Caroline Gurgel 28/09/2022Uma boa leituraEntender as Cruzadas não é algo tão simples, explicável em duas páginas do livro escolar de História. É preciso entender, antes, a Expansão Islâmica, que, conquistando terras cristãs, almejava dominar todo o Ocidente; é preciso entender a relação do homem medieval com a Igreja e a fé católica; é preciso entender o contexto histórico, quais valores eram inegociáveis e como os medievais viam a sua salvação eterna.
O Papa Urbano II, com o objetivo de recuperar terras cristãs e impedir o avanço muçulmano, convoca a Primeira Cruzada e concede indulgência plenária aos peregrinos que, voluntariamente, fizessem seus votos cruzados, tomassem sua cruz e partissem para libertar Jerusalém. A jornada tinha um caráter penitencial, e a indulgência seria concedida apenas àqueles que a fizessem por verdadeira devoção, e não por sua própria glória.
Aos nossos olhos pós-modernos, influenciados especialmente pelos mitos criados desde o Iluminismo sobre o medievo, as Cruzadas são comumente vistas como um período sombrio na História da Igreja. O autor do livro, sem querer esconder ou minimizar os erros cometidos, nos mostra que os mais de 600 anos que durariam as Cruzadas não podem ser resumidos assim.
Houve batalhas justas e batalhas desleais, houve acertos e houve desvios de rota com consequências desastrosas. Mas, houve, sobretudo, uma tentativa sem fim de impedir a destruição da cristandade, de recuperar terras cristãs e de resgatar, por exemplo, a Vera Cruz (a verdadeira cruz em que Cristo foi crucificado) tomada pelos muçulmanos.
O autor nos fala sobre todas as Cruzadas, inclusive os movimentos não autorizados pela Igreja, e finaliza com a Batalha de Lepanto e o Sítio de Viena, que dariam início ao declínio do Império Otomano, impedindo seu avanço para o Ocidente.
Um bom livro, sem dúvidas
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