sartluv 22/02/2023
Foi realmente um desafio.
A sinopse do conto/novela resume bem a história. E é um processo cansativo para que chegue no conflito da proposta, que é onde começa o romance que buscamos na história.
A primeira impressão que tive do personagem principal, Gleen, foi de alguém bastante impulsivo por estar fugindo de casa. Claro, há motivos para ele fazer isso; suas particularidades por querer viver longe dos seus pais superprotetores, ex namorado que o traiu. Só ele sabe o que viveu. E talvez, esse seja o problema. Porque só ele sabe, já que não há uma profundidade sobre sua família na narrativa.
O questionamento nessa introdução, não só do conflito com sua família, foi o seguinte: o personagem está indo para Los Angeles, morar em Bevely Hills, uma das cidades mais caras de se viver em LA, entrando para uma faculdade particular. Mas com que dinheiro? Seus pais não sabiam da sua viagem, da sua entrada na faculdade, ele não trabalha: de onde veio tanta dinheiro? Faltou dar uma profundidade no planejamento da sua fuga já que somos jogados diretamente no caos dele indo embora de casa.
Com sua chegada em LA, no apartamento que divide com o pessoal da faculdade e também na instituição, percebi que o linguajar de Gleen e suas atitudes são totalmente infantis.
Descreveu um pênis como "piupiu". Como isso não pode soar estranho?
Ao conhecer os amigos dos seus colegas de apartamento, foi aí que piorou. Os colegas apresentam um tal de Guren; Guren, tendo uma atitude boçal, sequer fala com Gleen, que simplesmente começa a fazer bico para a atitude do garoto. Fazendo todo um pré-conceito baseado nas suas roupas porque são caras (?), e porque ele é o tipo de pessoa que fazia bullyng consigo antigamente. Mas o "interessante" é como Gleen lida com isso.
Simplesmente, com uma atitude mega infantil, ele empurra Guren no chafariz, só porque teve vontadezinha e porque foi ignorado. Uma atitude totalmente hipócrita e sem noção. Parecia um filme de "meninos malvados", já que todo mundo, inclusive os "amigos" de Guren aplaudem e amam sua atitude — totalmente estranho vindo de pessoas de uma faculdade, não colegial.
As coisas vão piorando entre esses dois. Brigas insuportáveis, totalmente infantis, sem qualquer motivo aparente provocado justamente pelo personagem principal, que além de ser hipócrita, foi manipulador ao dizer que se Guren batesse nele, denunciaria por homofobia (o que não era o caso ali, já que Guren foi reclama de ser jogado no chafariz).
Gleen é típico personagem chato do "não gosto que me tratem mal" ao "então, vou te tratar pior", o que mostra um traço de personalidade bem controvérsia que faz parecer que ele é a vítima o tempo inteiro.
Quando há pouco espaço para escrever uma história em um formato de 177 páginas, o foco principal é crucial. E eu senti falta desse foco que é o casal principal da história. Por ter tantos ponto de vistas — que particularmente, não acrescentava em nada na narrativa da história — acabou se tornando cansativo a enxurrada de informações. Ao longo da leitura, a narração não saía da sinopse para mostrar algo novo, tanto que o desafio veio aparecer quase próximo ao final da história, quando ele devia ser a ponte para que o casal não seja apenas um enemies e, sim, um love.
Guren é o único personagem menos soberbo da história, por ele deixei uma estrela. Por mais que também seja alguém chato, é o único que não se mostra hipócrita em nenhum pouco comparado aos outros personagens.
Se tratando da escrita, é com carinho que indico que busque um leitor crítico. Por exemplo, na descrição da aparência do Guren, foi dito que ele tinha "olhos puxados", e acredito que essa não seja a forma mais adequada para descrever os traços asiáticos do personagem. E falando em descrição, senti falta dos detalhes da visão de alguém que acabou de chegar em uma cidade nova, faltou o brilho no olhar. A descrição das ações muitas vezes não se mesclava com a narração, deixando tudo separado, e isso me incomodou um pouco porque impedia a fluidez da leitura.
Sei que você fará um bom trabalho se persistir e estudar escrita criativa, pois tudo é aprendizado.