Miguel.Fiamoncini 27/10/2024
Um livro democrático e que pode ser instigador
Dentre as coisas que mais valorizo na cultura e na arte, seja ela literária, teatral, plástica, musical ou audiovisual, é a democratização do acesso. Isso é algo pelo qual vale a pena brigar e agir, na minha humilde opinião.
Além da arte, a saúde física e mental também precisa, ao mesmo tempo que carece, de democratização de acesso, e o livro Psicologia Aplicada no Cotidiano tem uma característica extremamente popular, que facilita a compreensão de quem o lê, e foi justamente isso que me atraiu.
Porém, é fundamental o entendimento de que o livro não é feito para ser material de estudo. No máximo pode servir como um instigador à procura do aprofundamento na área da Psicanálise, abordagem usada como base do livro, e ponto destacado pelo autor. Ou seja, não necessariamente tudo o que está escrito nas páginas deste livro é consenso na psicologia e psiquiatria modernas, afinal, mais estudos nascem, e algumas descobertas se mostram datadas. E isso não é ruim. Muito pelo contrário, isso é o que movimenta a área das ciências e não permite (a não ser que ignoremos) que utilizemos tratamentos sem respaldo de metodologia rígida e quantidade suficiente de sucessos em escala clínica.
Claro que, sendo a abordagem preferida de alguém, este alguém vai beneficiar esta visão quando for explicar conceitos da psicologia, principalmente aqueles registrados clinicamente por Freud, e isso é normal. Sendo um dos pilares da psicologia, parece um crime a crítica ao Freud ou à psicanálise.
Achei interessante que o autor, apesar disso, citou Carl Jung como alguém que ousou confrontar conclusões tiradas por Freud.
Note que, por "confrontar", não falo em grandes confusões, brigas, certo e errado. Falo sobre refazer estudos e entender o que ainda é atual e o que mudou com a ação do tempo.