MorggDuff 18/08/2022
Vale tudo por amor
Ainda estou sem chão.
Os sentimentos estão todos misturados, foi muita informação, foi muita emoção e não poderia ser diferente, estamos no quarto livro da série Made Men (não contando com a novela do Valentino), o enredo entregou tudo. As interações entre as máfias, as alianças feitas e desfeitas, as revelações bombásticas, a ação, o perigo. Chigaco não deixou a desejar em nada. Entretanto, Alessia e Raul ditaram todo ritmo da leitura.
Acho que com essa história, a noção do Dark Romance foi sedimentada, além de ter se tornado um parâmetro. A autora entrega o que pretende, a feiúra humana, nossos medos, nossas inseguranças, nossos transtornos e nossos desejos obscuros. Porém, sempre com aquele ALERTA bem grande sobre a salubridade do que está escrevendo. RES-PON-SA-BI-LI-DA-DE literária.
Essa leitura foi dolorida, aflita, triste, machucou em lugares profundos. No entanto, a força do amor, a força da família (a verdadeira), a força em si. Foi uma mensagem de esperança.
Para mais, essa narrativa me fez refletir em vários momentos, um deles foi: a vida é injusta, sempre será. O que tentamos encontrar são pessoas que nos entendam/amem dentro dessa injustiça, apesar das escolhas que fazemos por conta disso. Buscamos quem nos ame como somos e não a imagem criada de quem somos. Vejo o relacionamento do Raul e da Ale assim.
As pessoas são diferentes (ponto). Nós temos que entender que "não escolher fazer o certo do jeito moralmente certo" NÃO É O MESMO que "justificar fazer o moralmente errado", não é o mesmo que "achar que não tem outra solução". Tem. Só é mais complicada, muito mais difícil de escolher. E, veja bem, às vezes você não quer escolher. Você quer o outro lado, você quer ganhar depois de perder tanto. Depois de ser usado por aqueles que podem usar, por aqueles que abusam e nunca são cobrados por isso. É extremamente complexo. Nós, seres humanos, somos extremamente complexos. Olhar de fora e julgar é a coisa mais fácil que existe.
O Raul está nessa situação acima, mesmo achando que as escolhas foram feitas de forma enviesada, o ponto foi: ele era jovem quando decidiu todo o rumo da sua vida. Jovem, levado a literalmente salvar a vida dos pais e da irmã. Ele usou o que teve nas mãos. Mas, antes e depois, foi usado e abusado até a alma. Foi empurrado a todos os limites, suportou abusos e humilhações por sua família. Ele querer algo em troca faz dele ruim? Romani é um homem bom, justo, forte, comprometido. Em outras circunstâncias, em outra vida, em outro contexto, poderia ser diferente. Isso me deixa chateada. Como a vida é tão injusta com tantas pessoas. Só tirando e tirando todas as chances de simplesmente escolherem. Posso culpa-las? Nós realmente podemos culpa-las? O Raul precisa de compreensão. Ele foi o anti-herói mais heroico que já li. Desfaço aqui todos os julgamentos que fiz sobre ele e me torno sua ferrenha defensora.
Além disso, o que foi feito da Alessia é crueldade. A força que ela sustentou sozinha por tanto tempo. Todos fizeram-se de cegos. Não tem ninguém mais forte que a Alessia Romani. Não só por ter aguentado todo sofrimento a que foi submetida, mas também por não ter se tornado uma pessoa desprezível em razão disso. Ela permaneceu genuína, preocupada, dedicada, obstinada. Ela sempre soube o que queria e não mediu esforços para conseguir. Ela só precisava acreditar que merecia, só precisava acreditar que receberia. Ela suplantou seu próprio monstro. E, por fim, acreditou. Assistir a Alessia descobrindo o amor por si mesma, assitir ela recebendo todo o amor que merece do Raul, é extremamente lindo e comovente. E não se enganem, ela é extremamente poderosa.
Todos os casais dessa série se completa, são encaixes, predestinados. E se tornam as melhores versões de si quando estão juntos e reconhecem um ao outro. Foi desse jeito com Grazzie e Vito, com Rocco e Gaia, com Bionda e Cesare. Não seria diferente com Raul e Alessia.
Eu amo como a Agatha faz suas mulheres fortes, salvando a si mesma e salvando seus homens. A Ale se reergueu e de rebote o Raul. Os dois precisavam ser amados pelo que eram e não pelo que foram pintados. Não tem nada mais lindo do que amar a verdade. Não a perfeição. Mas a verdade.
Dito isso, recomendo imensamente a leitura de Raul Romani. Existe amor em Chicago. Foi por amor e pelo amor que houve salvação.
Ps.: Por gentileza, prestem atenção as notas da autora e alertas de gatilho, não ultrapassem seus limites.