Ana 19/01/2023
A Bala Que Errou o Alvo, a mais nova aventura do Clube do Crime das Quintas-Feiras
Desde 2021 a série O Clube do Crime das Quintas-Feiras vem conquistando fãs por aí. Convenhamos que é fácil demais gostar de Elizabeth, Joyce, Ibrahim e Ron, que são simplesmente velhinhos que gostam de solucionar crimes. No primeiro volume, eles descobriram quem assassinou o empreiteiro de Cooper Chase, o lugar em que eles vivem. Já em O Homem que Morreu Duas Vezes eles conseguem, pasmem, enganar mafiosos poderosíssimos para roubar diamantes. E assim, Richard Osman tinha que vir com uma história muito surpreendente para superar esse babado do segundo volume, e digamos que, em partes, ele consegue.
Antes de começar, gostaria de avisar que, como vocês obviamente notaram no primeiro parágrafo, é impossível falar de A Bala Que Errou o Alvo sem soltar spoilers dos volumes anteriores e, eventualmente, desse próprio volume, então estejam avisados e parem por aqui caso não gostem ou não queiram saber detalhes demais.
Em A Bala Que Errou o Alvo, o Clube do Crime está trabalhando em um caso que envolve um possível assassinato de uma jornalista local que ocorreu dez anos atrás. As coisas estão bem confusas e parecem não sair do lugar, principalmente porque nenhum corpo foi encontrado. E como se isso já não fosse dificuldade o suficiente, Elizabeth está sendo chantageada por um inimigo desconhecido: ela tem que matar um antigo amigo se quiser que ela e Joyce continem vivas. Dessa forma, o autor consegue prender o leitor com dois mistérios ao invés de um.
Como sempre, a narrativa de Richard Osman está excepcionalmente divertida e os capítulos narrados por Joyce continuam sendo o ponto alto da história. Além disso, somos apresentados a novos personagens que, ao que tudo indica, deverão ser recorrentes no próximo volume. Eu adorei isso, sobretudo porque nos apegamos à eles mesmo sabendo que não são lá muito confiáveis. Para falar a verdade com vocês, me questiono se devo rotular qualquer um dos personagens desse livro como confiável... Acho que rola muito aquela vibe anti-herói que todo mundo gosta: parece ser malvado, tem umas ações muito duvidosas, mas no fim o coração é bem molenga. Isso vale, inclusive, para Elizabeth, Joyce, Ibrahim e Ron.
Outro ponto alto do livro são as histórias que acontecem em paralelo ao enredo principal: o sofrimento de Elizabeth ao constatar que Stephen, seu marido, está sendo totalmente consumido pelo Alzheimer; o romance inusitado entre Bogdan e Donna; todos os laços de amizade fora do quarteto principal; e até mesmo as peripécias de Alan, o cachorro de Joyce — e vocês não vão acreditar: descobri que o Instagram da personagem, @greatjoy69, existe de verdade e as publicações são fofas demais, hahahaha.
Em comparação aos volumes anteriores, A Bala Que Errou o Alvo é bem mais curto, mas em compensação o mistério demora muito mais para prender. Apesar de estarem interligados de certa forma e um precisar do outro para se desenvolver, o plot envolvendo Elizabeth é bem mais interessante que o da jornalista. Pelo menos no início, eu estava muito mais interessada em saber o que a Elizabeth ia fazer e quem estava tramando contra ela do que descobrir ser Bethany Waites havia ou não sido assassinada. Confesso para vocês que algumas vezes me dava uma preguicinha quando o foco era a investigação desse suposto assassinato... Senti que essa parte foi um pouco negligenciada, mas no fim das contas acabou sendo satisfatório. Por mais que eu tenha adivinhado o final, não adivinhei a motivação, então gostei de modo geral.
Para o quarto volume, que acredito ser o último da série, Richard Osman já deixou algumas pistas de algumas coisas que podem acontecer, talvez envolvendo uma certa traficante que foi pega no volume dois... Não sei se é o bastante para um livro inteiro, mas tenho certeza que essa história vai ter um desfecho. Espero também ver mais do Bogdan, ainda mais porque eu reclamei que ele não estava sendo aproveitado o suficiente e, nesse volume, dá uma boa melhoara, visto que ele ganha seu próprio arco.
Acho que, dos três, o meu preferido ainda é O Homem que Morreu Duas Vezes pelo simples fato de ser o mais bem desenvolvido e inteligente até agora. A Bala Que Errou o Alvo é muito mais engraçado, mas não acho que isso compense uma forçação de barra ou outra que acontecem, e O Clube do Crime das Quintas-Feiras é muito introdutório para ser considerado o melhor. Mas não vou enganar vocês: sou completamente apaixonada pelo Clube do Crime e não vejo a hora da próxima aventura ser lançada aqui no Brasil!
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