Bruna Moraes 06/01/2024
Antes que o café esfrie #2 - Toshikazu Kawaguchi
Alguns anos se passaram desde o falecimento de Kei Tokita, que apesar de seu frágil coração conseguiu dar à luz a Miki Tokita, agora com seis anos, que estava sob os cuidados do pai, Nagare Tokita, e Kazu Tokita, sua tia. O café Funiculí Finuculá continuava atraindo pessoas de várias parte do Japão, com as suas mais variadas motivações para voltar ao tempo.
No entanto, as regras não eram somente para a viagem, mas também para quem exercia a função de servir o café, sendo possível assim descobrir um pouco mais sobre os funcionários e suas respectivas vidas. Para embarcar nessa aventura bastava esperar a mulher de vestido levantar e não deixar o café esfriar.
O volume dois do livro segue a mesma proposta original do primeiro livro, dividido em quatro capítulos que tratam dos personagens que querem viajar no tempo. No capítulo I: melhor amigo, conta sobre Gotaro, que criou a filha de seu melhor amigo, após o seu falecimento, como se fosse sua própria. Em um dos momento mais difíceis de sua vida, o seu melhor amigo ofereceu apoio e emprego, mas nunca tivera coragem de falar sobre isso com a filha, no entanto, a mentira o estava consumindo. Desejava voltar para o dia que reencontrou seu amigo no café e gravar um vídeo para que ele pudesse falar com a própria filha, mesmo que virtualmente.
No capítulo II: mãe e filho, fala sobre Kinuyo e seu filho, Yukio. Durante o período que a mãe estava internada, Yukio não sabia de seu estado de saúde e morava em Kyoto, onde estudava e trabalhava para alcançar seu sonho de ser ceramista. No entanto, após a notícia do falecimento da mãe, ele não havia comparecido ao velório, a irmã Kyoko se sentia culpada por não ter avisado sobre a saúde da mãe, mesmo tendo feito sob suas ordens. Yukio agora estava no café, em uma tentativa de reencontrar a mãe e contar que finalmente havia se tornado ceramista, para deixa-la orgulhosa, apesar de não ser completamente verdade.
No capítulo III: os namorados, conta a história de Katsuki Kurata, o qual não tem muito tempo de vida, mas que deseja viajar até o futuro para rever sua esposa e saber que está bem ou que encontrou alguém, que possa fazê-la feliz. Mas a reação de Asami Mori é diferente do que ele esperava, ela não está bem, não encontrou ninguém e ainda sofre com a sua partida, no entanto, ela precisa parecer forte e feliz na frente dele, e assim fez.
No capítulo IV: o casal, narra a história de Kiyoshi, um velho detetive que perdeu a esposa, em uma reação de assalto. Por essa razão nunca pode presenteá-la na forma que merecia, então com a ajuda de Kazu, escolhe um lindo colar e deseja entrega-la durante sua volta ao passado. Rever a esposa é como abrir feridas que estavam anestesiadas, se tivesse reduzido as horas de trabalho ou se tivesse faltado o trabalho naquele dia, mas tentar mudar o passado não muda o que aconteceu.
As histórias dos personagens, apesar de serem únicas, estão interligadas, principalmente pelo sentimento de aflição e desespero que os motivam a viajar no tempo, mesmo sabendo que nada pode mudar. Além disso, outras informações nessa edição foram reveladas, como sobre a mulher de vestido ser a mãe de Kazu, que viajou no tempo para rever o marido e ficou presa, por ter deixado o café esfriar, nunca mais podendo retornar. Pouco se explicou sobre as motivações que a levaram a fazer a viagem, mas o sentimento de abandono foi vivenciado por Kazu. Todavia, nas últimas páginas, Kazu consegue perdoar sua mãe, o que a liberta e enfim consegue partir em paz, ocupando a cadeira agora um homem, provavelmente com questões inacabadas.
Inclusive, foi a primeira vez que sua vida recebeu um pouco mais de exposição, estava agora em um relacionamento e grávida, de uma menina, o que justificou a impossibilidade de servir o café, dando o lugar para Miki, que já completara a idade mínima de 6 anos. Apesar dos acontecimentos que essa família vivenciou, se mantiveram unidos e dispostos a servir o café pra quem necessitasse.
A narrativa é envolvente de tal maneira que te faz imaginar em qual situação seria possível viajar no tempo, mesmo que nada mudasse, mas pelo simples prazer de reencontrar a pessoa. Diferentemente do primeiro livro, que as histórias eram mais intensas e os personagens mais carismáticos, nessa edição as histórias ficaram um pouco confusas, principalmente pelos vários nomes diferentes dos personagens que se a semelhavam demais, e sem grandes emoções de fato. No entanto, um dos pontos altos foi a explicação sobre a mulher de vestido e Kazu, espero que na próxima edição mais sobre o café e a família seja revelado. Apesar de achar que nem todos os livros merecem uma continuação, acredito que esse precise, para que o volume dois seja superado.
“O coração das pessoas é algo realmente bem difícil de compreender. Enquanto estamos aflitos com os nossos próprios problemas, podemos até mesmo não prestar atenção aos sentimentos daqueles que nos são caros”.