Heider 22/01/2024Boa leitura.Primeira leitura coletiva do ano do Clube de Literatura Japonesa da @japanhousesp e @quatrocincoum com participação da escritora Mariana Carrara. É sempre enriquecedor compartilhar nossas experiências de leitura e aprender com outros pontos de vista influenciados por diversas áreas do conhecimento.
Confesso que demorei a me conectar com a leitura. Não sei dizer se coloquei uma expectativa muito alta na autora, na sinopse do livro ou mesmo das minhas últimas leituras de autores japoneses.
Demorei a entender para onde Banana Yoshimoto estava levando a história com um tema delicado que é o luto. O jeito que a protagonista, Sayo, lida com a morte do namorado não me impressionou no começo, foi até clichê ela expressar a culpa por ter sobrevivido, a constatação de que não será a mesma ou ainda a responsabilidade de manter viva a memória de alguém que se foi. Aos poucos a minha expectativa foi se adequando a proposta do livro: mostrar a partir de um recorte, uma das muitas maneiras de lidar com a morte de alguém querido, sem a ambição de extrapolar esse exemplo para todos os que lidam ou lidaram com o tema.
Um ponto positivo do livro são as descrições dos lugares onde a protagonista passa e de como esses lugares se conectam com os sentimentos dela no momento. O modo como Sayo vai redescobrindo Kyoto, conhece novas pessoas e vai criando novas conexões ao mesmo tempo em que aos poucos parece seguir em frente. O final aberto combina com a proposta e com o título, não é algo realmente doce, mas a certeza de que é possível se permitir um leve otimismo. Sobre a polêmica do final, o incesto, foi algo que destoa do resto do livro, mas não surpreende por se tratar de algo até recorrente em obras japonesas.
A edição da editora Estação Liberdade está impecável, o material gráfico é de ótima qualidade e a tradução está excelente.
Gostei do livro e recomendo a leitura. Por ser uma autora que parece recorrer com frequência ao tema do luto, não sei se vou me interessar em ler algo dela de novo.