Resenhas - colecionador de perdas

@eusoudanivieira 22/11/2023

Colecionador de perdas
O que você não tem mais que te entristece tanto?

...

esse 'questionamento-soco', pergunta mordaz da última obra de carla madeira ainda ressoava em mim ao percorrer as páginas d?o colecionador de perdas, compilado de sentimentos daquele rapaz do distrito federal que fala tão fundo em minha alma.

ressoava ainda talvez por elencar tantas coisas que vão se desfazendo em nós enquanto percorremos esse caminho chamado vida.

fui (re)pensando minhas perdas.

por vezes doloridas

por vezes simples

por vezes nem sentidas

héber tem o dom da escrita.

coisas (aparentemente) simples
viram poesia e poema em sua mente e
transbordam por suas mãos:

nascer e morrer

encontros e desencontros

ganhar e perder

(as vezes, mais perder que ganhar...)

músicas

ônibus

(até) chinelo!

héber tem a escrita cotidiana da vida:

nua | crua

triste | feliz

tão jovem mas tão velho.

o colecionador de perdas é aquele tipo de livro pra ser lido

relido

(re)absorvido

(re)marcado.

é daqueles que você lê e

se encontra e

se perde.

novos ?sentidos e sentires? se (des)fazem.

gosto de ler algo que sinto que eu também poderia ter escrito.

há ainda muita profundidade no mundo apesar de todo raso que nos cerca

esse livro tá aí pra provar.

que sorte a editora urutau ter você!

?

Renata Manzano 03/06/2024

Se você ama poesia, leia este livro
Esta coletânea de poemas do Héber é um soco no estômago, um tapa na cara, uma risada cínica vinda de quem a gente menos espera. Mostra como o autor veio amadurecendo sua técnica desde o ebook "Solidão Conjunta", ficando cada vez mais sarcástico, niilista e irremediavelmente sombrio, sem deixar de lado o seu inconfundível estilo, que é acima de tudo, sensível e sagaz.
É interessante observar como o autor foi acumulando poemas para essa antologia, narrando uma sequência de episódios difíceis/negativos, como se colecionasse alguma coisa (neste caso, perdas), sendo que uma coleção é feita de objetos físicos, de coisas presentes, e não de ausências. Título nota 10.
Os meus favoritos são "um poema sobre o momento presente", "fuga" e o poema que dá nome ao livro, "Colecionador de Perdas".