@fabio_entre.livros 18/06/2024
The Walking Marvel
E se o Universo Marvel fosse infectado por um vírus mortal que transformasse todos os grandes heróis em zumbis famintos que extinguissem a vida humana na Terra? Essa é a ideia básica de "Zumbis Marvel", obra do obcecado por mortos-vivos Robert Kirkman (o criador de "The Walking Dead") em parceria com Sean Phillips. Se a ideia é básica, o desenvolvimento dela não vai além: a história dessa minissérie é a mais simples possível. Sem nenhum preâmbulo que mostre como a praga se espalhou e dizimou o planeta, vemos logo na abertura um grupo de heróis zumbificados liderados pelo Capitão (aqui Coronel) América, Homem-Formiga e Homem de Ferro perambulando por ruínas urbanas em busca de sobreviventes do apocalipse, não para salvá-los, mas para fazer uma boquinha. E esses zumbis não são nada exigentes ou seletivos: heróis, vilões e até seres cósmicos superpoderosos, tudo vai para o menu, bastando apenas cumprir o requisito de "estar vivo".
Os zumbis de Kirkman têm as características já imortalizadas pelo cinema de horror do século XX, mas apresentam uma peculiaridade: eles mantêm sua consciência e se comunicam normalmente, mas essas faculdades são constantemente obliteradas pela fome insaciável que os consome. Assim, a história toda se resume a esses heróis caçando e tentando manter sua lucidez... para continuar caçando.
Sobre a arte de Sean Phillips, ela nada tem de especial ou memorável, fazendo jus à superficialidade do roteiro. Mas isso não impede a história de ser divertida à sua maneira tosca e nonsense. Os heróis fazendo planos, bolando formas de "reciclar" a comida, disputando despojos, se desfazendo de partes destroçadas e apodrecidas de seus próprios corpos, jogando cartas ou tendo insights geniais do tipo: "com certeza a gente morreu, mas não estamos mortos", tudo isso garante uma dose de humor negro muito bem-vinda.
Acredito que não achei a história melhor porque eu já havia lido outro trabalho da Marvel com a mesma temática: "A noite dos Deadpools Zumbis", este sim divertidíssimo e original, repleto de referências ao gênero na cultura pop, além de ter um protagonista sem noção que condiz perfeitamente com o tom galhofeiro da obra.
Contudo, uma coisa me surpreendeu de verdade em "Zumbis Marvel": as artes de Arthur Suydam para as capas das edições. São tenebrosas, grotescas, mas também engraçadas e irônicas, fazendo referência a momentos icônicos da editora. O exemplo mais claro é o da própria capa do encadernado, que traz a versão zumbi da famosa capa de "Guerras secretas".