spoiler visualizarAndre Braga 12/06/2024
Me decepcionei com a escrita
“Todas as coisas ferozes” tem vários elementos que eu amo na ficção: lendas locais, terror, suspense psicológico e uma história contada sob a ótica dos povos originários. Mas teve um par de coisas que não funcionaram para mim: o estilo de escrita de Cherie Dimaline e o desfecho da história, que foi um grande desperdício da premissa construída pela autora, ao longo de pouco mais de 300 páginas.
300 páginas. Um bom livro desse tamanho é algo que leio em um par de semanas. Se o livro for ótimo, concluo a leitura em bem menos tempo. Mas “Todas as coisas ferozes” foi uma leitura que se arrastou por longos e penosos… TRÊS MESES!!! Sim, comecei a leitura no primeiro dia de março e fui concluí-la ontem à noite. Isso diz muito sobre o quanto a leitura não me prendeu.
A trama é sobre o sumiço do marido de Joan, a chegada da mineradora, a igreja itinerante, a ligação do líder dessa igreja com negócios imobiliários, o marido de Joan sem memória, no papel de reverendo da igreja e o Rougarou, que seria uma variação da lenda que conhecemos como lobisomem. Acontece que todas essas amarrações acabaram desamarradas, digamos assim.
A autora não explorou os temas sociais com profundidade e a explicação para o mistério do Rougarou, no final do livro, foi vazia e deveras decepcionante. Ter um “mestre dos lobos” me pareceu algo preguiçoso e a forma com que tudo terminou ficou com cara de “cansei de escrever, deixa eu acabar logo com isso”. E talvez a autora tenha se cansado mesmo de escrever, depois de dedicar capítulos para descrever o passado de personagens secundários na trama.
Enfim, uma leitura que me forcei para concluir, mas que recomendo para quem gosta de um suspense leve e finais sem grandes emoções.