Livia.Cas 05/12/2023
Muito mais que um conto de sci-fi
A capa não me chamou a atenção, pois, parece coisa de adolescentes, nada contra, só não me atrai. Mas um amigo me disse que deveria ler e li.
O conto é gigante, tem muitas camadas a serem desvendadas, camadas essas que perpassam o figurativo, pois, na própria descrição do mundo existem membranas físicas, ou imaginárias que separam as pessoas e os grupos sociais. Os militares, por exemplo, vivem no subsolo, um lugar seguro e cheio de regalias tecnológicas, além de terem comida boa.
Existe uma guerra entre o conglomerado chinês e a coalizão árabe, a autora não deixa bem claro essas questões geopolíticas, mas subentende-se que sejam alianças poderosas.
Qadira, a mulher que protagoniza o conto é uma militar excelente e recebe uma missão de salvar alguns reféns, porém, durante a operação, as coisas se complicam e só ela sobrevive, mas antes de morrer, uma anciã lhe diz uma profecia perturbadora.
Ela tenta de tudo para entender a lógica da sociedade em que vive, mas acaba esbarrando em barreiras invisíveis que a impedem de prosseguir. Após voltar de uma longa viagem (temporal) ela se apaixona e se casa, descobrindo para sofrimento dela e de seu esposo, que a profecia se cumpriu.
Nesse meio, a autora descreve uma conspiração alienígena envolvendo escolhidos na Terra, os quais dominam a humanidade, inclusive interferindo no direito de casar e procriar. Achei um cenário obscuro, porém, plausível. O conto mostra algumas alegorias fascistas, como construções monumentais, flâmulas e leis absolutas, achei bem interessante esses detalhes.
O término do conto é emocionante, pois, passa a mensagem de que o amor não conhece fronteiras.
Contudo, devo avisar que é uma leitura polêmica, existe um receio moral em relação à profecia e talvez muita gente venha a criticar essa escolha da autora, mas não é nada que já não tenhamos visto em mitos gregos.