spoiler visualizarChituzzi 22/10/2024
"As vezes a própria tradição perturbava a paz"
Lua de Sangue já foi muito bom, mas Sombras do Sol foi simplesmente impecável e superou todas as minhas espectativas.
Achei que o foco seria sobre a guerra de Gujaareh conta Kisua, mas é muito mais do que isso. A autora conseguiu abordar diversos assuntos e temas que se entrelaçaram pra contar uma história cheia de magia, opressão, superação, força, religião, política e amor.
Achei a narcomancia foi mais interessante nesse livro do que no primeiro. Podemos ver a variedade de usos dessa magia, que pode curar tanto quanto pode levar seus usuários a uma loucura mortal.
Uma das minhas coisas favoritas foram as personagens femininas e como elas são bem escritas e desenvolvidas, mostrando toda a força e a sabedoria que uma mulher pode ter.
Começando com a protagonista, Hanani, que tem o dom do sonho como muitas outras mulheres, mas é a primeira a ser treinada pelo Hetawa, onde ela é constantemente julgada e tem que seguir os costumes masculinos de uma sociedade presa no passado e na tradição. Conforme a história vai passando a Hanani entende que ela não precisa se adequar nos padrões dos outros sacerdotes, e que ela pode ser feminina, vaidosa e ainda curar melhor do que muitos antes dela. Outros ótimos exemplos são a Hendet e a Yanassa, que foram grandes conselheiras pra Hanani, acolheram ela e mostraram como a vida pode ser mais do que o dever e a obrigação.
Esse livro também é sobre a superação de tradições antiquadas, que mais prejudicam sua população do que ajudam. O povo está em constante mudança e os líderes precisam aprender a se adequar a elas. Vemos muito isso na Hanani, que quebra todas as leis e regras do Hetawa e só por isso consegue salvar a todos; no Wanahomen, que precisa aprender com os erros do seu falecido pai para liderar e reerguer Gujaareh; e também na Sunandi que se vê obrigada a obedecer ordens de anciãos antiquados, enquanto tenta tomar as melhores decisões para o povo de Kisua, e jura nunca cometer os mesmos erros caso venha a se tornar anciã um dia.
Outra coisa que me surpreendeu bastante foi o romance entre o Wanahomen e a Hanani. Eu esperava que fosse acontecer, mas não tinha ideia do quão intenso seria, já que no primeiro livro o romance é praticamente inexistente.
Foi um casal que demorou pra se aceitar, afinal, com uma guerra prestes a acontecer, um pesadelo mortal assombrando a população e todas as questões pessoais que eles tinham que resolver, era difícil deixar espaço para o romance.
Mas nao tinha como, eles tinham muita química pra não ficarem juntos eventualmente. Amei todas as cenas entre os dois, me deixavam toda boba.
Esse livro foi tão maravilhoso que eu não conseguia parar de pensar nele durante as duas semanas que levei pra terminar a leitura. E apesar de toda a complexidade da história e dos personagens, a leitura foi bem fluída e divertida, mal posso esperar pra ler outros livros da N. K. Jemisin.