Nara 30/01/2023
Li uma frase com descrição simplistas sobre sagitarianos (eu rs) com a qual muito me identifiquei: Romantizam o mundano.
Eu AMO uma narrativa meio Trainspotting.. Cheia de personagens ambíguos, situações que suspendam a noção de moralidade e não temem serem mal vistos, egoístas ou mesquinhos... Gente completamente arrasada ou ferida por dentro e que se jogam de modo autodepreciativo... Envolvem-se com algum tipo de vício p/ lidar com a própria dor.. Relações de poder, bares, bairros, grupos de caráter duvidoso.. Testam os limites do próprio corpo e mente.. Tensão. E uma hora alguém vai explodir.
Personagens que confundem a forma com que sentem, tem atitudes que nos soam incompreensíveis, mas, um magnetismo que produz certa admiração. Me lembram o quanto somos humanos e, basta uma faísca para tirar nossa mente de um eixo que é imaginário e, nos levar a viver situações que nos tornam estranhos para nós mesmos.
Pensando no título, a fome, a dor do luto, o amor e a luxúria, são experiências que de fato podem produzir esse efeito p/e em nós mesmos.
É como eu li a protagonista desse livro.
Uma professora italiana completamente arrasada com a perda do irmão gêmeo Ruben e que se muda para a China.
Cada capítulo tem como título uma parte do corpo e, literalmente são vários os corpos que ganham forma conforme a leitura.
É visceral, sensual e sexual, explora jogos de relações de poder entre duas mulheres que se vinculam de modo doentio e cada uma por suas próprias razões. A protagonista italiana está num estado quase letárgico, de depressão e vulnerabilidade pela perda. Busca com a mudança uma fuga da dor do luto e, uma manutenção de Ruben que tinha o sonho de viver na China.
E, Xu essa garota misteriosa, também enfrenta disturbios alimentares e, outras dificuldades e, no entanto, se coloca numa posição de poder para evitar lidar com a própria fragilidade.
Amei as descrições da cidade de Xangai, as passagens que mesclam aspectos históricos e culturais da China e a relação entre a língua e o comportamento dos chineses.
Gostei de como ela faz parecer que a língua é a entidade que dá forma e constitui esses corpos e suas andaças pelos mundos e submundos, dá nome ás nossas faltas e fomes.