duda!!! 12/08/2023
Aquele em que me apaixonei por dois criminosos.
Eu não pensei que seria possível encontrar uma versão brasileira (e bem feita) da protagonista de Trono de Vidro, mas eis aqui Pandora, a prima perdida de Celaena Sardothien!
A princípio, quando encontrei a indicação desse livro no TikTok, resumido em uma cena entre o casal principal, não me interessei pelo título e pensei que fosse mais uma enganação que aquele aplicativo colocaria na minha vida. Não poderia estar mais enganada.
Pandora e Atlas, os nossos personagens centrais, são os dois principais assassinos de grupos concorrentes no mercado de assassinatos de aluguel da Rússia, e de alguns pontos do mundo. Em algum momento, entre as grandes encomendas que recebem, acabam se tornando a missão um do outro. Descobrir informações para seus respectivos líderes, como quem são e qual o propósito, se torna um plano de fundo para o envolvimento que se estende entre os dois de forma genuína. A observação e a aproximação passam a ser muito mais que um objetivo profissional e fatal, se convertendo em atração e desejo de estarem próximos um do outro.
É engraçado ver como se utilizam, mutuamente, como justificativa de distração para seus alvos à parte, quando tudo o que querem é estar mais perto. Conversando, trocando segredos e carícias, beijando, transando, cuidando dos ferimentos do par como quem se importa (mesmo que tentem negar). Desde o primeiro momento, me derreti com Atlas chamando Pandora de "amor" — antes de forma sarcástica, até se tornar um apelido verdadeiramente carinhoso e deles. Tive surtos internos e externos a cada vez que falava em alemão com ela, se mostrando vulnerável e entregue.
Pude conhecer um pouco de personagens, nesse enredo, secundários. Perséfone, Kali, Atena, Ícaro e Azrael foram gratas surpresas, que me fizeram rir a cada aparição. Inclusive, vale ressaltar para aqueles que não gostam de histórias místicas, que os nomes são apenas uma brincadeira com o que representam em seus grupos, visto que são humanos com nomes de criaturas mitológicas. Enquanto isso, Mors e Hades tiraram o pior de mim e dos pensamentos homicidas que surgiam a cada vez que eles tinham uma fala ou menção por parte dos outros. Há um segundo volume da série, como livro independente, que reconta um romance entre Perséfone e Hades, mas não tive vontade alguma de ler com o ódio que estou desse homem (apesar de amá-la e estar curiosa para saber mais sobre ela e como lidará com o autismo longe de seus amigos).
A meia estrela retirada se deu por um momento regado à magia, que não fez sentido algum para essa história. Entendi que a personagem com poderes era a protagonista de outra série da autora e entendi também que quis entrelaçar os enredos, até mesmo como uma forma de marketing para seus novos trabalhos. No entanto, a cena foi sem sentido e me tirou completamente da experiência imersiva que o resto do livro havia me proporcionado.
Ainda assim, vale cada linha lida e cada hora que gastei mergulhando nesse universo!