Taci.Souza 27/05/2024
Para mim, é sempre gratificante revisitar a escrita de Elizabeth Gaskell e, dessa forma, me deleitar com seu talento narrativo.
Lois, a bruxa apresenta um retrato verdadeiro da histeria coletiva que foi esse período, que culminou na tortura execução de várias pessoas, mulheres, em sua grande maioria. Gaskell, ambienta a história na cidade de Salem, palco de um dos mais mortíferos episódios da caça às bruxas na América Colonial.
A narrativa discorre sobre o preconceito e senso de superstição dominantes à época. Movidos por tais preceitos, os autoproclamados cidadãos de bem, costumavam julgar e condenar tudo e todos que pensassem ou agissem diferente daquilo que eles próprios entendiam como certo.
Desde tempos imemoriais, os homens costumam responsabilizar Deus ou o Demônio por seus próprios atos e ações. Assim, Deus e o Diabo, seguem servindo de estandarte e escudo para justificar pensamentos, instintos e natureza humana. Era em nome de Deus que os justos cometiam crimes e em favor do diabo que inocentes foram criminalizados.
Em um relato verdadeiro, emocionante e isento de romantização, Gaskell, sempre audaciosa em sua narrativa e a frente do seu tempo em seus ideais, nos convida a refletir sobre a necessidade humana de julgar os outros seguindo seus próprios padrões e suas próprias conveniências.
Foi meu segundo contato com essa obra, e tal como na primeira leitura, fui tomada por um misto de revolta, indignação e tristeza por Lois Barclay e pelas todas mulheres que, fora da ficção, pagaram com a vida pelo preconceito e ignorância dos homens.