensível, os hots foram escritos cuidadosamente. Gostei de como a ênfase se fez na experiência dos personagens, no jeito e na forma como eles se sentiam, não foi algo meramente mecânico e carnal, mas algo profundo e delicado.
Portanto, ao todo, essa foi uma boa história de se acompanhar. Há bons personagens secundários que tiveram um ótimo gancho para o próximo livro da série. Foi um livro emocionante, tocante, dramático, mas acima de tudo: abundantemente romântico.