Lorena1858 24/04/2024
"A eternidade me cansa,
Nunca quis saber dela."
Poesia não é meu estilo favorito de leitura, por isso tive pouco contato com ela fora da escola, mas como A Redoma de Vidro é um dos meus livros favoritos escolhi ler esse livro para me aprofundar da mente da Sylvia Plath...
Tendo esse objetivo em mente (e não somente esse, já que eu acabei gostando bastante e acho que vou começar a ler mais poesia), foi uma experiência muito boa, já que mesmo nas poesias que eu não entendia completamente, eu conseguia ver como a mente dela funcionava. A forma como a Sylvia escreve também é bem interessante, porque até em poemas que retratavam aparentemente uma situação do cotidiano, ela escrevia de forma grandiosa e possuia outros significados, que despertavam sentimentos mesmo não sendo totalmente compreendidos.
A temática dos poemas, embora varie, no geral sempre é mórbida e com discussões sobre a vida e a morte, o que eu já esperava devido ao histórico dela de depressão, mas achei interessante a forma como ela trouxe esse tema por meio de metáforas como a lua e outros cenários da natureza.
Agora falando um pouco sobre cada livro individualmente:
- Ariel:
A temática desse livro é mais a morte e tem várias nuances que eu gostaria de explorar numa possível releitura, porque realmente dá pra entendê-la melhor com eles. Lady Lazarus me lembrou muito a parte em que a Esther fala que embora ela estivesse naquele momento fora da redoma, tinha medo de que ficasse presa dentro dela novamente. Já em Presente de Aniversário, achei muito interessante (e obviamente extremamente triste) o que ela pede como recompensa por ter continuado mais um ano viva... a ironia desse poema é genial. Mas esse livro também conta com várias situações do dia a dia que eu gostaria de dissecar e analisar cada uma... eu com certeza leria um livro ou artigo só com análises de todos os poemas dela...
- O Colosso:
Nesse aqui percebi que embora o tema ainda fosse mórbido, era menos triste, tinha muita natureza e os poemas eram mais fáceis de entender, o que não significa que eram menos profundos. Também percebi vários paralelos com A Redoma de Vidro, por exemplo, o poema Os Rochedos de Hardcastle traz sentimentos que remetem (pelo menos pra mim) a cena em que a Esther tenta entrar no mar mas acaba sentindo a água muito fria e volta para os sapatos. Em O Suicídio de Egg Rock ela fala "Eu sou, eu sou, eu sou" frase que a Esther também fica repetindo. Além disso, em Solteirona ela já traz um pouco daquela ideia da Esther não querer se casar.
- Poemas Esparsos:
Esse aqui continua tão pesado quanto Ariel, afinal eram poemas que deveriam ser inclusos naquele livro mas ex-marido dela não permitiu... Não acredito que seja uma coincidência justamente nessa parte ter temas mais familiares, mas enfim... Aqui ela fala mais sobre a vida de casada e a maternidade, sobre a adaptação (ou não) essa vida e as dificuldades que ela enfrentou devido ao casamento perturbado. Devido ao fato de no livro A Redoma de Vidro a Sylvia criticar, de certa forma, o casamento ou no mínimo ter dúvidas se poderia ser feliz estando casada, fiquei um pouco surpresa quando descobri depois que terminei de ler que ela se casou e nesse livro fiquei com a mesma sensação, principalmente após ler Purdah, que me parece um pedido de socorro contra o casamento e o sistema patriarcal, mas também não sei exatamente em que período da vida dela ela o escreveu...
Enfim, gostei bastante do livro e achei uma leitura muito produtiva principalmente para entender melhor a Sylvia Plath, o ar viciado em que ela vivia e tentava escapar... só gostaria que a cronologia estivesse no começo, porque achei muito legal saber daqueles fatos sobre a vida dela e teria lido os poemas em ordem cronológica para acompanhar melhor o que ela estava passando enquanto escreveu, mas acho que isso vai ficar pra releitura.