Favisi0 27/10/2023
Siga a Chama, Aretta
Um livro que caminha em uma linha bem tênue entre meu eterno amor e minha maior decepção. Vou começar com a explicação sobre isso.
Qualquer história que envolva questões de viagem no tempo como essas, que são relacionadas a ?ah, então fui eu esse tempo todo?? que implica em um ciclo temporal interminável, não me agradam em nada. Ao meu ver, são histórias que se utilizam desse fator simplesmente por falta de qualquer outra justificativa melhor pra narrativa (ou uma maneira caricata e clichê de dizer que ?eu sou meu próprio destino?). Por exemplo, a Aretta aqui. A autora deixa na nota final que a Aretta simplesmente existe e que é um paradoxo. Pra mim, isso não faz o menor sentido. Basicamente então ali ninguém nunca é feliz de verdade, porque a história não se encerra. É algo meio como Dark, mas lá vemos a quebra do ciclo, enquanto aqui a autora deixa claro nas notas que a história precisa manter esse mesmo ciclo, o que implica em nunca acabar, logo, a história fica sempre presa àquilo.
E eis o meu ponto, é injusto. É fora da casinha demais deixar todo mundo preso num loop de sofrimento, porque mesmo que haja um final feliz, sabemos que ele não se sustenta porque uma hora o ciclo vai recomeçar, ou ficam várias realidades com o mesmo final feliz, mas ainda assim acho injusto deixar todo mundo sofrer várias vezes e passar pelas mesmas coisas a troco de um final frágil.
Durante minha leitura de Alma de Chuva, inclusive, cheguei a marcar por aqui que não gosto de personagens que tem o mesmo estilo da Bea, essa coisa extremamente misteriosa e sabichona, pra mim estraga a história principalmente porque perde totalmente o real mistério. Não sei bem me explicar, mas espero que entendam onde quero chegar. Basicamente, um personagem assim tira a dinâmica verdadeira porque você sabe que ele está trabalhando pra manter um final que ele já conhece, e não tem nada mais sem graça do que isso, novamente, pra mim, porque a graça é justamente todo mundo não saber o que vai rolar. Até porque de nada serve clarividentes que não podem falar nada e o mistério que fazem se torna chato.
E tudo isso piora a partir do momento que a Maya existe. Ela encaminha a história ?pro rumo que deve tomar?, o que dá na mesma que a Bea, só que pior. Óbvio que sabemos que no fim dará tudo certo porque geralmente é isso mesmo, massss é diferente, de certa forma.
Reitero que tudo isso é de minha opinião ?
Por isso, há essa linha tênue para mim. (Acrescento que há um único livro, em que essa situação se faz exceção, mas não cabe dizer aqui)
Dito isso, eu não pude dar menos de quatro estrelas pra esse livro, pois apesar do que pontuei, a escrita da autora segue sendo uma das melhores, exceto por um erro e outro, mas nada de ortografia, apenas digitação. E, no fim, os personagens são muito cativantes, embora a Aretta tenha me irritado muito com essa chatice dela pra cima da Eloma.
No mais, a jornada da Princesa é muito boa de ver e o livro prende demais, eu realmente só perdi o ritmo ali pro final. Amei o casamento Eloshan, finalmente aconteceu!!!!
É um livro mais político, embora haja a cura do Ishan que foi algo que me tocou DEMAIS, foi a melhor jornada de cura que já li, de verdade mesmo.
No mais, é um livro muito bom e recomendo, amo muito esse universo, é lindamente construído, tudo mesmo, o que mais me cativa são as diferenças culturais e o sistema de magia tão bem organizado