Lucas1429 10/07/2023
Esperava muito mais.
Eu me sinto mal em saber que tem mais pontos ruins do que bons a falar. Quando vi a sinopse do livro, assim como sua proposta e capa, fiquei empolgado com a ideia de um romance aquileano nacional sem protagonistas brancos. Mas na fuga de um clichê, fui jogado em muitos outros. Isso não é um ataque ao autor, eu enxergo talento nele e na obra, mas seus erros precisam ser pontuados.
Para começar, a escrita deixa a desejar, mas ela melhora no decorrer do livro, mesmo não deixando de sentir certo ar de fanfic escrita por uma adolescente. O autor poderia utilizar dezenas de mecanismos melhores para aprofundar os personagens, do que somente narrar tudo que eles querem em primeira pessoa. Em vez da detetive falar da família, mostra ela olhando uma foto da família no escritório ou chegando em casa, isso dá mais profundidade do que ela dizendo que ama eles, mas não tendo NENHUMA cena dela com a família que só é citada no começo do livro. Também acho que teve um erro na escrita, que ele deixou passar, sobre a cronologia de um acontecimento envolvendo o Hajoon e o Miguel (Que ironicamente tinham mais química que o Rodrigo, e isso é triste de dizer, considerando como o Miguel é um babaca que vota 22 e despreza história).
Foi uma decepção esse plot de traição. Senhor... o garoto bissexual que trai... nossa. Isso pega tão mal, e só reforça estereótipos sobre bissexuais não saberem ser fiéis, além dele ainda mentir para o namorado depois, dizendo que só aconteceu uma vez...
Sobre o mistério, devido ao número reduzido de personagens ativos no núcleo da história, pelo menos no que diz respeito a ter alguma profundidade, a identidade do assassino acaba não sendo muito surpreendente. Sua motivações são bem clichês, já vi em toneladas de filmes de terror de assassino, como Pânico. Teria sido melhor que o espírito fosse o assassino, porque fugiria do clichê.
Meu maior incômodo no livro (Sim, esses pontos acima não foram os maiores, talvez a bifobia esteja no mesmo patamar) é a imensurável síndrome de vira-lata dos Estados Unidos. Harvard????? Sério????? Você tem várias universidades incríveis no Brasil, várias conduzindo estudos fantásticos e sendo cruciais na pesquisa de várias ciências, desde as humanas as naturais, e você reforça uma síndrome de vira-lata. Acho que o mais brasileiro que teve no livro foi duas linhas citando Anita, uma menção a burocracia pública brasileira e se passar em Belo Horizonte.
O livro ainda conseguiu me arrancar algumas risadas, e tem seus momentos fofos, mas nada muito além disso. É um livro mediano, podia ter sido melhor escrito e desenvolvido no âmbito narrativo. Torço pela evolução do autor, ele tem talento.