@moniquebonomini 02/08/2024A boca que escarra é a mesma que te beijaLamber como quem prova um sabor, chupar como quem deseja sorver o sumo, beijar a promessa, mas cuidado, a boca pode se transformar em máquina de moer espírito no corpo de quem quer arrancar do outro um pedaço e deixar uma marca que grita: "esta parte que te falta eu tomei". Me revirei lendo esta história, os alertas estavam todos lá, os de fora e os de dentro, mas o desejo às vezes é um vórtice insaciável, Virgínia diz "Todo dia eu sigo aguentando um pouco mais.", mas quando o vórtice cresce e toma tudo, como faz pra voltar pro oco? Como aceitar que a gente também precisa sentir alguma fome? Virgínia sabia, aprendeu com os troncos da sua árvore "amar é menos se encontrar com o outro e mais não se perder de si.", ela é uma mulher forte, inteligente, autossuficiente, bonita, mas cai na trama do amor que engole. Ela via, sentia e sabia e ainda assim se deixou consumir. Pra mim, a grande sacada dessa história tá em mostrar que essa merda pode acontecer com qualquer uma, porque nós somos criadas pra generosidade, pro acolhimento, pro afeto, pra sermos MATERNAIS, enquanto homens são criados para serem filhos que não largam nunca a teta onde mamam, parasitas. PREDADORES. Nossa sociedade naturaliza homens acumuladores de mulheres, por pouco nossas cabeças não seriam exibidas como as de alces de enormes galhadas na sala de caçadores. Virgínia salva sua cabeça, mas não sai ilesa "Sigo sem saber se existe amor. A gente pratica o amor de quem ama demais, essa é a anistia do abuso." Eu adorei esse livro, chorei com esse livro, me vi nesse livro e também não me vi nele. Eu recomendo demais essa leitura, as mulheres precisam rever sua disposição para aceitar, porque "homem é assim mesmo", isso nos diminui, nos torna presas fáceis e nenhuma chave de perna é páreo para um falocêntrico. Mas nossa união e valorização, isso sim muda o eixo gravitacional das coisas.