Peleteiro 19/09/2024Uma descoberta muito satisfatóriaA poesia de Catarina Costa me surpreendeu de tantas maneiras, que nem sei por onde começar. Desde o primeiro contato, notei que a escrita de Catarina exala um domínio raro da palavra, com um vocabulário sofisticado e ao mesmo tempo livre de pernosticismos. Poder ler um texto em prosa no livro ajudou a perceber que sua habilidade não é só poética. Tenho observado que, por conta das variações de escrita, é através da prosa que tem sido possível julgar melhor o domínio sobre a língua dos poetas. Mas isso é papo pra outra hora.
Fluorescente expõe um equilíbrio habilidoso entre a profundidade e a leveza de uma poeta cuja poesia nunca se prende a uma função social ou a expectativas pré-concebidas. O que parece mover Catarina é uma espécie de tesão pela palavra, uma paixão quase visceral pela maneira como soa uma palavra quando unida a outra. E tem que ser aquela palavra, não vale sinônimo.
Pra completar, aqui Catarina demonstra uma originalidade pretensiosa no melhor sentido: ela se expõe e se lança ao risco, sem medo de como sua voz será recebida. Ou, se há algum medo, ele é sobreposto pela convicção de que sua autenticidade é inegociável. É uma poesia que, mesmo em sua fragilidade e exposição, revela uma força admirável, construída não a partir da segurança, mas da ousadia de ser, de sentir e de criar sem concessões. Uma leitura que certamente deixará marcas!