Léia Viana 04/09/2022
Nunca estamos no mesmo lugar!
"Solitários somos todos, faz parte da nossa essência. Não é um defeito de fabricação ou prova de inadequação ao mundo, ao contrário: muitas vezes, a solidão confirma nossa dignidade, principalmente quando não se está a fim de negociar nossos desejos em troca de uma companhia que até pode funcionar durante um happy hour, mas não durante as 24 horas de vários dias sequenciais. E a propósito: quem disse que, sozinho, não se está igualmente comprometido? Eu e eu: dupla imbatível, amor eterno, afinidade total."
Acho que fica até repetitivo o quanto deixo claro que sou fã do bom uso das palavras, e também das reflexões, que a escritora Martha Medeiros faz da vida e de diversos assuntos em suas crônicas. Gosto muito e por muito tempo, seus livros de crônicas foram a minha fuga, minha terapia para escapar um pouco de uma realidade que me consumia. Os livros da Martha foram uma importante e boa companhia para mim.
Quando saiu seu primeiro livro sobre relatos de viagens, fiquei com muita vontade de viajar junto e também muito surpreendida, por encontrar ali uma Martha que eu pouco sabia que poderia existir: aventureira e de espírito tão leve! Eu adorei tudo que li ali e muita coisa me levou a reflexão.
Já no segundo livro pensei: "ah, já a conheço bem, aqui será mais uma leitura por entretenimento com um pouco de curiosidade em saber os lugares por onde andou e o que achou." Nada disso cara pálida, foi muito mais! Seu olhar sobre o mundo e suas palavras para descrever os sentimentos, a cultura, o ambiente por onde passou me fascinaram ainda mais.
Martha faz bom uso das palavras, prende o leitor e o leva a refletir em temas, sentimentos e lugares. Gosto muito da maneira que escreve. "Um Lugar na Janela 3" não foi diferente, aliás foi, logo nas primeiras páginas o "não fique em casa" e toda a angústia de um momento tão estranho na história da humanidade, Martha mostra a importância da solidão, mesmo que a imposta por circunstâncias adversas, mas o quão também é valioso gostar da nossa própria companhia.
Também achei nesse livro uma Martha mais humorada com as situações da vida, ri em alguns momentos.
Leitura recomendada!